Rio Grande do Sul

Movimento sindical

Trabalhadores da Trensurb decidem suspender estado de greve por reabertura de negociação

Direção da empresa voltou atrás após mediação com Tribunal Regional do Trabalho; Categoria acumula perdas salariais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Trabalhadores da Trensurb estiveram em assembleia da categoria e decidiram acatar o pedido do TRT4, após a empresa aceitar retomar as negociações - Reprodução

Os trabalhadores da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) realizaram uma assembleia geral nesta quarta-feira (8) para avaliar propostas da direção da empresa para os trabalhadores, sobre salários e direitos da categoria.

A proposta avaliada foi resultado de uma mediação apresentada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT 4), que pedia que os trabalhadores suspendessem o estado de greve, já que a direção da empresa havia reaberto as negociações.

Segundo o diretor de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviário e Conexas do RS (Sindimetrô RS), Lucas Viegas, participaram cerca de 100 metroviários que votaram por aceitar a proposta de mediação apresentada pelo TRT4, formulando uma contraproposta que será levada ainda hoje (8) para a direção da empresa.

"Nós só declaramos estado de greve por que a empresa simplesmente falou pra nós aceitarmos a proposta absurda, não teve conversa. Por isso tivemos a negociação, frente à proposta do Tribunal a empresa recuou e abriu mão de alguns pontos e prorrogou nosso Acordo Coletivo por mais 30 dias, para termos tempo de negociar", afirma o dirigente sindical. Entenda, logo abaixo, quais são as propostas da direção da empresa.

A assembleia fica "em aberto", aguardando alguma atitude inesperada da empresa. Nesse caso, não há a necessidade dos trâmites de chamamento de uma nova assembleia da categoria. Também ficou definido um protesto contra a privatização da empresa, neste sábado (11) na abertura da Expointer, quando está programada a visita do presidente Jair Bolsonaro.

No mesmo dia (11), ao final da tarde, ocorre uma atividade na estação Mercado da Trensurb, onde haverá uma manifestação com convidados, parlamentares e lideranças sindicais.

Também será distribuída uma carta aberta aos usuários dos serviços da Trensurb em todas as estações, a partir das próximas semanas. Na assembleia de hoje (8), foi votado e aprovado o apoio dos metroviários à luta dos trabalhadores da Carris contra a privatização e possível extinção da empresa.

Entenda os motivos da mobilização dos trabalhadores metroviários

Em assembleia do Sindimetrô RS, realizada no final de agosto (27), os metroviários já haviam rejeitado por unanimidade a proposta da direção da empresa sobre os acordos coletivos de trabalho. Segundo o Sindimetrô, a oferta de reposição salarial estava condicionada à retirada da estabilidade dos trabalhadores eleitos como representantes sindicais, a mudança das escalas de trabalho e diminuição dos adicionais por trabalho noturno.

Esta oferta foi rejeitada por todos que estavam presentes naquela assembleia. Segundo a direção do sindicato, a proposta foi negada, pois os trabalhadores negociam há anos a reposição dos salários, conseguindo sempre recuperar pequenas partes de seus salários, diminuídos pela inflação. Ainda assim, essas reposições sempre eram condicionadas à retirada de direitos da categoria, como por exemplo, a estabilidade dos representantes sindicais.

Segundo o presidente do Sindimetrô, Luis Henrique Chagas, a direção da empresa descumpriu o que já havia sido acordado em negociações anteriores, afirmando que as cláusulas que a Trensurb quer excluir dos Acordos Coletivos de Trabalho já estavam aprovadas e constavam em ata.

Após a negativa da categoria, uma nova assembleia foi marcada ainda em agosto (31) para a apreciar a resposta da empresa. Na ocasião, a categoria novamente rejeitou as propostas e definiu entrar em estado de greve e elaborou um calendário de mobilizações, que incluiu a formação de um comando de greve e o anúncio de uma paralisação dos serviços e ações de comunicação durante a Expointer.

Segundo recorda Edson Ferreira dos Santos, trabalhador metroviário que compõe o comando de greve, a jornada de negociações começou em abril, sem que houvessem ganhos econômicos nas negociações. Ao contrário, afirma que a categoria vem acumulando perdas salariais, pois as reposições concedidas não recuperam as perdas da inflação.

"Essa situação, associada à iniciativa reacionária da presidência da Trensurb e do governo federal de retirar cláusulas conquistadas há mais de 30 anos, fez com que a assembleia da categoria entendesse que precisava fazer uma greve", relata Edson.

Ele ainda reforça que a programação da greve durante os dias de Expointer era para aproveitar a visibilidade do maior evento do agronegócio do RS para mostrar à população e às lideranças políticas que estarão no evento as reivindicações da categoria.

Também afirma que o comitê de greve é plural, envolvendo trabalhadores antigos na luta da categoria, bem como outros que apoiaram o governo Bolsonaro e hoje estão arrependidos.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Katia Marko