Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2022

Entrevista com Ricardo Jobim, candidato do Novo ao governo do Rio Grande do Sul

Candidato defende austeridade para o estado crescer, novas privatizações e empresas na prestação de serviços públicos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Advogado, empresário no ramo da comunicação e professor universitário, Ricardo Jobim foi conselheiro da OAB/RS e presidente da OAB Santa Maria - Foto: Camejo Comunicação

Esta é a segunda entrevista da série especial que o Brasil de Fato RS vai veicular no primeiro turno das eleições 2022 com as candidaturas ao governo do Rio Grande do Sul. Após breve apresentação da candidata e dos candidatos, seguem seis perguntas sobre temas que a redação considera relevantes para que os eleitores levem em conta na hora de exercer seu voto.


Ricardo Jobim, 47 anos, concorre ao Piratini pelo Novo. Com candidatura única, sem coligações com outros partidos, traz como candidato a vice seu correligionário Rafael Dresch.

Natural de Santa Maria (RS), é advogado e empresário no ramo da comunicação, além de professor universitário nas áreas de negociação, direito médico e sucessório. Foi conselheiro da OAB/RS, presidente da OAB Santa Maria e diretor da Câmara de Indústria e Comércio de Santa Maria (CACISM).

A declaração de bens do candidato traz um patrimônio de R$ 7,18 milhões, composto por terreno, casas e prédios comerciais, veículos, investimentos financeiros, entre outros. O valor recebido por sua campanha é de R$ 122,6 mil. Entre os doadores, aparecem no topo da lista três pessoas físicas: o próprio candidato (R$ 40 mil), Tiago Rafael de Carvalho (R$ 25 mil) e Daniel Raul Randon (R$ 25 mil).

Seu partido, o Novo, apresenta-se como sendo fundado “por cidadãos ficha-limpa, que nunca haviam se envolvido com política e resolveram sair da indignação para a ação” e defende ideias como Estado sem estatais, participação da iniciativa privada nos serviços públicos, equilíbrio de contas públicas e simplificação de leis. O programa de governo de Ricardo destaca na capa: “Uma proposta liberal para o Rio Grande do Sul”.

O partido conta com dois deputados na Assembleia gaúcha e um na Câmara federal. Por conta desta representatividade e por não ter coligações, tem o menor tempo na propaganda eleitoral gratuita no RS, com 16 segundos.

Na pesquisa IPEC mais recente, divulgada em 2 de setembro, o candidato aparecia com 1% das intenções de voto ao governo do RS. Esta pesquisa apresentou nível de confiança de 95%, com uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Foi contratada pela RBS Participações S.A. e registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-02047/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número RS-07668/2022.

Nas eleições de 2018, o então candidato ao governo do estado pelo Novo, Mateus Bandeira, ficou na quinta colocação, sendo escolhido por 200.877 eleitores, o que equivale a 3,36% dos votos.

A seguir, confira a entrevista com o candidato:

Brasil de Fato RS - Como ampliar políticas públicas para a população tendo em vista o teto de gastos aprovado para que o RS aderisse ao Regime de Recuperação Fiscal?

Ricardo Jobim - Toda a solução para essa questão passa por meio de políticas de austeridade e definição de prioridades. Austeridade porque precisamos fazer com que o Estado caiba em si mesmo de maneira sustentada, sem liquidar seu patrimônio para pagar despesas correntes e sem recorrer a sucessivos aumentos de impostos. E, nesse sentido, a definição de prioridades entra na lógica de fazermos o governo operar com eficiência, efetivamente entregando serviços e políticas públicas para a população como um todo e políticas focalizadas para quem mais necessita. Não se trata de poupar por poupar ou reduzir por reduzir: trata-se de fazer com que o Estado efetivamente trabalhe para o seu povo.

BdF RS - Como o Rio Grande vai conseguir pagar a sua dívida com a União?

Ricardo - Com a adequação de suas receitas, despesas e com o avanço de reformas estruturais que permitam ao Rio Grande do Sul crescer sustentavelmente nas próximas décadas, com crescimento subsequente da arrecadação.

BdF RS - Você tem um plano para restaurar o sistema educacional do Rio Grande do Sul?

Ricardo - Temos um plano para reverter esse quadro de deterioração do ensino gaúcho e ele envolve reformas gerenciais, metodológicas e de estrutura. Defendemos a municipalização de todos os colégios de ensino fundamental, com a devida transferência de receita, para uma gestão mais próxima por parte dos municípios. Além disso, acreditamos que um ato de gestão importante envolve utilizar os recursos da educação de forma a estimular a melhora das escolas, repassando mais para as melhores escolas em índices nacionais.

Na questão metodológica, defendemos a retomada da autoridade do professor dentro da sala de aula e a adaptação dos currículos para um diálogo ainda mais intenso com as demandas do mercado de trabalho, nas linhas do que está estabelecido no novo ensino médio: uma educação cidadã não pode deixar de amparar o indivíduo na sua trajetória posterior.

Quanto à estrutura e demais adaptações necessárias para um sistema educacional moderno e inovador, somos ambiciosos: pretendemos privatizar o Banrisul e utilizarmos os recursos da venda do banco para a criação de um fundo financeiro de reforma da educação gaúcha. É o dinheiro do presente construindo o nosso futuro.

BdF RS - O Consea-RS estima que sete a cada 10 famílias que vivem no estado enfrentam dificuldades ou não têm o que comer.  Que ações você pretende tomar para reverter esse cenário de fome no RS?

Ricardo - A questão da fome é um problema enorme que derruba qualquer estado, afetando diversos indicadores socioeconômicos: não existe avanço na educação, não existe sociedade organizada, não existe progresso com a barriga vazia e com a fome. Nesse sentido, pretendemos, de maneira geral, permitir a maior geração de empregos possível que permita que muitas dessas famílias tenham um salto fundamental de renda para garantir o seu direito básico, e, de maneira específica, ampliar políticas de instalação de restaurantes populares, bancos de comida comunitários - que podem ser construídos em parcerias com empresas -, o aumento da política de devolução do ICMS para famílias de baixa renda e a campanha institucional por uma reforma tributária que deixe de sobretaxar alimentos e consumo e passe a tributar efetivamente a renda.

BdF RS - Dados oficiais mostram o aumento do feminicídio no RS. Ao mesmo tempo, a rede de apoio a mulheres vítimas de violência sofre desmonte no atual governo. Você tem propostas para combater este problema?

Ricardo - Nossa proposta é ampla e multifacetada, envolvendo a prevenção do problema e o combate efetivo no momento em que ele ocorre. Em um primeiro momento, a prevenção passa pela educação, mostrando aos jovens que a postura de abuso contra a mulher é algo inaceitável em uma sociedade minimamente civilizada e mostrando às mulheres como identificar posturas criminosas por parte dos parceiros e denunciá-los. Um segundo momento trata de efetivamente combater esse crime após o ocorrido, com resposta rápida dos agentes de segurança, com ampliação das patrulhas Maria da Penha e com uma estruturação qualificada de redes de abrigo e proteção para as mulheres atingidas, podendo ser realizada com apoio da iniciativa privada.

BdF RS - Nos dois últimos governos vimos a privatização acelerar sobre os principais serviços públicos. Como garantir a soberania do estado e a importância do serviço público neste contexto? Pretende reverter alguma privatização?

Ricardo - Não pretendemos reverter nenhuma privatização e pretendemos avançar nas políticas de desestatização. A soberania nacional e a garantia de serviços se dá por agências reguladoras e pela confecção de contratos claros com os novos detentores das empresas estatais. Além disso, conta-se com o Poder Judiciário para a execução de qualquer compromisso não-realizado pelas empresas e, em última instância, conta-se com as Forças Armadas para a retomada de soberania em qualquer tipo de violação empreendida por entes privados.

Para conferir o plano de governo de Ricardo Jobim, clique aqui.


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Edição: Katia Marko