Rio Grande do Sul

Tempos Históricos

Artigo | Participação

"Os valores estão em processo de modificações, neste sentido que nascem novos de grande transformação"

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"A própria Democracia pede mais. Hoje não só o debate está presente como são valores que vêm de uma prática muito poderosa e que deve ser ampliada e fortalecida" - Sindipetro

Este processo político que vivemos hoje no Brasil e que se desenvolve por um longo tempo é expressão de um mundo que vive modificações profundas e se caracteriza como Transformação de um Tempo Histórico na Sociedade. As novas relações são mudanças permanentes e contínuas.

Nossa economia, fica muito evidente que não é mais movida principalmente pela produção, mas muito mais pelo sistema especulativo financeiro, em setores especulativos urbanos ou nas terríveis "queimadas" da Amazônia. As relações de trabalho também são outras e todos nós vimos neste sentido a legislação destruída em todos os seus aspectos que defendia os direitos trabalhistas. Os valores da ideologia estão em processo de modificações, neste sentido nascem novos valores de grande transformação e colocam novos valores para o relacionamento entre as pessoas, muito criativo e com valores novos de respeito e questionamento das opções pessoais e coletivas.

Infelizmente desperta junto, em oposição, a concepção do ódio daqueles que não resistem grandes valores de relações humanas. Podemos citar também as alterações na psicologia, as relações de trabalho e condições de vida, a arte, os valores e a modificação nas relações políticas e muito mais.

Junto vemos que a era do imperialismo e seus valores estarem fracos. A opção de dominar, criar colônias, o desemprego que faz os trabalhadores débeis e criar a ideologia da submissão. A estrutura política de seu funcionamento mostra debilidades e se estende no mundo todo.

Em nosso país tivemos um surto jurídico para impedir a Democracia na última eleição presidencial. Também temos a utilização da comunicação virtual no sentido de estimular o individualismo e isolamento, junto das fake news, armas de ação conservadora, mas que encontram resistências.

O imperialismo demonstra estar fraco. Nos conflitos internacionais e nacionais assim como nas situações próximas das pessoas. É fundamental atuarmos neste sentido, tornar a América Latina forte e formularmos políticas para o mundo.

Também aqui não podemos fazer somente como política de governo. Precisamos unir e debater com as Universidades, os trabalhadores, os empresários e todos mais em todos os países sempre com o objetivo de união, defesa da população, solidariedade. O desenvolvimento assim determina.

É muito significativo dizermos que a metodologia da relação que se estabelece na dinâmica desta movimentação, em seus múltiplos aspectos, é outra. Não podemos falar em uma dialética de outras situações que se repete. Aliás nada se repete. Ocorre que este lado filosófico ainda é pouco considerado.

As "soluções" e as ditas maneiras de relações também não são como antes. Em uma reunião que participei, foi levantado por um amigo que as mães da "Praça de Maio", com sua decidida manifestação em Buenos Aires, conseguiram que os brutos generais autoritários e ditadores chorassem pelos cantos e não conseguiram se manter e perder para a Democracia.

Ocorre que a própria Democracia hoje pede mais. Podemos levantar questões que na própria Revolução Francesa já eram discutidas como soluções da representatividade e da participação. Hoje não só o debate está presente como são valores que vêm de uma prática muito poderosa e que deve ser ampliada e fortalecida.

São caminhos que têm acúmulos de experiências e valores significativos construídos em atividades concretas. Também estas experiências sofrem agressões. São medidas daqueles que não gostam da "complexa" participação e preferem criar possibilidades para reduzir tudo para somente "representatividade", onde é “fácil” a corrupção e soluciona tudo em tempos muito rápidos. Um exemplo muito evidente é o já famoso "Orçamento Secreto" aqui no Brasil.

Em oposto a estes caminhos da rasteira corrupção e suas outras destruidoras práticas, existem caminhos políticos muito diferentes como a prática da participação que nasce forte e cresce poderosa. O conflito está estabelecido. Não serão somente estes elementos que se farão necessários para estabelecer respostas no relacionamento político da sociedade, mas a participação é decisiva.

É fundamental ressaltarmos que, nos governos nacionais do presidente Lula e da presidenta Dilma existiram os famosos conselhos sociais de participação dos diversos setores da sociedade. Na cidade de Porto Alegre, durante o governo de Olívio Dutra, foi criado pela orientação política que procurava o debate e as soluções com a população o famoso Orçamento Participativo. Sua força era muito grande e permaneceu para diversos outros governos, mesmo alguns bastante reacionários.

Uma cidade como Porto Alegre, que cresceu rápido em seus espaços, sofreu muito com estes caminhos que rejeitavam a população e preferia que os trabalhadores, estudantes ou moradores em geral vivessem longe do ensino, trabalho, saúde e os mais diversos serviços urbanos. O caminho era levar tudo isto para estes novos bairros da periferia. Havia uma resposta nova. A antiga especulação imobiliária, que convive com a terrível especulação financeira tiveram que “chiar baixinho”. A força política deste novo caminho era poderosa. A vitória e os caminhos populares estavam estabelecidos.

Depois do golpe de 2016 os caminhos dos discursos que predominam hoje são contra a ideologia do relacionamento, que propõe o diálogo, o debate com respeito e direto com a população. Hoje a opção que tem sido apresentada é o domínio e a submissão, valores de concepção do hoje fraco imperialismo.

Frente às terríveis consequências do desemprego, até a direita procura soluções e fala em pequenas e médias empresas apoiadas com o poderoso Estado, mas com a dinâmica ideológica do “empreendedorismo”, que valoriza a concorrência entre os pequenos. Impostos menores, financiamento mais acessível e mesmo reformas em todo sistema não se fala. Uma concepção cooperativada não é considerada por estes governos de orientações políticas conservadoras, inclusive porque imporia a participação. A unidade entre estas empresas são importantes em atividades econômicas em cooperação.

Mas a democracia já tem acúmulos com valores que foram construídos como conhecimento, estrutura, muita gente que quer avançar e algo que é poderoso, grandes lideranças.

É fundamental sabermos que este caminho não é somente uma pequena aproximação. O mundo precisa de respostas políticas para sua crise da Democracia. Não queremos guerras entre nações nem milicias junto a nós. Não queremos o desemprego, queremos soluções com aproximação, o que fará a população forte. As alterações deverão atingir as próprias relações institucionais da sociedade dentro de um processo democrático e republicano de debate e presença da população.

* Jaime Rodrigues é urbanista e professor da Universidade de Caxias do Sul.

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko