Rio Grande do Sul

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Mais que nunca, hora de gritar

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"O Grito de milhões de Excluídas e Excluídos precisa estar e vai estar nas ruas neste 7 de setembro de 200 anos de (in)dependência para acalentar corações e mentes" - Divulgação
Dia 7 de setembro, mais uma vez, todas e todos na rua, gritando, rezando, protestando no 28º Grito

Dia 7 de setembro, acontece o 28º Grito das Excluídos e dos Excluídos. O tema e o lema de 2022 são: Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem? Vida em primeiro lugar!

Acontecerão Gritos em muitas comunidades, especialmente das periferias, em todo o Brasil. Em Porto Alegre, o 28º Grito será a partir das 9h, com concentração em frente à Igreja São José do Murialdo, Rua Vidal de Negreiros, 550, bairro Partenon, com o tema geral: Vida e Democracia. Não ao Golpe! Por Comida, Terra, Teto e Trabalho. Haverá Gritos em Caxias do Sul, Pelotas e outras cidades do Rio Grande do Sul. Os Gritos vão se estender por todo o  Brasil, em muitos lugares e comunidades, com marchas e protestos, com orações e preces, com mística libertadora.

Estamos em 2022, à véspera da eleição das nossas vidas. A fome está presente todos os dias para 33 milhões de brasileiras e brasileiros. Por isso, neste 28º Grito estarão presentes os Comitês Populares contra a Fome espalhados pelo Brasil, as Cozinhas Solidárias e Comunitárias e a Campanha #Vote Contra a Fome e a Sede.

O Grito de milhões de Excluídas e Excluídos precisa estar e vai estar nas ruas neste 7 de setembro de 200 anos de (in)dependência para acalentar corações e mentes. É o Grito dos mais pobres entre os pobres, dos de baixo, dos que historicamente não têm nem vez nem voz.

São celebrados os 200 anos da (in)dependência do Brasil. Como pergunta o Grito, e perguntará forte em 7 de setembro. (In)dependência, para quem? Para os escravocratas históricos, sim. Para o grande capital, sim. Para o latifúndio, sim. Para a classe dominante, sim. A hora, agora, 2022, é de garantir independência para a população pobre, para as oprimidas e os oprimidos, as trabalhadoras e os trabalhadores, a população em situação de rua, agricultoras-es familiares e camponesas-es.

O Grito/2022 clama por vida e democracia. Vida e não violência. Vida e não assassinatos quase em série. Vida e dignidade. Vida em primeiro lugar, sempre, em qualquer lugar, para todas e todos, sem distinção, sem privilégios. Vida e igualdade. Vida e justiça. E democracia com participação popular. Democracia com Orçamento Participativo. Democracia com Conselhos de participação social e Conferências com participação direta da população. Democracia e políticas públicas construídas em diálogo entre sociedade civil e governos. Democracia e Economia Solidária. Democracia e soberania, cuidando da Casa Comum, da natureza e da Amazônia. Democracia e eleições livres e diretas. Democracia e liberdade, finalmente, para o povo negro, para as mulheres, para os LGBTQIA+, para as juventudes. Não ao golpe e aos neofascistas! Não ao golpe e a qualquer ditadura, aberta ou disfarçada.

O Grito grita e luta por comida na mesa, organizando Comitês Populares contra a Fome e a Sede, Cozinhas Solidárias e Comunitárias, com a construção de uma Frente nacional contra a Fome e a Sede e da Campanha Vote contra a Fome e a Sede. Por terra e Reforma Agrária. Por teto e Reforma Urbana, com proteção e cuidado para quem precisa. Por trabalho, emprego e salário digno para todas as trabalhadoras e todos os trabalhadores, por direitos.

Dia 7 de setembro, mais uma vez, todas e todos na rua, gritando, rezando, protestando no 28º Grito das Excluídas e dos Excluídos, lutando pela independência de verdade, sonhando com uma democracia de base e popular. E dizendo, com Paulo Freire, a palavra Esperançar. A hora é agora. Mais que nunca, a hora é de gritar, ´ninguém soltando a mão de ninguém´.

Os gritos são vozes.

Os gritos dos esfarrapados do mundo.

Os gritos são preces.

Os gritos são liberdade.

Os gritos são vida.

Os gritos são fraternidade.

Os gritos atravessam a noite e a madrugada.

Os gritos são ecos e memória.

Os gritos são mãos solidárias.

Os gritos são corações plenos de luz e alegria.

Os gritos expressam fé e coragem.

Os gritos encantam a política.

Os gritos são sonho e utopia.

Os gritos mantêm vivos o futuro e a esperança.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko