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22 frases que marcaram 2022

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Bolsonaro é autor de algumas das frases que marcaram 2022 - Reprodução/Redes Sociais
Além de uma esperança renovada, várias tiradas ajudam a contar um tanto desses 365 dias

Após vários anos de desgraças, o ano da graça de 2022 deixa, além de uma esperança renovada, várias tiradas – alegres, irônicas, ríspidas, amargas, ridículas – que ajudam a contar um tanto desses 365 dias que o tempo está acabando de tragar. Vamos a elas:  

 

“Perdeu, Mané. Não amola” 

(Ministro Luis Roberto Barroso, do STF, a um bolsonarista importuno em Nova York) 

 

“Pintou um clima...” 

(Jair Bolsonaro, sugerindo assédio sobre meninas venezuelanas em Brasília) 

 

“O senhor é um padre de festa junina” 

(Candidata Soraya Thronicke, do União Brasil, em debate presidencial na Rede Globo definindo seu adversário Padre Kelmon, do PTB)  

 

“Nesses pendrives aqui tem vídeos em inglês explicando a situação do Brasil” 

(Deputado Eduardo Bolsonaro (PL) procurando explicar, ao ser flagrado em jogo do Brasil na Copa do Mundo, que estava no Catar para entregar pendrives) 

 

“Vô pará e você desce. Não quero confusão. Tô trabalhando” 

(Motorista de caminhão que rompeu barreira bolsonarista mandando baixar manifestante agarrado no para-brisa) 

 

“Há documentos desaparecidos, há apagões de dados que sempre existiram em governos anteriores e há rombos financeiros inexplicáveis" 

(Vice-presidente eleito Geraldo Alckmin sobre o quadro que o grupo de transição encontrou no governo Bolsonaro) 

 

“Quando o homem é tchuchuca com outros homens mas vem pra cima da gente sendo tigrão, eu fico muito incomodada” 

(Candidata Soraya Thronicke, do União Brasil, dirigindo-se a Jair Bolsonaro em debate após o presidente agredir verbalmente a jornalista Vera Magalhães)  

 

“A ausência de documento indispensável à propositura da demanda, qual seja, documento hábil a comprovar os direitos autorais do requerente sobre a canção “Roda Viva”, é causa de inépcia e de indeferimento da inicial”. 

(Despacho da juíza Monica Ribeiro Teixeira, do 6º Juizado Especial Cível da Lagoa, no Rio, alegando que o compositor Chio Buarque não provou que a canção Roda Viva é de sua autoria, fato público e notório que não depende de prova. O compositor queria impedir que Eduardo Bolsonaro usasse a música em publicação nas redes sociais) 

 

“Muito melhor do que a sua” 

(Resposta, com variações, reiterada oito vezes pelo candidato Onix Lorenzoni (PL) no momento mais hilariante da campanha pelo governo gaúcho diante da mesma questão formulada pelo seu adversário Eduardo Leite (PSDB). Este queria saber qual a alternativa do opositor ao Regime de Recuperação Fiscal assinado pelo estado) 

 

“Eu me considero pardo” 

(Prefeito de Salvador e, então, candidato do União Brasil ao governo baiano, ACM Neto viu sua campanha começar a ruir depois dessa declaração ironizada e transformada em memes pelos adversários, sobretudo após aparecer com rosto excessivamente bronzeado na TV. Na capital mais negra do Brasil, o caso foi encarado como uma tentativa de “apropriação racial” pelo herdeiro da dinastia Magalhaes).  

 

“Além de traíra, mentiroso” 

(Jair Bolsonaro em março sobre Sérgio Moro durante live) 

 

“Não tenho nada desabonador para dizer de Sérgio Moro) 

(Jair Bolsonaro em outubro sobre Sérgio Moro, após o ex-ministro e ex-juiz se reaproximar do bolsonarismo) 

 

“Dispensamos o perdão de Edir Macedo. Ele é quem precisa pedir perdão pelas mentiras que propagou (...)” 

(Gleise Hoffmann, presidente do PT, criticando a atitude do autodenominado bispo que sugeriu “perdoar Lula” após a vitória deste nas eleições e depois da campanha movida pelas TVs e jornais que controla contra o candidato vencedor) 

 

“Amanhã é Lula, papai” 

(Frase dita por Luan Araújo para a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL) nos Jardins, em São Paulo, na véspera do 2º turno das eleições. Após troca de desaforos, Zambelli sacou uma pistola na rua, invadiu um bar e ameaçou o desafeto)  

 

“Eu vou voltar e matar todos vocês, seus desgraçados!” 

(Policial penal Jorge Guaranho antes de, revólver em punho, invadir a festa de 50 anos do guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu/PR. O bolsonarista Guaranho assassinou o aniversariante porque o tema do aniversário era Lula e o PT)  

 

“O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro” 

(Bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa explicando a razão pela qual gastou R$ 160 mil em fuzis, pistolas, revólveres e munições. Ele foi preso após a tentativa frustrada de explodir uma carreta carregada com querosene de aviação em Brasília visando deflagrar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e impedir a posse de Lula) 

 

“Eu sabia que ia dar merda" 

(Filho do bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa ao saber que o pai havia se juntado aos golpistas acampados diante do QG do Exército em Brasília) 

 

“Os tais acampamentos 'patriotas' viraram incubadoras de terroristas” 

(Futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, definindo a aglomeração de bolsonaristas diante de quartéis pelo país) 

 

“Enquanto milhões pelo mundo passam fome nos chega um vídeo deste acintoso que causa indignação e tristeza” 

(Padre Julio Lancelotti sobre a cena do ex-jogador Ronaldo Nazário e dos atletas Vini Junior e Eder Militão saboreando bifes folheados com ouro 24 quilates no Catar) 

 

“Começou com notícias falsas na mídia que construíram uma atmosfera para levar Lula a julgamento. O caso de fake news envolvendo lideranças políticas e sociais é bastante sério. Isso pode destruir uma pessoa” 

(Papa Francisco falando ao jornal espanhol ABC sobre o processo que conduziu Lula a julgamento) 

 

“Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira porque tentaram me enterrar vivo e eu estou aqui" 

(Lula no primeiro discurso após ser eleito) 

 

"Muito obrigado, meu Deus. Se essa for sua vontade, estou pronto para cumprir com mais um mandado de deputado federal" 

(Jair Bolsonaro nas considerações finais do debate presidencial do 2º turno na TV Globo) 

 

*Ayrton Centeno é jornalista, trabalhou, entre outros, em veículos como Estadão, Veja, Jornal da Tarde e Agência Estado. Documentarista da questão da terra, autor de livros, entre os quais "Os Vencedores" (Geração Editorial, 2014) e “O Pais da Suruba” (Libretos, 2017). Leia outras colunas.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Glauco Faria