Massacre

Invasão de principal hospital de Gaza completa 48h sem que Israel apresente provas de infraestrutura do Hamas no local

Autoridades em Gaza disseram que há cerca de 650 pacientes presos no hospital, e cerca de 7 mil civis deslocados.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Foto divulgada pelo exército israelense na quarta (15) mostra soldados israelenses dentro do hospital Al-Shifa na cidade de Gaza - Israeli Army / AFP

O Al-Shifa, maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza, completou 18h ocupado por tropas israelenses nesta quinta-feira (16). O local foi invadido  na noite de terça-feira (14), sob a justificativa de que esconderia infraestrutura do Hamas. Até o momento, os militares não mostraram evidências de túneis ou de um centro de comando que existiria sob o hospital. 

Autoridades em Gaza disseram que há cerca de 650 pacientes presos no hospital, e cerca de 7 mil civis deslocados.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que Israel “destruiu o serviço de radiologia” do hospital e danificou os serviços de tratamento de queimaduras e diálise. “Os soldados e máquinas militares estão ao redor do hospital, mas de vez em quando entram e saem do complexo”, disse ao jornal Washington Post Ashraf al-Qudra, ministro da Saúde de Gaza.

“É um hospital civil. Não há nenhum membro do Hamas no Hospital al-Shifa”, disse Mohammed Zaqout, diretor-geral dos hospitais na Faixa de Gaza, à Al Jazeera. “Não há atividade militar em al-Shifa. Tudo o que aconteceu foi ao redor do hospital, mas dentro do hospital todas as pessoas são civis.”

“Posso confirmar agora que a operação ainda está em andamento”, disse um porta-voz das Forças de Defesa de Israel nesta quinta. “Todas as evidências publicáveis ​​foram divulgadas.” Os militares não mostraram evidências de túneis ou de um centro de comando que supostamente existe sob o hospital.

Contexto

O cerne da questão árabe-israelense é a forma como o Estado de Israel foi criado, em 1948, com inúmeros pontos não resolvidos, como a esperada criação de um Estado árabe na região da Palestina, o confisco de terras e a expulsão de palestinos que se tornaram refugiados nos países vizinhos. 

A decisão pela criação dos dois estados foi tomada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU) e aconteceu sem a concordância de diversos países árabes, gerando ainda mais conflitos na região. 

Ao longo das décadas seguintes, a ocupação israelense nos territórios palestinos – apoiada pelos EUA –  foi se tornando mais dura, o que estimulou a criação de movimentos de resistência. Foram inúmeras tentativas frustradas de acordos de paz e, na década de 1990, se chegou ao Tratado de Oslo, no qual Israel e a Organização para Libertação da Palestina se  reconheciam e previam o fim da ocupação militar israelense. 

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O acordo encontrou oposição de setores em Israel – que chegaram a matar o então premiê do país – e de grupos palestinos, como o Hamas, que iniciou sua campanha com homens-bomba. Após a saída militar israelense das terras ocupadas em Gaza, ocorreu a primeira eleição palestina, vencida pelo Hamas (2006), mas não reconhecida internacionalmente. No ano seguinte, o Hamas expulsou os moderados do grupo Fatah de Gaza e dominou a região. 

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou sua maior operação até então, invadindo o território israelense e causando o maior número de mortes da história do país, 1,4 mil, além de fazer cerca de 200 reféns. A resposta israelense vem sendo brutal, com bombardeios constantes que já causaram a morte de milhares de palestinos, além de cortar o fornecimento de água e luz, medidas consideradas desproporcionais, criticadas e rotuladas de "massacre" e "genocídio" por vários organismos internacionais.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho