Rio Grande do Sul

Opinião

Artigo | Lula lá! Vencemos e vamos vencer

Para superar algum 'desânimo', basta perguntar ao trabalhador como é que ele faz para continuar na dureza do cotidiano

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Há uma coisa na minha vida que me motiva, me estimula e me faz renascer a cada dia, que é a crença de que nada acontece por acaso. E quero dizer pra vocês que vamos ganhar essas eleições” - Foto: Ricardo Stuckert

Não é hora nem há tempo para especulações analíticas. Não permitamos, em função de nossas expectativas não correspondidas, que nos roubem o extraordinário triunfo que obtivemos.

Derrubaram a presidenta Dilma, criminalizaram o PT e a esquerda, botaram na cadeia, sem provas, o melhor presidente da história do Brasil, destruíram a economia, subordinaram o país aos EUA, aumentaram a fome e a miséria, executaram chacinas de homens, mulheres, crianças, e ainda por cima, levaram criminosamente à morte quase 700 mil pessoas contagiadas pela covid. Tínhamos que estar arrasados e derrotados pela máquina de dinheiro e manipulação que veio pra cima de nós e, no entanto, vencemos o primeiro turno por mais de 6 milhões de votos!

Ficou provado que somos rebeldes, temos dignidade, estamos de pé e vamos demonstrar que nossa motivação vem do amor, da coragem e da sabedoria popular. 

Analistas repetem que “as pesquisas erraram”. Nada disso! Elas fazem parte da ordem, do “esquema” e dos interesses que apoiaram em 2018 um declarado fascista contra o humanista professor, Fernando Haddad. Já nos deixamos levar pelas pesquisas, é verdade, agora chega!

A “surpresa” do voto no genocida somada a nossa expectativa de vencermos no primeiro turno, alimentada por eles, teve a clara intenção de nos desmoralizar. É a única forma de apagarem a façanha que acabamos de conquistar. Vamos permitir?

Sem argumentos, eles vão acirrar as mentiras e a campanha forjada no medo. Ninguém é imune, amamos a vida, mas podemos ser valentes com inteligência. Para começar, digamos com Saramago: “Não temos medo, estamos assustados com a própria coragem”. 

Por que a guerrilha colombiana se tornou a mais longa da história? Porque a violência era tão generalizada (e ainda é), que ano após ano, durante décadas, as pessoas foram colocadas no dilema vital: aguardar passivamente serem abatidas como gado ou resistir, morrer se fosse o caso, mas de pé, lutando. Isso se chama dignidade vital da espécie. No Brasil, por sorte, ainda não se chegou nesse ponto, mas a lição permanece válida. É hora de ir à luta pela vida. 

Os seguidores do genocida são covardes mesmo quando armados. Lembram do valentão de fuzil nas redes que voltou borrado de medo da Ucrânia? São corajosos quando andam em manada e no caso de indivíduos metidos a “durões”, por óbvio devemos tomar cuidado. São desequilibrados e vítimas do desespero pelo sem-sentido da vida que lhes oferece o capitalismo em crise. Não marquemos bobeira, andemos sempre acompanhados e de olho, pois são traiçoeiros. 

Isso de estarmos sempre juntos é também importante porque é assim que devemos visitar as comunidades mais pobres e sofridas para que sintam que estão acompanhadas ao receberem a mensagem de resistência, luta e esperança que representa o Lula. 

A vitória está perto, mas depende de nós. Para superar algum “desânimo”, basta perguntar a qualquer trabalhador como é que ele faz para continuar na dureza do cotidiano, acordando de madrugada, pegando ônibus lotado e marcando ponto por um mísero salário. Aprendamos dessa resistência diária para sobreviver. Nela não há espaço para qualquer baixo astral que nos faça desistir de lutar. 

O perigo fascista é real. Quatro anos de “testes” deveriam ser mais do que suficientes. No entanto, a miséria material e espiritual está espalhada de cima a baixo. É o que revelam os resultados eleitorais e as reações posteriores. Medo, síndrome de Estocolmo social, compra de votos, alienação religiosa e política induzida por igrejas e meios de comunicação, cálculos políticos, interesses econômicos perversos, oportunismo, covardia e inclusive muita estupidez. Superado este risco que atravessa a democracia no Brasil, haverá tempo e espaço para analisar os diversos fatores que contribuíram para chegarmos nesta situação.    

De momento, temos a excelente notícia de que o PDT, de maneira unânime, decidiu apoiar o Lula no segundo turno. Esperamos que esta iniciativa sinalize o caminho a seguir pelas demais forças políticas que se dizem preocupadas e comprometidas com um Brasil livre, democrático e dono da sua soberania. 

Para que Lula possa vencer, façamos uma disputa elevada de nossas ideias, sobretudo nas redes. Evitar cair na desinformação e nas provocações que jogarão sujo para tentar nos dividir. Provemos estar à altura do que está em jogo e participemos tanto quanto seja possível das caminhadas e encontros diretos com a população nas vilas, bairros e ruas. O Lula precisa que a gente saia das nossas bolhas, tanto nas redes como na vida real, encontrando as pessoas. 

Na noite de domingo, confirmados os resultados do primeiro turno e percebendo que estes não respondiam às nossas expectativas, Lula reagiu como o verdadeiro guerreiro e líder que é. Processou brilhantemente o acontecido sem drama e antes de pedir aos presentes para que o acompanhassem à Avenida Paulista para encontrar com o povo, Lula disse com muita calma e confiança: “Há uma coisa na minha vida que me motiva, me estimula e me faz renascer a cada dia, que é a crença de que nada acontece por acaso. E quero dizer pra vocês que vamos ganhar essas eleições”.

Todas e todos somos Lula. Arregacemos as mangas e vamos trabalhar pela esperança de um futuro melhor. A vitória será nossa. Pelo Brasil Pátria amada, juntos venceremos!     

* Sociólogo venezuelano (UFRGS/Brasil), professor da Universidade Bolivariana de Venezuela (UBV).

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko