Rio Grande do Sul

Ação Solidária

Famílias sem terra doam mais de 50 toneladas de alimentos para compartilhar com quem passa fome

Campanha “Natal Sem Fome, Movimento Sem Terra Cultivando Solidariedade” seguirá até o início de janeiro de 2022

Brasil de Fato | Porto Alegre |
De acordo com o MST, desde o início da pandemia já foram doadas aproximadamente 600 toneladas de alimentos - Foto: Maiara Rauber / MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Rio Grande do Sul (MST/RS) arrecadou mais de 50 toneladas de alimentos produzidos em seus assentamentos para compartilhar com diversas famílias em situação de vulnerabilidade social. No domingo (19), o movimento realizou um ato de solidariedade em três cozinhas comunitárias da Lomba do Pinheiro. Em cada uma, mais de 100 pessoas receberam uma marmita e um quilo de arroz orgânico. 


Famílias Sem Terra doaram mais de 50 toneladas de alimentos / Foto: Maiara Rauber

“Nós do MST não naturalizamos a fome. Não é natural milhares de pessoas não terem um prato de comida em sua mesa, no seu dia a dia”, pontua Geronimo da Silva, dirigente estadual do MST. Segundo destacou, a maioria dos alimentos arrecadados foram e serão distribuídos para mais de 38 cozinhas comunitárias, 30 associações e instituições da periferia de Porto Alegre, Canoas e Gravataí. Essa ação faz parte da Campanha “Natal Sem Fome, Movimento Sem Terra Cultivando Solidariedade” organizada pelo MST e seguirá até o início de janeiro de 2022.

“Queremos chegar nesse final do ano fazendo ações de esperançar, ações que colocam uma perspectiva de futuro para essas pessoas. A nossa campanha de solidariedade perpassa o Brasil inteiro, envolvendo trabalhadores e trabalhadoras de todo o país”, afirma Geronimo. 


"Nós entendemos que a fome não pode ser um problema individual, ela tem que ser tratada de uma forma coletiva", afirma dirigente do MST / Foto: Maiara Rauber

A liderança comunitária e uma das coordenadoras da cozinha da comunidade Esmeralda, na Lomba do Pinheiro, Geisa Soares Farias, destaca a importância desses alimentos para as cozinhas comunitárias. “Juntos conseguimos ajudar o próximo e isso é sempre lindo. Pode ter certeza que essa doação fez toda a diferença para tantas famílias, ainda mais nessa época de Natal, saber que eles vão ter o que colocar na mesa nesse Natal é muito gostoso”, afirma.  

Zailde Silva, do Núcleo Recreio da Divisa, na Lomba Pinheiro, integrante do Comitê Gaúcho de Combate à Fome, também enfatiza a parceria do MST junto as cozinhas para amenizar a crise que atinge a periferia. “A nossa comunidade é uma das mais carentes, e se não fosse esse auxílio, tudo seria muito pior”, destaca, agradecendo ao MST e demais colaboradores "que estão na luta, na batalha para dar um pouquinho de dignidade para essas famílias”, complementa. 

O cozinheiro e morador da Vila Mapa, na Lomba do Pinheiro, Pedro Rubens Nascimento aponta que as pessoas continuam com fome, continuam desempregadas, continuam na margem. Nesse sentido, complementa, o trabalho desenvolvido junto com o Movimento, assim como a CUT/RS, é de extrema importância. O cozinheiro ainda reforça que esse deveria ser um trabalho prestado pelo governo, no entanto são os trabalhadores que realizam essas ações voluntárias. "Essa ação do Natal, próximo às festas, deixou as pessoas deslumbradas, elas ficaram muito contentes, muito agradecidas", completa Nascimento. 


Ação faz parte da Campanha “Natal Sem Fome, Movimento Sem Terra Cultivando Solidariedade” organizada pelo MST e seguirá até o início de janeiro de 2022 / Foto: Maiara Rauber

Conforme frisa Geronimo, a tarefa dos sem terra é produzir alimentos e distribuí-los. “Nós entendemos que a fome não pode ser um problema individual, de uma pessoa, de duas, ou só dessas pessoas que estão passando fome, mas sim ela tem que ser tratada de uma forma coletiva. É por isso que nós fizemos as ações coletivas de solidariedade com as famílias urbanas e essa parceria campo e cidade”, relata. 

Para o dirigente, é preciso reforçar que alimentar-se é um ato político e que esse trabalho solidário também é organizativo. “Não estamos entregando alimentos aleatoriamente, nós temos uma forma de organização que fortalece as comunidades, fortalece as lideranças e leva de fato o alimento para as pessoas, mas que também leva o povo a lutar por seus direitos”, relata Silva.


Assentados de todo o estado compartilharam suas produções com famílias da periferia / Foto: Maiara Rauber

Ações por todo o estado 

Na região Sul do Rio Grande do Sul, as famílias sem terra também realizaram doações de máscaras e alimentos agroecológicos da Reforma Agrária. Mais de 1000 famílias serão contempladas na região, entre elas estão pessoas em extrema vulnerabilidade social, indígenas e quilombolas. Só em Pelotas será entregue cerca de 4 toneladas.

Já na região Norte, os camponeses do MST doaram aproximadamente 2600 kg de alimentos. Esses produtos foram organizados em 100 cestas e entregue para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Na região Centro do RS também será realizada uma doação de aproximadamente 4 toneladas de alimentos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária.

Em São José do Norte, foi distribuído cerca de 155 kg de arroz orgânico, para mais de 60 famílias da periferia. 

Na fronteira, em Santana do Livramento, as famílias seguem arrecadando alimentos. Por lá as doações vão ocorrer após o Natal.

De acordo com o MST, desde o início da pandemia, as famílias Sem Terra já doaram aproximadamente 600 toneladas de suas produções.


"A tarefa dos sem terra é produzir alimentos e distribuí-los" / Foto: Maiara Rauber

*As informações são da Assessoria de Imprensa do MST 


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Edição: Katia Marko