Rio Grande do Sul

MANIFESTO

Pastoral Popular Luterana defende dignidade da vida, liberdades democráticas e soberania

Documento aprovado no Encontro Nacional de 2022 cobra justiça para trazer luz aos “tempos sombrios que vivemos”

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Entre as várias críticas está a conivência das autoridades com assassinatos de defensores dos povos da floresta, como no caso de Bruno e Dom - Kenzo Tribouillard/ AFP

A Pastoral Popular Luterana divulgou um manifesto em defesa da dignidade da vida, das liberdades democráticas e da soberania nacional, aprovado no Encontro Nacional de 2022, realizado em Cascavel (SC), entre os dias 16 e 19 de junho. O documento destaca os “tempos sombrios que vivemos” ao criticar o sofrimento da população com a fome, a destruição do patrimônio público com as privatizações, os assassinatos de pessoas comprometidas com a defesa dos Povos Indígenas e a floresta amazônica pelo crime organizado, os assassinatos e massacres cometidos pelas forças de segurança e as ameaças de interferência no processo eleitoral.

“Num país como o Brasil isso é inadmissível! É um escárnio dizer que o país garante alimentos para o mundo, com as exportações do agronegócio, ao mesmo tempo que nosso povo passa fome, miséria e morte”, diz trecho do manifesto ao destacar como desafio a luta pela dignidade humana de todas as pessoas “numa sociedade que se estrutura na falácia da meritocracia, reforçando a desigualdade cruel e a desgraça geral da nação”.

O documento questiona ainda como aceitar que o governo privatize uma empresa como a Eletrobras por R$ 33 bilhões quando ela vale mais do que 1 trilhão. Cita ainda os riscos de entrega da Petrobras, do Banco do Brasil, dos Correios e outras empresas estratégicas para o futuro do país. Afirma o “desafio hoje é lutar pela preservação do patrimônio público brasileiro, construído com o esforço, o suor e o sangue de gerações”.

Exemplifica com os assassinatos do indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai, e o jornalista britânico Dom Phillips ao defender que não se pode aceitar “que as autoridades responsáveis pela defesa da soberania nacional e das fronteiras do país sejam coniventes com o crime organizado” responsável pelas mortes.

Diz ainda ser intolerável “que órgãos responsáveis por proteger a população decidam usurpar outros poderes e se comportar como justiceiros e vingadores, sem dar o direito constitucional de defesa aos suspeitos”, citando massacres em vilas e o assassinato de Genivaldo de Jesus  Santos,  em câmara de gás improvisada pela Polícia Rodoviária Federal. “Exigimos que todos esses casos sejam apurados e seja feita a justiça e compensação aos familiares das vítimas”, diz o texto.

Ao defender eleições livres, sem interferências indevidas e sob a direção do Tribunal Superior Eleitoral, afirma: “Queremos uma sociedade que supere a violência estrutural, que vença a discriminação contra pessoas afrodescendentes, indígenas, que respeite as diversidades, que garanta trabalho, emprego e direitos trabalhistas a todas as pessoas, com o fim da precarização atualmente em vigor. Lutamos por um país justo, que garanta a vida em paz e segurança para todas as pessoas, sem distinções ou privilégios incabíveis”.

O manifesto explica que a Pastoral Popular Luterana atua junto a movimentos populares, comunidades de fé e, alguns dos seus membros, em partidos populares. Encerra destacando que quando dirigentes políticos do povo “maquinam contra a vida da maioria, estamos na beira de um abismo insondável, de tristeza, morte e luto coletivos” e recorda, citando texto bíblico, que “ninguém permanece impune para sempre”.


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Edição: Marcelo Ferreira