Rio Grande do Sul

RESPEITO

Contra o racismo e a intolerância religiosa, abraço a terreiro marca o Dia do Ubuntu

Em Porto Alegre, ato ocorreu no Ile Bara Ajelu Santo Antonio e Cabocla Jurema, localizado no bairro Medianeira

Sul 21 |
Abraço simbólico em celebração ao dia do Ubuntu visitou terreiros de todo o Brasil - Foto: Luiza Castro/Sul21

Nesta quinta-feira (15), organizações baseadas na fé marcaram o Dia do Ubuntu com abraços simbólicos a terreiros de Umbanda, Candomblé e outras manifestações religiosas de origem africana de todo o Brasil, para levar um “abraço ao terreiro” em nome do amor, da paz e da liberdade religiosa, contra a intolerância e o fundamentalismo. Em Porto Alegre, o ato aconteceu às 17h no terreiro Ile Bara Ajelu Santo Antonio e Cabocla Jurema, casa da Mãe Sandra de Bará, no bairro Medianeira.

A palavra “ubuntu”, de origem africana, não possui tradução exata, mas é definida como “sou o que sou pelo que nós somos”, pela perspectiva do respeito, da solidariedade e da empatia. Para o bispo Humberto Maiztegui, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, o ato serviu para reforçar que terreiros são locais sagrados, mas que historicamente tiveram de ser escondidos para preservar a segurança dos fiéis. “Como pessoas cristãs, estamos aqui abraçados no terreiro porque queremos proclamar e dizer que nosso senhor Jesus Cristo, esse que muitas vezes usaram o nome para atacar, demonizar e discriminar, é, realmente, o senhor do amor”, disse.


O bispo anglicano animou o ato com músicas / Foto: Luiza Castro/Sul21

Baba Diba De Iyemonja, babalorixá no Ilê Asé Iyemonjá Omi Olodô e coordenador nacional da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), afirma que é preciso reafirmar constantemente o respeito ao espaço sagrado do povo de terreiro, que não é somente um espaço religioso, mas um espaço que guarnece o legado da cultura afro-brasileira. “Temos sofrido racismo religioso na carne, violência simbólica e violência física real. Os nossos espaços estão sendo destruídos e não existe o menor respeito do poder público por eles. Nós defendemos um estado laico, que acolhe diversas matrizes civilizatórias, diversas etnias, um Brasil que tem mais de 50% da sua população negra e deve muito para o nosso corpo.”

Baba ainda citou a situação do terreno da casa da Mãe Sandra, que teve de deixar o local que ocupava há mais de 30 anos para dar espaço à obra de duplicação da Avenida Tronco. Mãe Sandra de Bará agradeceu a presença de representantes de diversas entidades religiosas no novo espaço do terreiro, que será inaugurado em dezembro. “Quando nós levantamos o nosso sagrado, o nosso chão sagrado, a nossa primeira visita é da igreja. Eu não canso de ir na igreja com muito amor, com muito carinho a Deus, porque ele é nosso espírito santo sagrado, que nos traz a vida e o nosso pão de cada dia como nossos Orixás.”


Mãe Sandra de Bará e a responsável pelo terreiro Ile Bara Ajelu Santo Antonio e Cabocla Jurema / Foto: Luiza Castro/Sul21

A iniciativa foi do Fórum Ecumênico ACT – Brasil, do qual a Fundação Luterana de Diaconia (FLD-COMIN-CAPA) faz parte, junto ao Fórum Inter-religioso e Ecumênico do Rio Grande do Sul, o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC-RS), a Renafro, o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (CENARAB), a Associação Brasileira de ONGs (ABONG) e a Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político.

Confira mais fotos do evento no site do Sul 21.


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Edição: Sul 21