Rio Grande do Sul

Coluna

2 de outubro de 2022: o dia do quase

Imagem de perfil do Colunistaesd
"Nada está ganho, assim como nada está perdido. O futuro, sabemos, não será fácil" - Foto: Ricardo Stuckert
Um novo tempo, com Lula presidente, vai se abrir no Brasil e iluminar o mundo

Quase fui preso e colocado num camburão da Brigada Militar gaúcha, depois de participar de dezenas de eleições. Uma dupla de brigadianos chegou a me dar voz de prisão por suposta boca de urna na entrada do Colégio Rosário, onde voto, em Porto Alegre. Depois de argumentar que eu não estava fazendo nada de errado, recuaram, mas, por intermédio de terceira pessoa, avisaram que, caso eu não saísse do lugar onde estava, voltariam e me dariam voz de prisão. Alguém deve ter-me conhecido e ´dedado´, dizendo quem eu era, e que só minha presença física no local já era uma forma de boca de urna. Por prudência, aconselhado por companheiras e companheiros, resolvi afastar-me do local.

Quase fiquei rico. Pela primeira vez na vida, acertei a quadra da Mega Sena dos R$ 300 milhões, resultado que fui saber domingo, 2 de outubro, sendo um dos números sorteados, claro, o 13. Infelizmente, foi só a quadra.

Lula-Alckmin quase ganharam no primeiro turno.

Edegar Pretto-Pedro Ruas quase foram para o segundo turno nas eleições para governador do Rio Grande do Sul.

O povo gaúcho, eleitoras e eleitores, quase redimiu-se de um erro histórico de anos atrás. Olívio Dutra quase elegeu-se senador.

2 de outubro de 2022, o dia do quase, vai entrar para a história e para a minha vida pessoal. Quase dá um romance. Mas 30 de outubro de 2022 não será o dia do quase. Lula será de novo presidente da República por vontade soberana do povo brasileiro.

Que fazer, no entanto, para evitar o quase no segundo turno e garantir a vitória de Lula e Alckmin?

1. Não acreditar tanto nas pesquisas. Elas, no máximo, são um indicativo, mas não decidem nem voto nem eleições. Ouvir, sim, o que diz a voz das ruas, saber quais são as necessidades, ansiedades e dúvidas da população expressas diretamente.

2. Acreditar menos nas redes sociais para conquistar votos, achando que só as ´verdades´ expressas nos aplicativos vão decidir o voto, em vez das mentiras divulgadas aos milhões.  Redes sociais são importantes, mas a direita conservadora as utiliza para mentir e imbecilizar. E sabe fazer isso muito bem.

3. Saber, e convencer-se definitivamente, que a direita conservadora e escravocrata está mais do que viva. Apropriou-se de igrejas e religiões com visão neofascista e contra a democracia. E usa, como sempre fez na história brasileira, de todos os meios e instrumentos, legais e ilegais, para se consolidar, até golpes e ditaduras, e para vencer eleições.

4. Conversar, conversar, conversar muito e sempre, incansavelmente. Explicar para as pessoas por que votar em Lula, lembrar os programas e políticas do governo Lula. Falar da fome, do desemprego, da miséria, das consequências da pandemia e de como um governo Lula sabe e vai enfrentá-las e resolvê-las. Serão 3 longas semanas, 23 dias que vão demorar muito a passar. Mas, felizmente, o primeiro turno da eleição das nossas vidas mostrou que a militância lutadora e sonhadora está mais acesa que nunca. Fez, e fará de novo, a diferença.

5. Ir para as ruas o tempo todo, visitar vizinhas e vizinhos, procurar parentes, amigas e amigos, e todas e todos que trabalham ao lado, sem parar, todos os dias o dia inteiro. Assim, com certeza, o sonho e a esperança vão tornar-se possíveis e concretos.

Nada está ganho, assim como nada está perdido. O futuro, sabemos, não será fácil, em tempos de ódio, intolerância nunca antes vistos, violência poucas vezes vivida no cotidiano de pessoas e comunidades, e uma guerra no mundo, que parece nunca terminar. É um futuro a ser construído coletiva e solidariamente, ninguém soltando a mão de ninguém.  

Muito, muito trabalho pela frente, pois. Todo resto – atividades, debates, Seminários – pode esperar o 31 de outubro, quando o ´quase´ estará superado. Um novo tempo, com Lula presidente, vai se abrir no Brasil e iluminar o mundo.

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko