Rio Grande do Sul

Desinformação

Painel virtual debate fake news na educação infantil

O tema será abordado pela jornalista, escritora e educadora Januária Cristina Alves, no programa Conversa de Professor

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Januária será a painelista, no próximo dia 3 de junho, às, 19h, do Conversa de Professor, projeto permanente da Fundação Ecarta, dirigido a professores da educação infantil - Reprodução

O tema das fake news (notícias falsas ou mentirosas) na educação infantil será abordado pela jornalista, escritora e educadora Januária Cristina Alves, no programa Conversa de Professor, nesta quinta-feira (3), às 19h.

O painel será transmitido ao vivo, pela internet, de forma gratuita, no canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Desinformação entre as crianças é um tema importante

“A abordagem da mídia na escola se faz ainda mais importante dada a abundância da desinformação nas diferentes mídias no mundo inteiro”, contextualiza Januária, autora de mais de 60 obras publicadas para crianças e jovens e co-autora do livro "Como não ser enganado pelas fake news". Ela integra a Aliança Global para Parcerias em Alfabetização Midiática e Informacional da Unesco.

O "Conversa de Professor", projeto permanente da Fundação Ecarta, é dirigido a professores da educação infantil. O programa tem o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS). As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo site da Fundação Ecarta.

Educar para as mídias

“Não é mais possível a escola educar sem levar em conta a educação para as mídias. É preciso começar desde a tenra idade porque tem muito a ver com a leitura e a escrita. O leitor consciente diferenciará mais adiante a notícia falsa do fato que aconteceu”, destaca.

A jornalista observa que a educação midiática foi incluída na Nova Base Comum Curricular no Fundamental 2, no campo jornalístico midiático. “A gente acredita que realmente tem que ser inserida antes de tudo por ser uma questão de alfabetização, de leitura e escrita”, reforça Januária.

Desinformação para manipulação

Ela convida os professores a participarem com suas questões e experiências do painel. “O tema da nossa conversa é esse contexto que a gente está vivendo. Muito cedo essas crianças estão tendo acesso às notícias, ao celular dos pais, ouvem rádio com a família, veem televisão. Podemos discutir, trabalhar na educação infantil, por exemplo, com a questão da imagem, que é muito forte em todas as mídias. Podemos trocar informações e conhecimento para aplicar na sala de aula”, incentiva.

Ela destaca que a mudança nas fontes de pesquisa – antes feitas em livros, revistas, jornais e bibliotecas, agora é realizada na internet, onde há todo o tipo de informação, necessitando aprimorar a crítica e análise do que tem credibilidade ou não. Refletir sobre as consequências e danos de propagar notícia falsa pode trazer, seja em esfera pessoal, para uma pequena comunidade ou até para um país, é um exercício para não propagar os boatos.

“O que precisamos discutir é o fenômeno da desinformação. Temos uma corrente muito grande dedicada a produzir desinformação, gerar confusão, gerar notícias, vídeos e áudios falsos. Isso é parte desse movimento de pessoas que querem propagar suas convicções, suas opiniões. Não estão preocupadas com os fatos”, demonstra Januária.

“Trabalhar com os alunos como identificar uma notícia falsa, analisar o que se lê com calma e resistir à tentação de compartilhar sem reflexão também ajuda a evitar que as notícias falsas se disseminem cada vez mais”, reforça a professora Cecília Farias, coordenadora do projeto Conversa de Professor, que mediará o painel.

Fake news?

Quanto ao emprego da expressão em inglês para designar notícias falsas, a educadora Januária observa que o estrangeirismo se popularizou, mas o termo news (notícia) por si só não deveria ser empregado, porque se é notícia não poderia ser falsa.

“É um termo bastante discutido. Os comunicólogos, os jornalistas dizem que se é news não tem como ser fake, porque espera-se que a notícia para ser publicada ela teria de ter sido analisada, checada. Mas a gente sabe que as chamadas fake news são produzidas exatamente como uma notícia, com a mesma estrutura, com a mesma linguagem, mas são propositadamente distorcidas, elementos são omitidos, ela é construída para ser falsa, para dar uma impressão diferente do fato que realmente aconteceu”, pontua a pesquisadora.

A jornalista observa que as agências de notícias atualmente se dizem agências checadoras de fatos, porque é o fato que importa. “O que acontece é que as notícias são distorcidas para que a gente as leia na ótica de quem escreve.”

Januária destaca pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre o Brasil, que mostra que 63% dos alunos do ensino médio não diferencia fatos de opiniões. “Isso tem a ver com a formação leitora desses estudantes”, aponta.


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Edição: Marcelo Ferreira