Ceará

Educação do Campo

No Ceará, MST conquista cursos técnicos de agroecologia e administração para escolas do campo

Os cursos têm como objetivo profissionalizar tecnicamente a juventude camponesa, destacando as potencialidades.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Ao todo serão três turmas que contemplarão 100 educandos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária e egressos das escolas do campo. - Foto: Comunicação MST

Durante essa semana, de 17 a 21, as escolas de ensino médio do campo Francisco Araújo Barros, localizada no Assentamento Lagoa do Mineiro, em Itarema e a escola João dos Santos de Oliveira, no Assentamento 25 de Maio, em Madalena estão recebendo as primeiras aulas dos cursos de agroecologia e administração.

Os cursos são conquistas das famílias assentadas do MST e contam com a realização da Secretária de Educação do Estado do Ceará (SEDUC-CE), por intermédio das Coordenadorias da Diversidade e Inclusão Educacional (Codin) e de Educação Profissional (Coedp). Ao todo serão três turmas que contemplarão 100 educandos oriundos de assentamentos da Reforma Agrária e egressos das escolas do campo.

Maria de Jesus dos Santos, da direção estadual do setor de educação do MST e da coordenação política pedagógica dos cursos técnicos afirma que a luta do MST na construção da Reforma Agrária Popular no estado do Ceará vem avançado na organização da produção com as agroindústrias, com as cooperativas regionais e com o fortalecimento da organização da produção da base assentada e acampada. Ela explica que a necessidade de formar técnicos em agroecologia e administração com ênfase nas organizações populares é uma reivindicação do MST desde 2015 e que agora está se concretizando. “O nosso desafio com as turmas é de garantir a nossa organização da produção, da gestão das comunidades. Nós precisamos abastecer nossas agroindústrias e para isso precisamos de conhecimento, de uma base técnica comprometida com a agroecologia e comprometida com a Reforma Agrária”, afirma. 

Patrícia Neto, assessora técnica da educação do campo da SEDUC-CE destaca a iniciativa da secretaria a partir das demandas apresentadas pelos gestores das escolas do campo e o setor de educação do MST. “Visando assegurar a formação e o aperfeiçoamento técnico dos estudantes egressos das escolas de ensino médio residente na zona rural e em áreas de assentamento da Reforma Agrária a secretaria acolheu a demanda por cursos técnicos profissionalizantes”. 

Patrícia afirma que estes cursos têm como objetivo profissionalizar tecnicamente a juventude camponesa, destacando as potencialidades transformadoras do associativismo e cooperativismo. “A intenção principal desta iniciativa é que se inaugure uma política de profissionalização dos jovens do campo diferenciada, fundamentada na escuta das reais demandas, necessidades e interesses dessas populações. A expectativa da secretaria é que se tenha uma expansão da oferta de cursos para as dez escolas do campo em áreas de assentamentos da Reforma Agrária que hoje fazem parte da rede estadual de ensino do Ceará”.

“É muito importante os cursos técnicos nas escolas do campo para fortalecer o debate da produção agroecológica e da alimentação saudável junto às comunidades. O curso vem fortalecer, ampliar e beneficiar as famílias, a comercialização, organização dos núcleos produtivos e, a partir desse fortalecimento, garantir a permanência da nossa juventude no campo, pois esta tem sido disputada cotidianamente pelo capital”, relata Francisco de Assis, jovem do Assentamento Nova Conquista, no município de Amontada-CE, educando da turma de agroecologia da escola Francisco Araújo Barros.

Maria de Jesus também ressalta o processo de organização dos cursos e a importância dos conteúdos no fortalecimento da agricultura familiar camponesa. “Os cursos de agroecologia e administração foram idealizados pelo setor de educação do MST com colaboração de vários setores do movimento e de professores de universidades parceiras. A educação profissional é fundamental para os movimentos populares do campo e para a resistência. Os nossos cursos têm ênfase no bioma Caatinga, na convivência com o Semiárido e para nós é de fundamental importância esse conhecimento a serviço do projeto da classe trabalhadora camponesa, da Reforma Agrária Popular”.

Sobre os cursos

O Curso técnico em agroecologia se realizará na modalidade presencial em regime de alternância e/ou concomitante, com carga horária de 1.200 horas e 
tem como objetivo promover a formação técnica em agroecologia na perspectiva no fortalecimento da organização nos territórios camponeses.

O curso técnico em administração também se realizará em modalidade presencial, em regime de alternância e/ou concomitante, com carga horária de 1.000 horas e tem objetivo de construir uma gestão cooperativa das organizações populares, com foco nas agroindústrias camponesas.

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Edição: Francisco Barbosa