Rio Grande do Sul

POVOS INDÍGENAS

Cimi Regional Sul divulga nota sobre agressões sofridas pela liderança Joziléia Kaingang

Vítima de comentários misóginos e racistas nas redes sociais, Joziléia tem sido questionada sobre sua identidade étnica

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ataques começaram após a participação de Joziléia Kaingang na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27) - Foto: Agecom/DGC/UFSC

O Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul divulgou nota, nesta quinta-feira (24), repudiando os atos de hostilidade contra a liderança indígena Joziléia Kaingang desde a sua participação na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), realizada no Egito entre os dias 6 e 18 de novembro. 

Joziléia fez parte da Mesa Principal de um dos eventos da COP 27, intitulado “As mulheres indígenas do GATC: A nossa perspectiva sobre as alterações climáticas”. Após sua fala no debate, comentários proferidos em redes sociais têm questionado a sua identidade étnica e a capacidade de indígenas de ocuparem espaços políticos. 

Integrante do Grupo Temático Saúde Indígena da Abrasco e co-fundadora da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e da Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges (Abia), Joziléia é mestra em Antropologia Social pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nas eleições de 2020, foi eleita co-vereadora em um mandato coletivo do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Câmara de Florianópolis (SC). 

Confira a nota de repúdio na íntegra 

“O Conselho Indigenista Missionário – Cimi, Regional Sul solidariza-se com a companheira Joziléia Daniza Jagso Inácio Jacodsen Schild, mulher indígena da etnia Kaingang, antropóloga, integrante da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (ARPINSUL).

Joziléia tem sido alvo de comentários racistas feitos por um perfil denominado “Ali Anca Luter Ana” nas páginas do Facebook da Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e do Conselho de Missão entre Povos Indígenas (COMIN). Os comentários ofensivos e discriminatórios foram feitos a partir da participação de Joziléia na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), realizada no Egito. Ela sofreu questionamentos sobre sua identidade étnica e outras violências relacionadas à capacidade dos povos indígenas em ocuparem espaços de diálogos e discussões em âmbito internacional.

O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, compreende que esse fato é gravíssimo, sendo inadmissível que esses comportamentos violentos continuem sendo reproduzidos. Racismo deve ser combatido, conforme previsto no Artigo 5º, Inciso XLII da Constituição Federal, o qual menciona que a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei de Nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, art. 1º. Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

Reiteramos mais uma vez nosso apoio à Joziléia e nosso compromisso em defesa à causa indígena, em denunciar as violações históricas que esses povos são submetidos e no anúncio de um outro mundo possível, de esperança e respeito às diversidades.

Conselho Indigenista Missionário – Cimi Regional Sul


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Edição: Katia Marko