Rio Grande do Sul

"Papo Reto"

Pedro Munhoz lança música que mescla lirismo e acidez

Canção que reflete as inquietações do tempo atual foi apresentada em Live

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Cantador que caminha entre os mais simples e faz de suas canções, porta-vozes da história de seu povo - Divulgação

Diretamente do Piauí, estado onde recentemente fixou residência, o cantor e compositor Pedro Munhoz apresentou no último domingo (24) sua nova canção. Intitulada “Papo Reto”, a canção evoca reflexões ácidas a respeito da sucessão de crises que se estabelecem sobre o povo brasileiro – desde a pandemia até a economia, da política aos costumes, do convívio à civilidade.

Ao apresentar a música, Munhoz a resume como “uma crônica sobre os tempos, os dias difíceis que estamos atravessando”. Artista engajado com a luta popular e especialmente identificado com os movimentos sociais do campo, como MPA e MST, entre outros, Pedro Munhoz novamente empresta sua verve poética e a composição melódica à reflexão ativa e ao chamado constante à ação.

Pelo menos duas vezes por semana Pedro Munhoz se apresenta através de lives no Facebook e Instagram. As apresentações têm acontecido nas quintas-feiras à noite e também no domingo à tarde.

Assista a interpretação da canção no vídeo abaixo e, a seguir, conheça a letra na íntegra:

 


Papo reto

O papo é reto, direto, assim, tempos obscuros, de mal a pior. / Trocamos as ruas, estamos nas redes, a tela é a parede de um mundo melhor.

Ninguém se abraça, ninguém se aproxima, pessoas com medo, portão, cadeado. / A falta de tudo, é pauta, é matéria, a fome e a miséria, as leis do Mercado.

Ah, cantiga, não sei nessa vida onde tudo vai dar. / Só sei que a pobreza que tanto vítima, que nunca termina, também quer nos matar.

O jornal assusta, despeja notícias, janelas e portas, de vez, se fecharam. / Não tem mais conversa, as noites, com medo, chegaram mais cedo e silenciaram.

Enquanto milhares com a morte se encontram, e pedem socorro, no campo, no asfalto, há um genocídio, um inconsequente e tolos, dementes, ignoram os fatos.

 

(Serra dos Morros, Francisco Santos/PI. 21/05/2020)


 

 

Edição: Marcos Corbari