Rio Grande do Sul

Movimento Social

#10J Solidário doa mais de 1 mil marmitas para pessoas em situação de vulnerabilidade social

Enquanto o presidente Bolsonaro realizava uma “motociata” em Porto Alegre, Drive Thru da Solidariedade doava alimentos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Cozinha montada no Simpa produziu 300 quentinhas distribuídas por motoboys a moradores em situação de rua no centro da Capital - Foto: Laura Borges

Em contraponto à motociata a favor do governo Bolsonaro, ocorrida neste sábado (10), em Porto Alegre, com a presença do presidente, centrais sindicais e movimentos sociais realizaram o 10J Solidário. O objetivo foi distribuir alimentos, roupas e acolchoados para famílias em vulnerabilidade social. 

O ato iniciou pela manhã, organizado pela Frente Brasil Popular RS, Centrais Sindicais e Comitê Popular de Enfrentamento à Covid-19. Também contou com o apoio do CONSEA/RS, através de seu presidente Juliano Ferreira de Sá. Foram montadas cozinhas comunitárias em quatro diferentes áreas: em frente ao Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), na Cidade Baixa, e nos bairros Glória, Cruzeiro e Farrapos. Juntas elas produziram mais de 1000 quentinhas.  


Foram montadas cozinhas comunitárias também em bairros da periferia, como na Grande Cruzeiro / Divulgação

Apenas no Simpa foram 300 quentinhas distribuídas por motoboys a moradores em situação de rua no centro da Capital. Kits de produtos orgânicos do MST foram entregues aos 12 motociclistas que realizaram as entregas das marmitas. Todos os alimentos distribuídos por eles foram destinados a famílias necessitadas, mapeadas através da parceria entre movimentos sociais, associações de moradores e lideranças de bairros. 


Foram arrecadadas 2 toneladas de alimentos, roupas, acolchoados e pães, doadas por apoiadores no Drive Thru montado no Largo Zumbi dos Palmares / Foto: Laura Borges

Houve também o recolhimento de 2 toneladas de alimentos, roupas, acolchoados e pães, doadas por apoiadores no Drive Thru montado no Largo Zumbi dos Palmares. Um terço dos alimentos doados eram orgânicos. 

Maria da Graça, que trabalhou na preparação da comida no Simpa, ressalta a importância da ação em comparação ao descaso do governo nacional com a população. “A gente tá mostrando que, com muito pouco, conseguimos resolver aquilo que o governo deveria estar preocupado. Não é um governo humanitário, é um governo que quer destruir e acabar com o Brasil e o povo brasileiro.” 


Maria da Graça foi uma das cozinheiras responsável pela preparação da comida no Simpa / Foto: Laura Borges

Doação de alimentos orgânicos

Os alimentos para as cozinhas foram doados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), produzidos nos assentamentos e acampamentos. Outras 23 cozinhas comunitárias da região Metropolitana de Porto Alegre receberam a mesma contribuição, resultando no total de 5 mil refeições preparadas e distribuídas. Esta iniciativa, como explica Xiru, membro da direção estadual do MST, demarca mais uma vez a parceria dos trabalhadores do campo com os da cidade, pois o movimento entrega mensalmente alimentos para as periferias.

Na luta contra a pandemia e a fome, nacionalmente o MST já doou mais de 5 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas por todo o Brasil.


MST RS doou alimentos da Reforma Agrária para 5 mil marmitas a cozinhas da periferia de Porto Alegre / Foto: Maiara Rauber

Projeto CUT na Comunidade

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, disse que “Bolsonaro não trouxe emprego e vacinas, mas veio para promover armas e cloroquina”. Segundo ele, o dia de solidariedade reforça também o projeto CUT com a Comunidade, organizado logo após o início da pandemia, para ajudar famílias da periferia que perderam emprego e renda.


Participação dos motoboys na distribuição das marmitas foi destacada por dirigente da CUT/RS / Foto: Laura Borges

O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, salientou a importância da participação dos motoboys. “Não são empreendedores e sim trabalhadores, ainda sem direitos, que atuam em condições muito precárias, mas já começam a se organizar para conquistar dignidade no trabalho”, ressaltou.

Para ele, “tivemos duas motociatas na Capital: uma do ódio e a outra da solidariedade, que faz bem para a democracia, para o Brasil e para o povo trabalhador”.


“Tivemos duas motociatas na Capital: uma do ódio e a outra da solidariedade", afirmou Claudir Nespolo / Foto: Laura Borges

Possibilidades reais

A vereadora Daiana Santos (PCdoB), presente na organização do evento, ressalta a união do povo para lutar contra as políticas governamentais de Bolsonaro e aliados.   

