Rio Grande do Sul

ATAQUE DE ÓDIO

Hackers impedem debate da Anaids com ofensas à deputada Fernanda Melchionna

Entidades repudiam ataque preconceituoso e destacam que caso não é isolado, mas fenômeno intolerante e antidemocrático

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Atividade que debatia proposta de modernização do Sistema Único de Saúde precisou ser interrompida - Reprodução

Mais um episódio de ataque de ódio por hackers em debate virtual foi registrado nesta segunda-feira (17), durante o webinar “Modernização do SUS – Caminhos para o fortalecimento ou estratégia para privatização da saúde pública?”. O encontro, que tinha por objetivo debater a proposta de modernização do Sistema Único de Saúde (SUS), anunciada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, foi inviabilizado com manifestações preconceituosas e pornográficas.

Em nota, a Articulação Nacional de Luta contra a Aids, (Anaids) denuncia e repudia os atos. Conforme explica a entidade, o debate contava com a participação das deputadas federais Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Tereza Nelma (PSDB-AL), do deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) e com o Conselheiro Nacional de Saúde Moysés Toniolo. Registrava-se ainda a participação de diversas lideranças de movimentos da saúde pública de todo o Brasil.

No início do debate, o grupo de hackers interrompeu a conversa e impediu que a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) exercesse o direito à liberdade de expressão, com expressões misóginas. Na sequência, fez uso de expressões LGBTQIfóbicas e integrantes do grupo passaram a postar cenas de sexo explícito.

“Estas manifestações não podem ser analisadas isoladamente, mas percebidas como um fenômeno ancorado em pilares antidemocráticos, reacionários e fundamentalistas, expressando a intolerância que tem predominado o debate público atualmente. Providências legais estão sendo tomadas e em breve esta pauta retornará, com a remarcação de um novo webinário. Em tempos de retrocessos e tentativas de silenciamento dos movimentos sociais, a Anaids reafirma o seu compromisso em defesa do SUS universal, público e gratuito, bem como dos direitos constitucionais”, afirma a nota.

A deputada Fernanda Melchionna se manifestou nas redes sociais com repúdio, informando que o crime será denunciado. “Entendo esse episódio como um ataque criminoso, machista, LGBTIfóbico e discriminatório com as pessoas vivendo com HIV/Aids. Obviamente me sinto ofendida pelos insultos dirigidos diretamente a mim, mas isso se soma a algo maior que é a tentativa de grupos reacionários de impedir o debate democrático. Não passarão. Nossa assessoria está avaliando possibilidades de denunciar o crime juntamente aos movimentos sociais", explica.

A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) também manifestou repudio ao ataque. “Repudiamos veementemente os xingamentos sexistas, racistas e homofóbicos proferidos contra a deputada e o cerceamento da palavra dos demais participantes do WebAIDS. Para nós, da ABIA, foi mais um ataque frontal contra a democracia brasileira”, afirma, exigindo que o crime seja investigado e punido com todo o rigor da lei.

Edição: Marcelo Ferreira