Rio Grande do Sul

CHIMARRÃO

Retomada do carijo na Lomba Grande promove oficina de produção artesanal de erva-mate

Vivência de produção nos moldes ancestrais ocorre nos dias 26 e 27 de março na zona rural de Novo Hamburgo (RS)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Carijo resgata a forma indígena de preparar a erva-mate - Reprodução/ Carijo, o filme

"A retomada dos carijos proporciona a autonomia de produzir a própria erva para o chimarrão, com sabor original e novos e ancestrais sentidos em nossa vida", salienta o biólogo Moisés da Luz, multiplicador desta cultura indígena e campesina desde 2005. A vivência será realizada no organismo agrícola de Erno Bühler, na zona rural de Novo Hamburgo (RS), bairro Lomba Grande, nos dias 26 e 27 de março.

O carijo é uma estrutura tradicional utilizada para a secagem da erva-mate durante a sua produção artesanal. Neste final de semana, os participantes terão atividades de reconhecimento da planta e aprendizagem sobre todo o processo da erva-mate, cujo nome científico é Ilex paraguariensis. Durante a noite manterão o cuidado com o fogo e a erva que estará secando no carijo. No domingo a produção segue com o soque, a moagem, embalagem, e por fim, divisão da erva para ser degustada em casa.

Essa vivência, com oficina e acampamento, é organizada por muitas mãos e só será possível porque duas pessoas da região irão fornecer a erva-mate. Susi Grings, que tem uma árvore desta espécie em Dois Irmãos, e Mozar Dietrisch, produtor de Santa Maria do Herval, que irá receber integrantes do Araçá para a colheita de sua erva-mate. Ambos fornecedores receberão parte da erva processada, numa prática de economia solidária, que conta ainda com o empréstimo da máquina de soque do Coletivo Catarse.

Moisés, natural de Panambi, na região noroeste do estado, também é educador ambiental e autor da dissertação de mestrado “Carijos e Barbaquás no Rio Grande do Sul: resistência camponesa e conservação ambiental no âmbito da fabricação artesanal de erva-mate”, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seu trabalho motivou a produção do “Carijo, o filme”, disponível no youtube, além de livro, cartilha e diversos eventos para a multiplicação deste resgate das culturas indígenas mbyá-guarani e kaingang.

O biólogo destaca pelo menos três questões interessantes sobre o carijo. “A fabricação artesanal de forma coletiva valoriza a arte do fazer junto, a importância de aprender esse processo de um alimento, uma bebida, de forma coletiva, além de gerar conhecimentos sobre a origem da erva-mate, manejo agroflorestal, flora nativa, e importância de preservar a biodiversidade”, salienta.

Esta carijada no Vale do Sinos é uma promoção do Araçá – Grupo de Consumo Responsável, com parceria de Agrofloresta Garupá, Produtos Biocêntricos e Circular Alimentos, e apoio do organismo agrícola Família Bühler e Banco de Tempo Lomba Grande. As inscrições podem ser feitas com Camilo, pelo fone (51) 98318.7798.


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Edição: Marcelo Ferreira