“As pessoas estão passando fome, estão morrendo por descaso. E o que tem de pior vem aflorando por falta de responsabilidade do chefe maior da nação. Ele não se coloca à disposição para fazer isso, nós fazemos e mostramos que é possível. Esse movimento é uma forma muito efetiva de fazer o enfrentamento, mas também de demonstrar pra população que outras possibilidades existem e são reais.” 

Daiana enfatiza o papel que cumpre como oposição no governo municipal, enfrentando as políticas do prefeito Sebastião Melo e seus aliados, simpatizantes do bolsonarismo. “Eles estão articulados, não priorizam as vidas, não consideram a política que nós trazemos e pode ser o melhor dos projetos, não vai passar. Porque essa base, alinhada a Melo e Bolsonaro, não considera o cuidado com a vida da população uma prioridade.” 


Parlamentares também participaram da ação solidária neste sábado / Foto: Laura Borges

Pedidos de Impeachment  

Além do recolhimento e distribuição de alimentos, o evento contou com manifestações em faixas e gritos contra a incompetência do presidente Bolsonaro, que no momento estava participando de uma motociata comemorativa com seus apoiadores na cidade. 

“Enquanto Bolsonaro, esse irresponsável que não tem mais nenhuma condição de estar à frente da nossa nação, passeia pelo Rio Grande do Sul, faz turismo, anda de moto com os seus, os trabalhadores esperam respostas para a pobreza e o desemprego”, aponta o deputado estadual Edegar Pretto (PT). 

Ele reforça a posição adotada pelo governador estadual Eduardo Leite. "Mesmo que tenha uma postura diferente do presidente da República, ele até agora não deu nenhuma resposta, não fez nenhuma ação para a nossa agricultura familiar, que passa por muitas necessidades, e para o desemprego no estado.”

A atuação do governo federal na administração da pandemia da covid-19, resultando em mais de 530 mil mortes e em revelações na CPI da Covid de corrupção na compra de vacinas, fez com que diversos pedidos de impeachment fossem protocolados na Câmara, mas nenhum obteve resultado até o momento. 

A deputada federal Maria do Rosário (PT) relata que o processo de impeachment não é fácil, pois o presidente ainda possui um importante número de deputados e senadores como seus aliados. Ao contrário do que ela afirma ver nas ruas, onde cresce um movimento pelo afastamento de Bolsonaro. 

“Eu acredito que quando há uma movimentação assim, como hoje, há uma resposta que mostra um exemplo diferente. Nós somos essas pessoas envolvidas pela solidariedade e pelo amor ao próximo. É isso que a gente quer pro Brasil”, afirma a deputada, que finaliza dizendo ter certeza de que as ruas serão ouvidas e que o pedido de impeachment será analisado.


"Nós somos essas pessoas envolvidas pela solidariedade e pelo amor ao próximo. É isso que a gente quer pro Brasil”, destacou a deputada Maria do Rosário / Foto: Laura Borges

A atividade foi transmitida ao vivo pelo Facebook, através de uma rede de mídia independente, integrada pela Rede Soberania, Brasil de Fato, CUT-RS, Frente Brasil Popular, Jornal O Coletivo e Rede Estação Democracia (RED), com cruzamento por sindicatos, federações, mandatos populares e demais parcerias.

 
10J SOLIDARIO

10J SOLIDARIO - FORA BOLSONARO, VACINA JÁ, EMPREGO E AUXÍLIO DE R$600,00. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) realiza uma “motociata” em Porto Alegre, centrais sindicais e movimentos sociais, promovem o 10J Solidário com COZINHAS COMUNITARIAS, MOTOBOYS E MOTOGIRLS QUE ENTREGAM MARMITAS E DRIVE THRU para arrecadação de cestas básicas.

Posted by Brasil de Fato RS on Saturday, July 10, 2021

 

Ato contra motociata em São Leopoldo

Em São Leopoldo também houve manifestação contra a motociata. O Movimento Vacina Já - RS denunciou a motociata da morte de Bolsonaro com um ato simbólico às margens da BR-116.

“Já são 532 mil mortes no Brasil e Bolsonaro debocha da cara do povo passeando de moto”, afirmou a vereadora Ana Affonso (PT), presidenta da Câmara Municipal de Vereadores, presenta na atividade.


Movimento Vacina Já - RS denunciou a motociata da morte de Bolsonaro em São Leopoldo / Foto: Bruno Pereira


Presidenta da Câmara Municipal de São Leopoldo, vereadora Ana Affonso participou da ação / Foto: Bruno Pereira


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Edição: Katia Marko