Rio Grande do Sul

Privatização

Artigo | Corsan não é quitanda para ser entregue a qualquer preço

Água não é mercadoria e não pode ser posta à venda como um objeto precificado. Nela tem vida e saúde e deve ser pública!

Brasil de Fato | Porto Alegre |
"A Corsan não é uma quitanda que pode ser entregue a qualquer preço!" - Foto: Corsan

Patrimônio dos gaúchos e levando água de qualidade à população de 317 municípios, a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) teve o leilão anunciado pelo governo do estado para o dia 20 de dezembro na Bolsa de Valores. 

A Corsan não é uma quitanda que pode ser entregue a qualquer preço!

O preço estipulado pelo governo do estado será gasto em no máximo dois anos. Depois estaremos sem a Companhia que dá milhões de lucro para o Estado. Para se ter uma ideia,  a Corsan está sendo entregue pelo equivalente à arrecadação de 1 ano e 3 meses, e pelo preço equivalente ao lucro de apenas 4 anos. É gravíssimo o que está acontecendo. 

Um crime contra o povo gaúcho.  

Desde que foi criada em 1966, realiza estudos, projetos, construções, operações, exploração e ampliação dos serviços públicos de abastecimento de água potável e de esgotamento sanitário.

Todo o investimento de recursos públicos dos gaúchos ao longo de mais de meio século nas redes de abastecimento, Estações de Tratamento de Água e Esgoto, toda a infraestrutura pronta e funcionando a pleno com orientação pública, está às vésperas de trocar de mão por “trocados”, como vimos acontecer com a CEEE-D recentemente. 

Água não é mercadoria e não pode ser posta à venda como um objeto precificado. Nela tem vida e saúde e deve ser mantida pública! É o maior bem do planeta. Privada, será acessível a quem puder pagar. A tarifa social, que hoje possibilita o acesso a milhares de famílias pobres, acaba com a privatização.  

Diante dessa insistência privatista do atual governo, não está claro como as prefeituras de municípios pequenos farão para que todos tenham água, pois com a privatização acaba o subsídio cruzado de solidariedade entres os municípios. 

Está mais do que comprovado por estudos e análises técnicas aprofundadas que a Corsan dá lucro e pode cumprir plenamente o novo marco regulatório do Saneamento instituído pelo atual governo para apressar a entrega das companhias públicas de água e saneamento alegando o cumprimento das metas até 2033 de 90% das casas terem esgoto tratado e 99% de água potável. 

É inacreditável que enquanto centenas de cidades no mundo reestatizam o saneamento, aqui, os acordos, negociatas e toma lá dá cá com o mercado especulador resulte na perda de uma companhia que inclusive dá lucro para o Estado. 

Seguimos em luta e resistência e apoiando todos que buscam manter o saneamento sob gestão pública e tratam a água como um bem de todos. 

* Presidente do Sindiágua

** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Katia Marko