Rio Grande do Sul

Terra Indígena

Retomada Mbya Guarani em Canela (RS) está sob ameaça, afirma Cimi Sul

Indígenas denunciam possível exploração indevida de madeira na região e pedem apuração dos fatos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Área desmatada em retomada, em área de domínio do estado do RS, através da CEEE - Foto: Arquivo Pessoal

A comunidade Mbya Guarani - liderada pelo Xeramoi Augustinho Duarte e por sua filha Maria, que no mês de novembro de 2021 realizou uma ação de retomada de terra no município de Canela (RS), em área de domínio do estado do Rio Grande do Sul, através da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) - denuncia a ocorrência de uma possível exploração indevida de madeira na região. 

Nesta quinta-feira (3), com a presença de integrantes do Conselho Indigenista Missionário Regional Sil (Cimi Sul), a área desmatada foi fotografada, ocasião em que se verificou a existência de madeira serrada na forma de tábuas, caibros, barrotes e palanques. A comunidade informou que às 23h45 da noite deste dia, o provável responsável pelas derrubadas das árvores ateou fogo nas madeiras que estavam cortadas e serradas.

Na avaliação do Cimi, há duas razões para esse ato criminoso: tentar livrar-se das provas de uma denúncia por desmatamento em área do estado; ou tentar responsabilizar e criminalizar os indígenas, atribuindo a eles o incêndio.

Diante deste fato, a comunidade Mbya Guarani fez um apelo ao Ministério Público Federal e ao Conselho Estadual dos Povos Indígenas para que se dirijam ao local para averiguação dos fatos. Também solicita que busquem identificar se a área em questão encontra-se sob os domínios da CEEE ou se pertence a particulares. A comunidade exige, caso haja crime, que os responsáveis sejam punidos.

As lideranças denunciam também que foram hostilizadas por um homem que dirigia uma camionete branca, de placa AJU 2470. O veículo foi filmado e fotografado pelos Xondaros da comunidade. Os Mbya aguardam que a Fundação Nacional do Índio (Funai) proceda os estudos circunstanciados de identificação e delimitação da terra o mais breve possível e de forma eficiente.

Há uma ação de reintegração de posse movida pela CEEE e que vem sendo instruída pela 3ª Vara da Justiça Federal de Caxias do Sul. Os Mbya avaliam que as ações de intimidação que sofrem e o incêndio criminoso podem ser utilizados, pelos que se opõem aos direitos indígenas, neste processo judicial. Diante disso, defendem a necessidade de que os órgãos competentes procedam às investigações das denúncias feitas pela comunidade. 

O Cimi Sul manifestou seu apoio e solidariedade aos Mbya Guarani que reivindicam a demarcação das terras e ao mesmo tempo reforça pedido pela apuração dos fatos denunciados.

*As informações são do CIMI – Regional Sul.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

SEJA UM AMIGO DO BRASIL DE FATO RS

Você já percebeu que o Brasil de Fato RS disponibiliza todas as notícias gratuitamente? Não cobramos nenhum tipo de assinatura de nossos leitores, pois compreendemos que a democratização dos meios de comunicação é fundamental para uma sociedade mais justa.

Precisamos do seu apoio para seguir adiante com o debate de ideias, clique aqui e contribua.

Edição: Marcelo Ferreira