Distrito Federal

Identidade

Festival de Cultura Popular retorna ao calendário do DF

Evento gratuito acontece até 28 de janeiro e reúne oficinas, diálogos e shows

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Chegada do Calango Voador com a Orquestra Alada Trovão da Mata acontece na sexta, dia 27 - Raissa Azeredo

Inicia nesta quarta-feira, 25, a 11ª Edição do Festival Brasília de Cultura Popular. O evento, que une e apresenta as culturas populares presentes em todo o Brasil e no Distrito Federal, será realizado no  Clube do Choro de Brasília, até o dia 28 de janeiro, e oferecerá ao público participante shows, rodas de conversas e oficinas. 

Oficinas de ritmos populares brasileiros e adaptações para o pandeiro e de canto ancestral, realizadas na manhã desta quarta (25) marcaram o início do Festival. “Está sendo possível proporcionar uma experiência completa no sentido de entretenimento, educação e formação, que são coisas importantíssimas quando a gente fala de arte e cultura. Colocar uma oficina de pandeiro e ritmos populares é instruir e informar as pessoas sobre esses ritmos e vivências para que saibam o que vão receber quando assistirem a um show”, comenta  a artista e percussionista Larissa Umaytá, responsável pela oficina de ritmos.

Nesta quinta-feira (26), às 15 horas, acontece uma nova oficina de canto ancestral com a argentina Marytha de Humahuaca, e na sexta-feira (27), às 14 horas, uma oficina de Dança com o Mestre Nico. Todas as oficinas acontecem no Clube do Choro.

Rodas de conversa também estão na programação do Festival. Nesta quarta (25), de 19h às 21h, acontecerá o primeiro diálogo com o Mestre Manoelzinho Salustiano (PE), Danielle Freitas, produtora geral do evento (DF), Pedro Vasconcellos, diretor dos Comitês de Cultura (Minc), Marytha Hamuhuaca (ARG) e a ministra da Cultura Margareth Menezes. 

“Quero dialogar sobre o pertencimento no terreiro de cultura popular e os ensinamentos dos mestres mais velhos. Dentro da cultura popular a gente aprende na oralidade. Aprende sentado na frente dos nossos mestres e eles vão falando como aprenderam e vão ensinando da mesma forma. A cultura popular tem a força que vem dos nossos antepassados. E é promovida assim. A gente resiste por isso. Através daquilo que a gente acredita e através da força do terreiro e da cultura”, conta o Mestre Manoelzinho Salustiano.

Na quinta-feira, 26, no mesmo horário e local, a roda de conversa contará com a presença da Ialorixá Mãe Baiana de Oyá (DF), Tico Magalhães (DF), e os deputados distritais Fábio Félix, Gabriel Magno e a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara. 

Música


Grupo Seu Estrelo é uma das atrações da programação / Foto: Mike Sena

Ao todo serão 11 apresentações artísticas nos quatro dias de programação. Participam da festa, artistas da cidade como a sambista Tereza Lopes, o grupo Chinelo de Couro e Seu Estrelo, entre outros. Artistas nacionais também comporão a celebração como Alessandra Leão (PE), Mestre Sapopemba (PB) e Mestre Nico (PE). 

O momento mais esperado do festival é a chegada do Calango Voador que surge ao som da Orquestra Alada Trovão da Mata. Neste ano, ele chega ao Festival trazendo várias figuras que compõem a mitologia. Com ele virão também o Seu Estrelo, Laiá, as Três Marias, a Caliandra, Mané Avesso, Chico Pescador, Zé Cadê, Tromba D’agua e a Véia. 

O Calango Voador

O Mito do Calango Voador é um livro criado por Tico Magalhães e seu grupo de cultura popular Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro. Na publicação é retratado, de modo lúdico, a história do Calango, filho do Sol e da Terra, nascido no Planalto Central e que ganha asas para salvar-se de uma enorme tromba d'água.  A partir daí ocorrem as aventuras do Calango Voador nos sertões de Goiás descritas em 92 páginas que alternam entre textos e ilustrações.

O mito hoje é estudado nas escolas e já fez parte do Programa de Avaliação Seriada (PAS). Além disso, o grupo Seu Estrelo e Fuá de Terreiro está prestes a se tornar Patrimônio Cultural e Imaterial de Brasília.

Segundo Tico Magalhães, a partir do mito, o grupo teve a ideia de criar uma brincadeira para Brasília que se tornasse tradição. A partir daí, foram criadas três festas: a festa de Laiá, do Seu Estrelo e a do Calango Voador.

“A festa do Calango acaba crescendo e tomando uma grande dimensão. E é aí que Seu Estrelo firma o objetivo de sempre fazer a festa. Para isso, o grupo criou a Orquestra Alada Trovão da Mata, que é a responsável pela apresentação do Calango Voador”, conta Tico Magalhães.

Ele conta ainda que o Festival Brasília de Cultura Popular é uma brincadeira cerratense. “É mais do que comemorar as tradições que estão aqui. É celebrar juntos essa mitologia que surge na cidade. Essa festa é um encontro de culturas do país, mas festeja uma brincadeira cerratense que não existe em lugar nenhum. Tem um ritmo de samba pisado próprio louvando e comemorando essa memória”.

Dani Freitas, produtora geral do Brasília de Cultura Popular, diz que o Mito do Calango Voador é celebrado pelo festival, pois como festa tradicional celebra uma figura icônica e mitológica.

O Festival

O Brasília de Cultura Popular surge como uma festa tradicional para celebrar a identidade local. Segundo a organização, esse espaço é um palco aberto para que os grupos dessa vertente cultural possam apresentar com a melhor estrutura possível performances preparadas para ele. Os organizadores apontam ainda, que por Brasília ser o coração do país, é necessário que se porte como o local onde estão representados todos os Estados, mas que também fortaleça a identidade da cultura popular brasiliense e se mostre para todo o Brasil como a casa dos brasileiros. 

Dani Freitas, produtora geral do Festival, ressalta que cultura popular não é meramente um entretenimento. Afirma que é alimento e que traz a essência do ser humano. O ressoar dos ritmos, segundo ela, atingem a alma e é a expressão do nosso povo. Porém, infelizmente acaba ocupando, na maioria das vezes, o lugar de abrir shows para grandes artistas.

“O festival se propõe a tornar a cultura popular o grande artista, a estrela. Para isso, promovemos algo que oportuniza o encontro entre mestres, grupos, brincantes, público, gestores e produtores culturais para que possamos além de nos conhecermos, realizarmos uma troca profunda, tanto no sentido do diálogo, no espaço Eco das Tradições como no sentido da troca de saber, nas oficinas populares”, diz Dani.

O Brasília de Cultura Popular teve início em 2005. De lá para cá a organização acredita que apesar de ainda necessitar de fortalecer os fóruns, os encontros e os debates para entender as necessidades e as particularidades de cada grupo, atualmente o espaço para essa vertente cultural já existe. 

“Em 2005, os grupos de cultura popular não eram vistos. Ao buscar a divulgação por meio da mídia, já fomos convidados a comprovar a existência de pelo menos dez grupos culturais para conseguirmos uma matéria. Comprovamos que havia muito mais. Agora em 2023, já somos vistos e até entramos no Ministério da Cultura para colocar Brasília como cidade e não como sede administrativa. Foram muitas conquistas ao longo desse período tanto política, como de gestão e o próprio fazer artístico dos grupos” conta Dani. 

Confira programação completa:

Quarta-feira (25/01)

9h: Oficina de percussão com Larissa Umaytá;

15h: Oficina de Canto Ancestral com Maryta de Humahuaca;

19h às 21h Espaço Eco das Tradições com Marytha Hamuhuaca (ARG), Mestre Manoelzinho Salustiano (PE), Danielle Freitas (DF) e Pedro Vasconcellos - Diretor dos Comitês de Cultura (Minc).

Quinta-feira (26/01)

15h: Oficina de Canto Ancestral com Maryta de Humahuaca;

19h às 21h Espaço Eco das Tradições com Ialorixá Mãe Baiana de Oyá (DF), Tico Magalhães (DF), Deputado Disrital Fábio Félix e Deputado Distrital Gabriel Magno.

Sexta-feira (27/01)

14h: Oficina de dança com Mestre Nico (PE);

19h: Apresentação Mamulengo Fuzuê (DF);

20h: Sambadeiras de Roda (DF); 

21h30: Tereza Lopes (DF); 

22h45: Alessandra Leão (PE) e Mestre Sapopemba (AL);

00h: Chegada do Calango Voador com a Orquestra Alada Trovão da Mata (DF).

Sábado (28/01)

19h: Apresentação Mamulengo Presepada (DF);

20h: Kirá (DF);

21h30: congadas do Moçambique Santa Efigênia (MG);

22h45: Chinelo de Couro (DF);

00h: Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro (DF) com participação de Mestre Nico (PE) e Gabriel Paes (DF).

Serviço - 11° Festival Brasília de Cultura Popular

Local: Clube do Choro

Evento gratuito

De 25 a 28 de janeiro

Classificação: Livre

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Edição: Flávia Quirino