Rio Grande do Sul

DÍVIDA

Eduardo Leite envia pedido de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal

Adesão foi pedida após conclusão de reformas exigidas pela União, como privatizações e corte de direitos e investimentos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Leite detalhou as principais medidas de ajuste adotadas nos últimos anos, ressaltando as mudanças aprovadas pela Assembleia - Foto: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

O governo do Rio Grande do Sul encaminhou ao Tesouro Nacional, nesta terça-feira (28), o pedido de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A medida ocorre após o governador Eduardo Leite (PSDB) efetuar uma série de exigências feitas pela União, como privatizações, reformas que cortam direitos dos servidores e, a mais recente, a aprovação pela Assembleia Legislativa de um teto de gastos estadual, que congela os investimentos por dez anos.

O RRF é um programa federal que permite aos estados refinanciar suas dívidas com a União desde que cortem gastos públicos. Defendida pelo governo como importante para voltar a pagar a dívida, suspensa desde agosto de 2017 por liminar, e abrir linhas de crédito com garantia da União para a renegociação de outros passivos, a adesão é criticada por diversos setores, que entendem que apenas adia um problema.

Segundo dados do Tribunal de Contas do Estado, o RS já pagou 3,9 vezes o valor da dívida original e ainda deve 7 vezes o valor. A dívida do RS, hoje, é de cerca de R$ 70 bilhões. Setores contrários à adesão afirmam que o RRF acaba com a possibilidade de uma renegociação desta dívida, como já foi feito em 2014, quando o então governador Tarso Genro (PT) liderou um acordo que reduziu a dívida, em valores calculados à época, de R$ 22 bilhões até julho de 2028.

Nas suas redes sociais, o deputado estadual Luiz Fernando Mainardi (PT), que preside a Comissão Especial sobre a Crise Fiscal e a Reforma Tributária Necessária, classificou como “uma usurpação de direitos” a adesão ao RRF. “O governo Leite aprisiona os futuros governos estaduais com sua visão ideologica retrógrada”, escreveu. O relatório final da comissão, apresentado em setembro, sugeriu que o governo não aderisse ao regime.

Durante a reunião em que o governo informou o pedido de adesão, Leite detalhou as medidas adotadas e anunciou um plano para a quitação do passivo de precatórios até 2029. “Depois de uma sucessão de déficits ao longo dos anos, com o pior resultado previdenciário do Brasil, o Rio Grande do Sul vem implementando reformas que reduziram o déficit previdenciário de R$ 13 bilhões em 2019 para R$ 10,3 bilhões em 2020, quitou passivos de curto prazo, como os salários e o 13º do Executivo, e agora deixa um legado de longo prazo, com a possibilidade de resolução do estoque de precatórios”, disse.

O governador anunciou a busca de operação de crédito de US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões) para pagamentos em acordos diretos com credores de precatórios. “O Regime de Recuperação Fiscal é uma solução e também um grande desafio, pois o Estado deverá chegar ao final do período com as contas em dia e consciente de que cada necessidade de despesa será possível desde que demonstrada uma compensação, de forma a manter o equilíbrio fiscal na revisão do plano, transcendendo gestões”, projetou.

Segundo o Executivo, a resposta da Secretaria do Tesouro Nacional quanto ao deferimento deve ser dada 30 dias após o pedido de adesão. A partir da adesão, ocorre a negociação formal do plano de recuperação fiscal. A homologação final do plano pelo presidente da República, após o encaminhamento favorável do Ministério da Economia, deve ocorrer dentro do prazo de 90 dias.

Durante a apresentação, o governo listou as medidas obrigatórias cumpridas para adesão ao RRF federal:

- Desestatização.

- Reforma da Previdência. O Rio Grande do Sul alterou regras para civis e militares, com mudanças em alíquotas, idades mínimas (civis) e tempos de contribuição.

- Redução dos incentivos fiscais “não-Confaz” de no mínimo 20%.

- Reforma do regime jurídico dos servidores estaduais. O Estado extinguiu vantagens temporais e vedou incorporações. Foi instituído novo Plano de Carreira do Magistério, com o piso nacional, e houve revisão do Estatuto dos Militares.

- Teto de gastos estaduais: foi aprovado limitador de despesas pela inflação para o período de 2022 a 2031, o que garantirá disciplina fiscal e espaço para retorno ao pagamento integral da dívida federal.

- Autorização para realizar leilões de pagamento.

- Gestão financeira centralizada no Executivo e destinação de saldos não utilizados no encerramento do exercício.

- Instituição do Regime de Previdência Complementar.


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Edição: Marcelo Ferreira