Rio Grande do Sul

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1 mês, menos de 1 mês: a arrancada final!

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"Milhares de pessoas vieram das comunidades e periferias, e fizeram uma caminhada por moradia/teto, direitos, saúde, água, democracia" - Foto: Jorge Leão
A arrancada final das eleições/2022 começou com o Grito das Excluídas e dos Excluídos no Partenon

14 de novembro de 1988, um dia antes das eleições municipais. Caminhada silenciosa pela Rua da Praia, centro de Porto Alegre, com Olívio Dutra, candidato a prefeito de Porto Alegre, acompanhado de centenas de militantes. Não havia barulho, nem som, não permitido no último dia de campanha.

Quase chegando na Esquina Democrática, a Rua da Praia lotada de gente em véspera de feriado e eleições, as pessoas começaram a parar para acompanhar Olívio com o olhar. E, espontaneamente, passaram a aplaudir. Emoção pura. Muitos, como eu, chorando. E a certeza de quem caminhava junto: Olívio, junto com Tarso Genro, vai ganhar a primeira eleição direta depois da ditadura, como de fato aconteceu no dia seguinte, 15 de novembro de 1988.

Primeiro governo do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre, onde vai surgir o Orçamento Participativo, respeitado no Brasil e no mundo, que fez surgir o primeiro Fórum Social Mundial em Porto Alegre em 2001, ´um outro mundo possível´, urgente e necessário em 2022.

No segundo turno da campanha presidencial de 1989, aconteceu algo semelhante no Rio Grande do Sul. Brizola ganhou longe de Lula no primeiro turno nas bandas gaúchas.  No segundo turno, quando Brizola veio ao Rio Grande para apoiar Lula, em comício histórico em Novo Hamburgo, tudo mudou. Verdadeira lavada de Lula, vitória acachapante nos pagos.

Em 2022, estamos ante a eleição das nossas vidas, tão ou mais importante que as primeiras eleições diretas depois da ditadura.

O que vai acontecer? Qual o resultado? Ainda não é possível dizer, na minha modesta opinião. E escreve aqui quem participa de eleições diretamente desde 1978, há 44 anos, portanto. Começam a surgir fortes sinais da possibilidade de vitória de Lula já no primeiro turno: votos consolidados, números da pesquisa estimulada e da pesquisa espontânea quase iguais, a chamada terceira via sem conseguir avançar e se consolidar.

As pesquisas dizem muito, mas não dizem tudo. No Rio Grande do Sul, a primeira vinda de Lula ao Rio Grande do Sul nesta campanha, dia 16 de setembro, sexta-feira, final da tarde, poderá-deverá ter papel importante, senão determinante, sobre o resultado das eleições gaúchas, especialmente no plano estadual. Pode incendiar a reta final de campanha.

A candidatura Olívio a senador gaúcho em 2022 é um fenômeno. Olívio candidato andando de bicicleta na rua, indo de ´bici´ para o Brique da Redenção. Ou continuando a pegar ônibus para ir para casa, com todas as angústias da sua segurança. Olívio quase não conseguindo andar na rua porque todo mundo quer dar um abraço, fazer uma ´selfie´, tirar um dedo de prosa, coisas normais na vida de um ex-deputado federal constituinte, ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro de Estado, e agora de novo candidato. Olívio é do povo. Olívio é o ´Encantar a Política´, ao vivo e em cores.

A arrancada final das eleições/2022 começou com o Grito das Excluídas e dos Excluídos no Bairro Partenon, Porto Alegre, no dia dos 200 anos da (In)dependência. Milhares de pessoas vieram das comunidades e periferias, e fizeram uma caminhada por moradia/teto, direitos, saúde, água, democracia. Era entusiasmo e energia ao mesmo tempo, como se fosse a primeira vez, caminhada e Grito, na vida dos participantes.

A vinda de Lula a Porto Alegre e ao Rio Grande do Sul em 16 de setembro, sexta, 17h, tudo indica, deverá ser o grande acontecimento da reta final desta campanha. Pode ser ou representar a caminhada de Olívio no final da campanha de 1988 na Rua da Praia e o comício de Lula e Brizola em Novo Hamburgo no segundo turno de 1989. Na arrancada final, duas semanas, quem sonha com ´um outro mundo possível´, urgente e necessário, será uma só alma, um só coração, gritando, soberania, democracia, esperança, utopia.

As próximas três semanas serão eletrizantes, comparáveis a 1988 em Porto Alegre e ao segundo turno de 1989 no Rio Grande do Sul, como relatei acima. Rua, rua, rua, rua, portanto, é o que se espera e exige de todas e todos, militantes, sonhadoras-es, batendo nas portas, conversando com as pessoas, criando/construindo emoção e voto, com fé e coragem, até 2 de outubro.

Esperançar profeticamente é o que se pode dizer e fazer acontecer nestes dias memoráveis, e que vão estar inscritos na História do Rio Grande do Sul e do Brasil.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko