Rio Grande do Sul

TRAGÉDIA

Prefeitura de São Leopoldo estuda colocar proteção no valão na Avenida João Corrêa

"Ele sonhava ser jogador de futebol", lamenta a mãe de Jeferson Vinícius de Souza Borges, que morreu ao cair no valão

Brasil de Fato | São Leopoldo |
O acidente aconteceu por volta das 22h50 do dia 23 de novembro - Reprodução

Nesta quarta-feira (7), faz duas semanas que o adolescente Jeferson Vinícius de Souza Borges perdeu a vida ao cair no valão na Avenida João Corrêa, perto da comunidade onde morava.

O acidente aconteceu por volta das 22h50 do dia 23 de novembro. O local fica entre a Rua Jacy Porto e a Avenida Thomas Edson, no bairro Vicentina, em um trecho sem grades de proteção.

Segundo sua mãe, Simone de Souza, Jeferson estava indo comprar gás para a família. “Tinha uma bola a dias no valão, e quando ele estava indo comprar o gás quis descer para pegar a bola. Ele foi descendo pelo muro, quando colocou o pé lá embaixo escorregou e caiu. Neste local, o valão tem 5 metros de profundidade.”


Jeferson tinha 14 anos e iria se formar no Ensino Fundamental este ano / Arquivo pessoal

Jeferson estudava no Parque do Trabalhador. Estava terminando o nono ano. “Ele ia se formar. O seu sonho era ser jogador de futebol”, lamenta Simone que tem mais 4 filhas, com 11, 10, 3 anos e a caçula com 1 ano. “Ele era o mais velho, me auxiliava nos cuidados com as irmãs menores.”

Em suas redes sociais, Simone pede justiça. Muitas pessoas estavam no local e presenciaram o acidente. Os relatos são que os bombeiros foram imediatamente chamados, quando chegaram o Jeferson ainda estava vivo pedindo socorro, mas os bombeiros chegaram sem material para o resgate. “Além disso, na hora de retirar o corpo do valão puxaram ele pelo pescoço. Sua mãe e todas suas irmãs pequenas viram a cena. Tem muitas testemunhas que tentaram ajudar e afirmam a negligência dos bombeiros”, afirma uma das testemunhas.


Simone pede justiça em suas redes sociais / Foto: Reprodução Facebook

Prefeitura lamenta a tragédia e estuda possibilidades

O secretário Geral de Governo (SGG), Nelson Spolaor, afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato RS, que uma equipe de engenheiros da prefeitura está fazendo um estudo para colocar alguma proteção no valão.

“Essa morte foi uma tragédia. Manifestamos nossa solidariedade à família. Estamos vendo as possibilidades para garantir uma maior segurança à comunidade. Também vamos colocar placas de sinalização, além de estudar uma proteção compatível com a função do valão que é evitar alagamentos na região. Devido ao modelo que o valão foi executado, ele não pode ser totalmente tapado porque precisa ser limpo para retirar o acúmulo de terra e lixo.”

Segundo Spolaor, integrantes da Associação de Moradores foram recebidos na quarta-feira passada (30) para conversar sobre a proteção.

Informada sobre a decisão da prefeitura de buscar uma solução, Simone saudou a iniciativa. “Que bom que eles vão colocar proteção, que outras mães não vão chorar como eu. Eu não sou a primeira e se continuar assim também não vou ser a última. Meu filho não foi o primeiro que morreu naquele valão, já é a quinta morte e ninguém faz nada. Já era pra ter feito desde que aconteceu a primeira morte. Vão esperar mais quantas pessoas morrer para fazer alguma coisa?”

A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar a causa da morte. De acordo com os responsáveis pelo caso, somente o laudo necropsial do Instituto-Geral de Perícias (IGP) poderá apontar se houve afogamento ou outra causa para o óbito. O laudo será disponibilizado em até 30 dias.


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Edição: Marcelo Ferreira