Rio Grande do Sul

Terceiro Turno

Deputado federal e políticos são apontados ao STF como apoiadores de atos golpistas no RS

Na lista com 21 nomes, feita pela polícia, está o recordista de votos no RS, além de pessoas com longa ficha criminal

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Manifestação pró-intervenção federal no Centro de Porto Alegre, após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais - Foto: Joana Berwanger/Sul21

Um deputado federal eleito e vários políticos que tentaram a eleição em 2022 por partidos de direita ou ultradireita figuram no rol de apoiadores de atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul. Elaborada pela Polícia Civil e a Brigada Militar, a listagem foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Nela, o nome que mais reluz é o do deputado estadual Tenente-Coronel Zucco (Republicanos), que se elegeu em outubro para a Câmara com 259.023 votos, a maior votação do estado.

A nominata foi entregue ao STF atendendo a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Ele havia determinado a identificação dos implicados nos atos que contestam a lisura das eleições já reconhecida dentro e fora do Brasil.  De acordo com o portal GZH, o documento assinado pelo chefe de polícia, delegado Fábio Motta Lopes, foi remetido a Moraes na noite de sexta-feira (11).

Apontados negam envolvimento

Além de Zucco – que nega enfaticamente a acusação - estão listados políticos, policiais e anônimos como líderes ou participantes dos atos antidemocráticos. Um deles é o inspetor de polícia e vereador em Dom Pedrito, região da Campanha, Patrício Jardim Antunes, que disputou – mas não levou - uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PP. Outra é a policial penal Mariana Lescano, também do PP, que também se frustrou na tentativa de obter uma cadeira no parlamento gaúcho.

Aparecem igualmente o comissário de polícia Thiago Raldi e o delegado Heliomar Ataydes Franco. Raldi concorreu a deputado estadual pelo PSC e Franco a federal pelo União Brasil, os dois sem sucesso.

A exemplo de Zucco, todos estranham e rejeitam a relação. Afirmam que tiveram participação ordeira, não defenderam ataques à Constituição e, na maioria, disseram-se surpreendidos com a presença no relatório.

Reclamações contra o STF, o Congresso e a imprensa

Raldi distribuiu nota afirmando lamentar que pessoas que protestam pacificamente sejam classificadas como "antidemocráticas". No Facebook, ele reclamou do ministro Alexandre de Moraes. “Como pode um “Super-Juiz” decidir o que podemos (POVO) ou não manifestar dentro da legalidade?”, escreveu.

Na mesma rede, o policial Antunes fez postagem durante manifestação em Dom Pedrito dizendo “não queremos ser governados por um ladrão”. Em 1º de novembro, gravou vídeo reclamando do Congresso, do STF e da mídia e se queixando de uma suposta inexistência de transparência nas eleições.

Com atuação em São Leopoldo, no Vale do Rio dos Sinos, o delegado Franco teria apagado as postagens em redes sociais relativas aos atos golpistas, segundo o relatório policial remetido a Moraes.   

Porte ilegal de arma de fogo e violência

Outros envolvidos teriam passagens pela polícia. Entre eles, consta uma mulher dona de um caminhão usado em bloqueio de estrada que teria antecedentes criminais por porte ilegal de arma restrita, posse irregular de arma de fogo, falsificação e adulteração de alimentos.

Em Porto Alegre, constatou-se que automóvel usado em bloqueio pertence a um homem acusado de porte ilegal de arma de fogo, lesão corporal e violação do direito de dirigir. Outro manifestante foi fichado por posse de entorpecentes e furto, enquanto um terceiro respondeu às acusações de violação de domicílio, lesão e ameaças.

Há também dois casos em Jaguarão, no Sul do estado. Um deles envolve um dos organizadores do bloqueio local, apontado por maus tratos e homicídio culposo. O outro já foi citado em ocorrência por porte ilegal de arma de fogo, ameaça e lesão corporal.


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Edição: Marcelo Ferreira