Rio de Janeiro

MORAR E PERTENCER

Observatório das Metrópoles: grupo pretende apresentar caminhos para melhorar vida nas cidades

Livro com resultado das pesquisas será lançado para auxiliar na criação de políticas públicas de desenvolvimento urbano

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Grupo começou atuando no Rio de Janeiro e ao longo dos anos estendeu seu trabalho para mais 15 metrópoles - Rovena Rosa/Agência Brasil

Moradia adequada, lazer, mobilidade urbana, serviços públicos e infraestrutura são alguns pontos que o direito à cidade, definido na Constituição de 1988, assegura. É com o objetivo de garantir o acesso destes direitos à todas as pessoas que o Observatório das Metrópoles existe desde 1998, realizando pesquisas e estudos sobre os problemas urbanos a partir de pesquisadores vinculados a diversas universidades, como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

O Observatório das Metrópoles é um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia que trabalha junto com os movimentos populares, integrando o projeto da Universidade da Cidadania (UC). Suas pesquisas visam não só entender como se dá as questões urbanas nas grandes cidades, mas também que os resultados sejam utilizados na construção de políticas públicas que melhorem a qualidade de vida nas metrópoles.

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O grupo, que a princípio atuava somente no Rio de Janeiro, ao longo dos anos estendeu seu trabalho para mais 15 metrópoles e atualmente conta com 380 pesquisadores vinculados à instituições de ensino superior de todo o país.

Marcelo Gomes Ribeiro é um dos pesquisadores do Observatório. Ele contra em entrevista ao programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que um dos maiores problemas encontrados nas metrópoles é a falta de planejamento de moradia adequada.

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“Historicamente o que se conformou no nosso país foi um padrão de segregação socioespacial que se caracteriza por essa relação centro-periferia. Os centros sendo caracterizados por espaços que possuem maior infraestrutura urbana, os melhores serviços e também onde vivem as pessoas e grupos sociais que ocupam posições mais elevadas. Por outro lado, a periferia sendo espaço de infraestrutura e serviços precários”, explica o pesquisador.


Para o Coordenador Nacional do Observatório das Metrópoles, Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro, uma das maiores expectativas do grupo é de que as pesquisas sejam um produto utilizado para auxiliar no desenvolvimento adequado das cidades.

“Nós estamos fazendo esse projeto, que é mobilizar todo o nosso conhecimento acumulado neste tempo, para oferecer na forma de um livro que apresenta o diagnóstico da questão urbana metropolitana e quais são os caminhos para enfrentar os problemas que estão colocados”, diz Luiz.

Integração 

Anualmente, o Observatório também realiza cursos para instigar o debate sobre o direito à cidade. Este ano, acontece até julho o curso de extensão “Direitos Culturais e Direito à Cidade”, com foco nas favelas cariocas e no protagonismo das mulheres.

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A pesquisadora, Mariana Albinati, é uma das coordenadoras do curso e explica que as aulas são feitas de forma itinerante nas favelas do Rio de Janeiro. Para ela, este modelo “tem funcionado muito bem”.

“A gente sempre tem um diálogo das pessoas que estudam, que pesquisam, com as próprias pessoas engajadas no fazer cultural daquele local. Sempre a partir da prática e da reflexão juntas”, finaliza Mariana.

Edição: Jaqueline Deister