"falta de provas"

EUA e União Europeia questionam fechamento de organizações de direitos humanos da Palestina

Até mesmo para aliados de Israel e mantenedores de estruturas da ocupação, ação militar seria injustificada

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Na última quinta (18), militares de Israel invadiram, saquearam e fecharam a sede de sete organizações palestinas em Ramallah - Abbas Momani / AFP

Aumentam os questionamentos internacionais sobre a ação de Israel contra sete organizações não-governamentais e de direitos humanos da Palestina. Na última quinta-feira (18), militares israelenses invadiram e fecharam a sede de sete ONGs na cidade de Ramallah, região ocupada da Cisjordânia. Representantes de nove países europeus manifestaram sua preocupação em relação ao caso. 

O embaixador da União Europeia, Dimiter Tzantchev, disse que o fechamento das ONGs era inaceitável. "A União Europeia apoia uma sociedade civil livre e forte. Vamos continuar apoiando as organizações palestinas que desempenham um papel na promoção dos direitos humanos e valores democráticos. Não houve informação substanciosa de Israel que justifique a revisão da nossa política", publicou. 

Na última sexta (19), representantes de nove países europeus, entre eles Alemanha, Itália, França, Espanha, Holanda, Bélgica, Irlanda, Dinamarca e Suécia, já haviam manifestado sua "preocupação" sobre o fechamento das ONGs palestinas.

As organizações atingidas são: Addameer (palavra em árabe para "consciência"), al-Haq (palavra para "justiça"), Defesa das Crianças da Palestina (DCI), União dos Comitês de Trabalho Agrícola (UAWC), Centro Bisan para Pesquisa e Desenvolvimento, Comitê da União das Mulheres Palestinas (UPWC) e o Sindicato das Comissões de Trabalho em Saúde (UHWC).

Além disso, um relatório secreto da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) que vazou em parte nesta segunda-feira (22) considerou que faltam evidências para classificar as organizações de direitos humanos da Palestina como "terroristas". A classificação foi imposta por Israel em outubro do ano passado contra seis das organizações e serviu de justificativa para o fechamento das sedes das ONGs na madrugada da última quinta. 

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O documento da CIA teve como base as supostas evidências enviadas pelo governo de Tel Aviv ainda no passado, mas a conclusão é de que não há provas sobre as relação das entidades com aa Frente Popular de Libertação pela Palestina (FPLP) ou com "atividades terroristas".

"Nós continuaremos revisando todas as informações que nos forneçam", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, e reiterou que há que se cruzar uma "alta barreira" para que as forças de segurança atuem contra organizações da sociedade civil. 

Em julho, o presidente Joe Biden comprometeu-se com a solução de "dois Estados independentes" após reunir-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.

Greve de fome 

O Clube de Presos Palestinos (PPC) iniciou, nesta segunda-feira (22), uma greve de fome coletiva em forma de protesto contra a repressão dos militares israelenses. Os detidos também decidiram não sair das suas celas para impedir as inspeções realizadas pelas forças de segurança de Israel. 

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Em março, Israel e Palestina assinaram acordos que previam o fim da tortura e maus tratos contra presos palestinos. No entanto, segundo o PPC, as condições das cárceres de Israel continuam as mesmas e ainda denunciam que são vítimas de abusos por parte dos militares israelenses.

Existem aproximadamente 4,5 mil palestinos detidos em prisões israelenses, deste total, cerca de 500 são presos administrativos - sem acusação formal ou julgamento.  

* Com informação de Hispantv, The Guardian, Middle East Monitor e Jerusalem Post

Edição: Arturo Hartmann