Rio Grande do Sul

Eleição municipal

Debate reúne as três chapas que concorrem na eleição suplementar de Cachoeirinha (RS)

Confronto de ideias entre candidatos foi promovido pelo Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (SIMCA)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Debate reuniu as três chapas que concorrem na eleição suplementar de Cachoeirinha (RS) neste domingo (30) - Reprodução

O Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (SIMCA) promoveu um debate entre as chapas que concorrem na eleição suplementar para a prefeitura da cidade. O pleito ocorre em 30 de outubro, junto do segundo turno das eleições para presidente e governador, por conta da cassação da chapa do ex-prefeito Miki Breier (PSB) e seu vice Maurício Medeiros (MDB), devido ao crime de abuso de poder político e econômico.

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Os três candidatos que concorrem à prefeitura da cidade localizada na região Metropolitana de Porto Alegre compareceram ao debate (na ordem em que foram apresentados):

Cristian Wasen (MDB), advogado, 44 anos, em 2017 assumiu seu primeiro mandato na Câmara de Cachoeirinha. Foi presidente do Legislativo municipal, sendo, atualmente, o prefeito interino da cidade. É candidato pela coligação MDB, PP, Avante, PDT e Republicanos. Seu candidato a vice é João Paulo (PP);

David Almansa (PT) é sociólogo, tem 31 anos, exerce atualmente o cargo de vereador em Cachoeirinha, tendo sido o mais votado em 2020. É candidato pela coligação "A esperança vai mudar Cachoeirinha", composta por PT, PSOL, PCdoB, PV e Rede. Sua vice é Ester Ramos (PSOL);

Rubens Otávio (União), conhecido como Dr. Rubinho, é advogado, já exerceu dois mandatos de vereador em Cachoeirinha. Concorre pela aliança "Mais Cachoeirinha", formada por PSDB, Cidadania, PRTB, PTB, PL, Podemos, Solidariedade, PSC e Patriotas. Sua vice é Jacqueline Ritter (Cidadania).

Declarações iniciais foram livres

No primeiro bloco, cada candidato teve dois minutos para falar livremente. O objetivo foi que os postulantes à prefeitura expusessem à população de Cachoeirinha os motivos das suas candidaturas.

 

O primeiro a responder foi o Dr. Rubinho, afirmando que tem orgulho de ter vindo "da base, da periferia, e chegar onde cheguei".

Disse ainda acreditar na cidade e confiar nas pessoas para "colocar a cidade no prumo, na rota do crescimento e do desenvolvimento. Vamos trazer dignidade para as pessoas".

O candidato Cristian afirmou que quer ser prefeito para devolver recursos e serviços com qualidade, de forma ágil, ouvindo os servidores públicos de forma atenciosa.

Recordou que assumiu interinamente a prefeitura em abril e que, desde então, não parou de trabalhar. "Nós levamos os problemas para casa, nós sofremos junto com nossa população, por isso temos compromisso com as pessoas."

Por sua vez, Almansa afirmou que é oriundo da luta pela educação pública de qualidade. "Sou alguém que desde os 14 anos entende que o serviço público é essencial, especialmente para nós, jovens da periferia."

Ressaltou que acredita na força do serviço público valorizado. Disse também que a eleição só está acontecendo por causa da "corrupção e da roubalheira" de um governo que "agrediu trabalhadores". Ainda, que acredita na ciência, na educação e na "força do povo, que não aceita mais a velha política".

Reajuste dos servidores públicos

No bloco seguinte, o SIMCA encaminhou perguntas para os três candidatos, com temas relevantes para os trabalhadores da categoria. Questionados sobre os reajustes salariais dos servidores públicos, os três candidatos se comprometeram em valorizar o funcionalismo municipal e corrigir as perdas salariais.

Os três também se comprometeram durante o debate a dialogar com o SIMCA sobre os direitos dos servidores e eventuais propostas de restringir ou retirar direitos.

Quando interrogado, o candidato David Almansa se comprometeu em resolver o problema da reposição, garantindo o reajuste já no primeiro momento. O petista considera que Cachoeirinha vive uma sequência de governos neoliberais, que investem na terceirização e penalizam os servidores.

O candidato Cristian Wasem destacou que seu governo interino está revendo muitas ações e resolvendo a parte interna para poder fornecer um reajuste, “mas dentro da realidade, sem discursos heroicos”. Prometeu também sempre estar aberto ao diálogo.

Já o candidato Dr. Rubinho disse que pactuou a promessa de conceder o reajuste perante o SIMCA, que terá sempre "diálogo franco e aberto". Afirmou também que é preciso valorizar a remuneração dos servidores. "Assim como no setor privado ocorre reajuste anual, os servidores públicos também possuem este direito", falou o candidato.

Faltam servidores na educação, saúde e segurança

Os candidatos foram questionados sobre a questão da falta de servidores públicos e a sobrecarga de trabalho nas áreas da educação, saúde e segurança, principalmente.

Iniciou o candidato Dr. Rubinho, que reconheceu o adoecimento dos servidores municipais. "Por conta disso, muitos se afastam do serviço público, muitos querem sair do município", recordou.

Afirmou que o município precisa fazer o caminho inverso, realizando concurso público para atrair novos servidores. Reclamou do que chamou de "precarização do serviço público, através de vários contratos que não funcionam. É o que vem sendo repetido nos últimos governos, inclusive pelo atual".

Almansa, por sua vez, afirmou que é o "único candidato que nunca fez parte deste que é o pior governo da história da cidade. São 22 anos do mesmo grupo político dirigindo a cidade e o que vemos é a destruição do serviço público". Disse que já foram criados grupos de trabalho para mostrar algumas soluções e que o atual governo preferiu não acatar.

Segundo o petista, para restituir os recursos humanos da cidade, é necessário "dizer a verdade. A Lei de Responsabilidade Fiscal permite a contratação de servidores, mesmo quando eles dizem que não é possível. Vamos chamar os profissionais dos concursos que estão na validade". Afirmou, inclusive, que o atual governo não nomeia servidores sequer para repor os profissionais que se aposentaram.

Falou também em uma reestruturação da máquina pública, reduzindo gradativamente as terceirizações e aumentando a receita do município, através da execução de um plano econômico.

O candidato Cristian afirmou que se preocupa com a facilidade que os outros candidatos falam sobre a gestão pública. "Sim, eu respondo por seis meses da atual gestão, mas não sou do mesmo grupo político", lembrou. Afirmou que sua administração é séria e baseada na verdade, sem "vender ilusões". "A população está atenta e os servidores devem estar mais ainda", disse. Disse que a atual gestão participou sim do grupo de trabalho da educação.

Debate sobre meio ambiente gera tensão

Questionado sobre os galpões de reciclagem do município, o atual prefeito Cristian afirmou que sua gestão provisória restabeleceu o serviço de fiscalização ambiente, que estaria ausente há cerca de 10 anos. Disse que valorizou os servidores da área e que isso é sinal de que seu governo respeita o meio ambiente.

Cristian falou também sobre uma região de importância histórica e ambiental da cidade, o Mato do Júlio, e que qualquer ação ou decisão a ser tomada no local precisa de um estudo técnico a ser debatido com a cidade.

Dr. Rubinho, por sua vez, afirmou que o candidato Cristian "não fala toda a verdade. Quando ele abordou na Câmara de Vereadores um projeto do Plano Diretor, queria aprovar um estudo feito unilateralmente, sem discussão". O candidato disse também que o atual prefeito, na ocasião de discussão do referido projeto, queria dar isenções para os proprietários da área, com uma contrapartida que Rubens considerou insuficiente.

"Temos que ter responsabilidade para falar sobre o meio ambiente, sobre o Plano Diretor e o Mato do Júlio. Ninguém aqui é moleque, temos que tratar com seriedade", disse Dr. Rubinho.

Nesse momento, integrantes da plateia se manifestaram, exigindo um pedido de silêncio por parte do mediador do debate. Por sua vez, o candidato Almansa comentou a discussão entre seus adversários, afirmando que houve um "momento de delação premiada”. “A população deve ficar preocupada com as acusações que vimos aqui, acho importante se investigar depois as falas", alertou.

Também questionou aliados de seus adversários, que fizeram parte da gestão de Mike Breier, ex-prefeito do município que teve seu mandato interrompido. Falando sobre o tema do meio ambiente, afirmou que o "zoneamento do Mato do Júlio foi feito sem discussão com a sociedade e teve que ser interrompido pelo Ministério Público".

Falou também sobre a gestão dos resíduos sólidos da cidade, direcionando-se para o atual prefeito interino Cristian, afirmando que "agente enquanto vereador tem que fiscalizar. Se o senhor ficou com os olhos tapados para tudo que aconteceu de errado nessa cidade, não tem que esperar ser prefeito para fazer certo".

Assista ao debate na íntegra


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Edição: Marcelo Ferreira