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GDF ameaça continuidade do projeto “Jovem de Expressão” na Ceilândia

Movimento convoca a comunidade para assembleia popular nesta sexta, 15

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Local utilizado pelo projeto tem 116 metros e é um antigo posto policial abandonado - Divulgação

Criado há 14 anos para “transformar realidades” da juventude de Ceilândia, o programa Jovem de Expressão funciona há 11 anos na Praça do Cidadão, em Ceilândia Norte.

O programa atende, anualmente, cerca de 42 mil pessoas com atividades voltadas à comunidade e juventude do DF. De acordo com o projeto, mais de 462 mil pessoas já foram impactadas. O espaço oferece cursos de teatro, fotografia, empreendedorismo, pré-vestibular, dança, entre outros. 

No entanto, existe uma ameaça de reintegração do espaço e com isso diversas ações de promoção à cultura e educação poderão ser encerradas.

O coordenador pedagógico do programa Jovem de Expressão, Max Maciel, denuncia que a Administração Regional da Ceilândia requer o espaço para ceder a uma unidade da Farmácia de Alto Custo que funciona na Praça do Cidadão.

Ele destaca que o prédio utilizado pela farmácia está sucateado devido à falta de cuidados do Estado com o equipamento público. “O governo não cuida do espaço público e agora quer retirar o que a comunidade reformou”, observa. 

O local utilizado pelo projeto é um antigo posto policial abandonado que foi reformado com a ajuda de parceiros para dar lugar à arte e à cultura.

No espaço de 116 metros funcionam sala de dança, teatro de bolso, estúdio audiovisual, galeria de arte, espaço para reuniões, palestras, aulas, cultos religiosos, terapias e várias outras atividades.


Galeria Risofloras é um dos espaços que integram o galpão cultural e mantém exposição com jovens artistas do DF / Divulgação

Em nota, o movimento destaca que quer continuar realizando as atividades e que estão abertos ao diálogo com as autoridades. “Pedimos que a Administração de Ceilândia se posicione sobre a intenção de encerrar as atividades do Galpão Cultural do Jovem de Expressão”.

Nas redes sociais, o coordenador escreveu que milhares de jovens foram formados pelo projeto.

“Gente que conseguiu se inserir no mercado de trabalho, que aprendeu uma profissão, gente que foi aprovada na Universidade pública. São vários os exemplos reais de como investir e acreditar nos jovens é transformador. Mas tem gente incomodada com isso. E gente poderosa, influente”, afirma. Ele emenda, “Centro de Juventude fechado. Centro Cultural de Ceilândia não entregue. E agora isso, querem acabar com o Jovem de Expressão”.

Mobilização

Maciel aponta que a organização do programa vem lutando para que seja dada a cessão de uso definitiva para garantia da manutenção dos trabalhos desenvolvidos. Neste sentido, o grupo está convocando a população para uma assembleia na sexta-feira (15), a partir das 17h, para debater o tema. A atividade será realizada na Praça do Cidadão.

A coordenação do projeto lançou ainda uma petição on-line de apoio à manutenção do prédio e, consequentemente, das atividades.

Até o fechamento desta matéria a petição já contava com mais de 5 mil assinaturas.

Nas redes sociais, a deputada distrital Arlete Sampaio disse que protocolou ofício junto à Administração Regional da Ceilândia solicitando informações sobre a ameaça de desocupação do espaço e os motivos. Os deputados Fábio Félix e Leandro Grass também se manifestaram em solidariedade ao Programa Jovem de Expressão.

Resposta

A Administração Regional da Ceilândia disse ao Brasil de Fato DF que, visitou os prédios do projeto e observou que apenas um é utilizado para atender a comunidade. “Deste modo, uma das edificações estava relativamente ociosa”.

Informou ainda que a coordenação do Jovem de Expressão buscou regularização, entretanto, foi constatado que os cinco prédios na Praça do Cidadão não pertencem diretamente a Administração Regional de Ceilândia, “motivo pelo qual foi instaurado um processo junto ao GDF para regularizar as edificações”.

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Edição: Flávia Quirino