Movimentos populares e sindicais celebraram a diplomação do presidente eleito Lula (PT) e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), nesta segunda-feira (12), em Porto Alegre, com um ato solidário e cultural. No final da tarde, mesmo com o temporal que se abateu sobre a Capital, dezenas de artistas se apresentaram enquanto foram distribuídas 800 marmitas a pessoas em situação de rua, em frente à prefeitura.
Organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, centrais sindicais e cozinhas comunitárias, a mobilização mostrou que a força da solidariedade tem ajudado muita gente desde o início da pandemia e do retorno da fome no país. O formato teve o objetivo de demarcar as pautas que elegeram o novo governo, principalmente a urgência das políticas públicas de combate à fome.
Diversos movimentos populares participaram do ato / Foto: Jorge Leão
No cardápio das marmitas constava arroz, feijão, proteína animal e saladas preparadas no local por trabalhadoras e trabalhadores voluntários das várias iniciativas de combate à fome em diferentes localidades do estado. “Estamos aqui juntando todas as cozinhas que fizeram a diferença durante a pandemia no combate à fome", conta Graça Bernardes Nascimento, que integra a cozinha da Lomba do Pinheiro, zona Leste da Capital.
“No grande guarda-chuva, fora os sindicatos, temos o Comitê de Combate à Fome e ao Vírus, muito atuante, o MST, a CUT e todas as centrais sindicais e partidos políticos de esquerda que auxiliaram as comunidades a combater a fome durante a pandemia e o desgoverno que ainda estamos passando, mas oxalá seja verdade, a partir de hoje, de alma lavada com toda a chuva que tivemos, é Lula presidente do Brasil”, complementa.
Cozinhas comunitárias das diversas cidades se uniram para o ato simbólico / Foto: Jorge Leão
Membro do movimento A Fome tem Pressa, que atua com diversas cozinhas comunitárias na Região Metropolitana, Rogério Dallo destaca que o dia é histórico tanto para a retomada da democracia quanto para o combate à miséria e à fome. “É da maior importância destacar as pautas que levaram a gente a fazer todo um esforço de eleger o Lula e uma proposta de combate a essa política de exclusão e ódio aos pobres, de dividir a nação, uns contra outros”, comenta.
Ainda segundo ele, o gesto de solidariedade é também de denúncia para dizer que a fome é um escândalo que não pode ser tolerado. “Por isso viemos fazer comida na praça entre várias cozinhas, muito simbólico porque mostra um pouco do empenho de todas as lideranças comunitárias, os grupos de voluntários, as pessoas que doam o seu tempo. É pobre ajudando pobre”, finaliza.
Forte chuva não impediu realização do ato solidário e cultural / Foto: Jorge Leão
Integrante da cozinha comunitária da vila Timbaúva, zona Norte de Porto Alegre, Lianes Santos, conhecida como Morena, reconhece que a ação não mata a fome de todos, mas ajuda a amenizar. “Estamos fazendo com todo o amor e carinho, todo mundo trabalhando junto. Viva o Lula! Ele vai acabar com a fome, não agora porque já vai pegar um Brasil falido, com milhões de pessoas passando fome, então vai demorar um pouco, mas vai”, afirma.
Cultura, direitos e um país para todas e todos
Durante a mobilização, lideranças realizaram falas intercaladas por várias apresentações musicais no palco junto à Praça Montevidéu. Além do combate à fome e enfrentamento à pobreza, esteve em pauta temas como investimentos em saúde pública, educação de qualidade em todos os níveis e a valorização da cultura.
Artistas marcaram presença / Foto: Jorge Leão
Entre as atrações culturais estavam o cantor e compositor Gelson Oliveira, as Irmãs Vidal, Gangster e Cia hip-hop, o ator Jairo Klein, a poetisa Fátima Farias, Florisnei Tomas e Martin Coplas, o rapper Tiry e grupo BFN, o bloco Ai Que Saudade do Meu Ex e o Coletivo Peraltas, que atua sobre pernas de pau.
O Cpers-Sindicato, que congrega os educadores da rede pública estadual, convidou os associados para acompanhar a diplomação no seu auditório, localizado na Rua Alberto Bins, e depois integrar o ato público coletivo. O Sindicato dos Bancários disponibilizou telão à comunidade na sede da entidade, na rua General Câmara, para acompanhar a diplomação no TSE.
Integrante do movimento Povo Sem Medo e diretora do 39º Núcleo do Cpers, Neiva Lazzarotto aponta que o ato fez a diplomação das pautas em disputa na eleição. Entre elas “a defesa da democracia, combate à fome, mais investimentos públicos em educação e fim do teto de gastos, fundamental para dar conta do combate à fome e para o pagamento do Bolsa Família, contido na PEC da Transição”.
Bateria do Levante Popular da Juventude / Foto: Jorge Leão
O presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Amarildo Cenci, ressalta a ação simbólica de servir comida a quem vive nas ruas da capital gaúcha no dia da diplomação de Lula. “Combate à fome, emprego digno, renda, direitos e um país mais justo e mais igual é o que a gente quer”, afirma, lembrando da esperança pela construção de “um país soberano, um país de volta para os brasileiros e brasileiras, especialmente o povo mais pobre e mais vulnerável.”
* Com colaboração de Carol Lima e informações do Extra Classe
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Edição: Katia Marko