Rio Grande do Sul

SANEAMENTO

Governo do RS retoma privatização da Corsan com nova estratégia de vender 100% das ações

Abertura de "show room" para interessados ocorre em menos de dois meses após o TCE/RS suspender a privatização via IPO

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) atende, atualmente, dois terços dos municípios do Rio Grande do Sul - Foto: Corsan

Após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspender o processo de privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) por falta de transparência nos números, o governo gaúcho retomou o processo de venda da estatal adotando um modelo distinto. Nesta terça-feira (30), foi aberto o “data room”, agora com a meta de vender 100% da empresa até dezembro.

No processo anterior, o governo continuaria como acionista da Corsan, mantendo cerca de 30% das ações, vendendo o restante através de uma Oferta Pública de Ações (IPO). Após a contestação do TCE, o governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) afirmou que não recorreria da decisão e trabalharia para colocar 100% das ações diretamente na Bolsa de Valores ainda neste mandato.

Crítico à iniciativa, o Sindiágua/RS, que representa os trabalhadores da estatal gaúcha de saneamento, considera “desrespeito” que a companhia tente “passar a boiada” em meio ao processo eleitoral, contrariando a decisão do TCE/RS. Afirma que “segue a postos para derrubar também este processo de privatização”.

Pontua ainda que está tomando as devidas providências e apurando todas as informações referentes ao processo de “data room”, bem como quais documentos a companhia estará disponibilizando para os respectivos interessados.

O modelo "data room" serve como uma sala online de arquivos com extrema segurança, onde podem ser armazenados documentos extremamente confidenciais. Interessados devem pagar R$ 30 mil par conectar à sala e acessar documentos, dados da companhia, visitas técnicas e reuniões. Segundo o sindicato, o serviço necessita de uma tecnologia de ponta para manter os documentos em total sigilo, neste caso, qualquer deslize poderia colocar em risco a confidencialidade das documentações.

O presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch, comenta que a Companhia não tem o que vender, pois seu valor se dá em virtude dos contratos que a mesma possui e, apenas 32 destes contratos podem ser considerados legalmente válidos para realizar a privatização. “Estão colocando em prática o que já sabíamos. Vamos seguir dialogando com os prefeitos de todo estado, até mesmo aqueles que assinaram o aditivo em dezembro, pois a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (AGERGS), anulou os mesmos”, observa o dirigente

Arilson lembra ainda que este processo ocorre em meio a uma negociação de Acordo Coletivo de Trabalho e entende que a companhia age com uma postura de intimidação. “Não vamos nos intimidar, eles querem atravessar os processos para desestabilizar os trabalhadores e trabalhadoras. Não vamos deixar. A Corsan continuará pública e os trabalhadores com seus direitos intactos, pedimos a categoria que mantenha o foco no cenário político que estamos enfrentando e que permaneça ao lado de quem quer manter a Corsan pública”, complementa.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Marcelo Ferreira