Rio Grande do Sul

Justiça e Reparação

Comissão Camponesa da Verdade lança perfis nas redes sociais para reforçar a luta pela memória

Criação de perfis no Facebook e no Instagram ajuda a recordar violações de direitos humanos nas lutas do campo

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Massacre de Eldorado do Carajás segue como símbolo de impunidade da violência no campo - João Roberto Ripper

A  Comissão Camponesa da Verdade (CCV) lançou dois novos perfis nas redes sociais, um no Facebook outro no Instagram. A entidade foi criada em 2012, durante o Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, com o objetivo de investigar e revelar as violações de direitos humanos no campo.

O evento de fundação da entidade foi em Brasília. Milhares de camponeses de mais de 40 organizações e movimentos ligados à luta pela terra e por territórios se reuniram em memória ao 1º Congresso Camponês, realizado em 1961, em Belo Horizonte (MG). O relatório "Violações de Direitos no Campo - 1946 a 1988" pode ser acessado gratuitamente aqui.

A nova investida da CVV nas redes sociais visa dar maior visibilidade à pauta, principalmente aos principais casos de violações, como massacres e despejos forçados, além de manter viva a memória daqueles que morreram na luta pela terra e na defesa de seus territórios. Nas redes sociais, diversos cards estão sendo lançados, recordando episódios como os massacres de Eldorado do Carajás (1996), de Corumbiara (1995) e a Chacina de Pau d'Arco (2017).

Segundo a Comissão, a violência no campo tem um "gosto amargo de impunidade", pois aqueles que matam e mandam matar dificilmente respondem pelos seus crimes. Recorda também que o Brasil é um pais onde "se mata e se morre por terra, no passado e no presente".

"Durante a ditadura, centenas de trabalhadores rurais, lideranças sindicais e camponesas, indígenas e quilombolas foram assassinados em conflitos envolvendo o uso e a posse da terra, através de um amplo aparato repressivo - estatal e privado", reforça uma das artes postadas nas redes.

A Comissão também relembra que, após o fim da ditadura, esse quadro de violência não se modificou, principalmente por uma intensa concentração fundiária e por um modelo de produção agrícola pautado pelo agronegócio que propicia a proliferação de inúmeros conflitos fundiários, vitimando anualmente dezenas de pessoas. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, em 2021, foram registrados 35 assassinatos em conflitos no campo, um aumento de 75% em relação a 2020.


Roseli Nunes é relembrada na série de artes que vem sendo publicada nas redes sociais da Comissão Camponesa da Verdade (CVV) / Reprodução


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Edição: Katia Marko