Rio Grande do Sul

Coluna

A Primavera da Democracia

Imagem de perfil do Colunistaesd
No Rio Grande do Sul, de 16 a 24 de outubro, acontecerá o Plebiscito Popular sobre as Privatizações - Divulgação
Construir a Primavera da Democracia é o desafio, a tarefa imediata, com povo organizado e consciente

A ‘Prima Vera’ chegou, para alegrar nossas vidas. Pelo menos a minha. Deixar para trás os excessos de frio, chuva, vento, tempestades, absurdos em 2021, que detesto! E ainda longe do calor do verão, que, embora muitas vezes absurdo em Porto Alegre (bem o sabem os que já estiveram na capital gaúcha nos diferentes FSMs (Fórum Sociais Mundiais) em final de janeiro). E já estão desde já todas e todos convidadas-os para o Fórum Social das Resistências (FSR), de 26 a 30 de janeiro de 2022, em Porto Alegre. Com muito calor, humano e da natureza.

Tarefas mil aguardam lutadoras e lutadores na primavera de 2021, a Primavera da Democracia, e durante 2022.

O sábado, 2 de outubro, é o primeiro grande momento, com mais uma mobilização por VACINA NO BRAÇO, COMIDA NO PRATO, FORA BOLSONARO, JÁ! Centenas de Atos acontecerão em todo o Brasil. Muito povo na rua, com todos os cuidados sanitários, na boa luta por soberania e democracia.

No Rio Grande do Sul, de 16 a 24 de outubro, acontecerá o PLEBISCITO POPULAR SOBRE AS PRIVATIZAÇÕES, com intensa preparação militante. Comitês Populares pró-Plebiscito estão sendo instalados em todo o estado. Todos os COREDES, Conselhos Regionais de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul estão mobilizados, com Comitês Regionais. Assim está sendo e será, com Comitês Populares nas escolas, nas comunidades, nos sindicatos, nos locais de trabalho, nos bairros e nas ruas. O objetivo é mobilizar 1.000.000 de eleitores/participantes em todo o Rio Grande do Sul.

Exemplos concretos, entre muitos outros. 1. O Núcleo de Reflexão Política da Lomba do Pinheiro, Porto Alegre, fez reunião presencial e pretende mobilizar milhares de moradores das vilas populares da Lomba dia 2 de outubro e no Plebiscito Popular. 2. O Comitê local de Venâncio Aires, minha terra natal, fez manifestação na Praça da Matriz, chamando a população para participar do Ato do dia 2 de outubro e do Plebiscito Popular, de 16 a 24 de outubro. Assim está sendo.

A vigésima sétima FEICOOP, Feira Internacional de Cooperativismo, vai acontecer de 3 a 10 de outubro, em Santa Maria, no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, sendo em forma presencial, com todos os cuidados sanitários, de 8 a 10 de outubro. A FEICOOP é referência e espaço no Rio Grande Sul, inclusive além fronteiras gaúchas, de apoio à Economia Solidária, de atividades de formação e reflexão, envolvendo movimentos sociais, ONGs, Pastorais, e de intensas atividades culturais. O tema da FEICOOP 2021 é: CONSTRUINDO A SOCIEDADE DO BEM VIVER: POR UMA ÉTICA PLANETÁRIA.

A Semana e o Dia Mundial da Alimentação vão acontecer em muitos lugares em todo o Brasil entre 11 e 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação. No Rio Grande do Sul, o CONSEA/RS, Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional, definiu como tema da décima nona Semana: A (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO CONTEXTO DO DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO. Vai ser lembrado que o Brasil voltou ao Mapa da Fome. Atualmente, em todo Brasil, os Comitês Populares contra a Fome e as Cozinhas Solidárias são prioridade da sociedade e dos movimentos populares. Assim como a realização de uma Conferência Popular de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, acontecendo, dado a extinção do CONSEA nacional e das políticas de Soberania, Segurança Alimentar e Nutricional e de Agroecologia e Produção Orgânica. 

A Sexta SSB, Semana Social Brasileira, promovida pela CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, continua em pleno andamento, prorrogada até 2022. Seu tema é: MUTIRÃO PELA VIDA - POR TERRA, TETO E TRABALHO.

Há, pois, muito por fazer em 2021. 2022 ainda está longe, mas precisa ser preparado. Se alguém acha, ou imagina, que as eleições presidenciais do próximo ano, apesar das reiteradas pesquisas favoráveis ao campo popular, serão um passeio, ou já estão quase ganhas, está redondamente enganado. A direita brasileira, talvez a mais conservadora do mundo, sequer abandonou Bolsonaro definitivamente. E, como sempre na história brasileira, fará de tudo para derrotar a esquerda e o campo democrático-popular. Estão aí os reiterados golpes e ditaduras sem arrependimento, por mais sofrimento e crises que tenham trazido ao povo brasileiro.

A direita não vai entregar o ouro facilmente. Além do mais, não se pode esquecer ou desprezar a crise econômica, social, ambiental, energética, mais a fome e o desemprego reinantes. Só na Lomba do Pinheiro, as Cozinhas Solidárias e os Comitês Populares contra a Fome alimentam mais de mil famílias, fruto da resistência, solidariedade e organização popular. Assim está sendo nas comunidades pobres e periferias em todo o Brasil. Solidariedade, ‘ninguém solta a mão de ninguém’. Enquanto isso, os ricos e os super-ricos enriquecem, em plena pandemia do coronavirus.

Sem ilusões, portanto. Muita luta e trabalho de base militantes. Ninguém pode estar longe da rua e da mobilização, e fazendo formação na ação. Não dá para esperar a chegada da Primavera. É preciso fazê-la acontecer, ESPERANÇAR, no ano do centenário do educador popular Paulo Freire.

Construir a Primavera da Democracia é o desafio, a tarefa imediata. O povo organizado e consciente, inspirado na Pedagogia da-o Oprimida-o, conscientizadora e libertadora, ancorada na justa raiva da Pedagogia da Indignação e na sempre presente Pedagogia da Esperança, esperançar, de Paulo Freire, o povo brasileiro continua vivo. E na boa luta, com fé e coragem.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko