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“Nepotismo” e armamentismo: quem são os novos deputados conservadores da Alep

Com renovação de quase 45%, Assembleia Legislativa do Paraná ganha novos quadros da direita e extrema-direita

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Tito Barichello (esq.) e sua esposa, a também delegada Tathiana Guzella, ao lado de Fernando e Flávia Francischini - Divulgação

 

Nos últimos quatro anos, o governador Ratinho Junior (PSD) não teve grandes entraves, tendo ampla maioria governista a apoiar seus projetos na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).

Grande exemplo da “vida fácil” do governador Alep foi a votação e aprovação, a toque de caixa, da privatização da Copel, no final de 2023. A oposição fez barulho, a população ocupou as galerias da Alep em protesto contra o projeto, mas a base de Ratinho aprovou sem grandes dificuldades.

Reeleito em primeiro turno com quase 70% dos votos, Ratinho Junior começa agora novo mandato, fortalecido pela votação popular e com uma base ainda maior de deputados a seu favor.

Mesmo com renovação de quase 45%, a Alep ampliou a base governista. O partido do governador conseguiu o maior número de novos deputados, com sete novatos eleitos e uma bancada, agora, de 16 parlamentares. Dos 54 deputados que compõem a Alep, 24 são novatos, sendo 19 deles de partidos que devem compor a base do governador.

Bancada da bala

O estado que aprovou com ampla maioria o projeto conservador e de direita de Ratinho Júnior também votou em peso no projeto de extema-direita à presidência. Jair Bolsonaro teve, no Paraná, 62,4% dos votos. Na mesma esteira, deputados que focaram em pautas extremistas pró-armas e contra os direitos humanos garantiram suas cadeiras na Alep. Exemplos disso são o delegado da Divisão de Homicídios de Curitiba Tito Barichello (União) e o ex-policial do Bope Samuel Dantas (Pros).

Autointitulado “delegado xerifão”, Barichello promete defender a pauta armamentista. Em seu gabinete, ostenta réplicas de fuzil, revólver e pistola. Nas redes sociais, entre fotos de armas e em stand de tiro, coleciona fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro e Sergio Moro.

Também apoiado na carreira de profissional da segurança pública, o ex-policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Samuel Dantas promete “combater a corrupção no Paraná". Em campanha, teve que retirar de circulação seu material por estampar imagens suas fardado, fato que caracteriza propaganda irregular.

Tudo em família

Parte dos novos nomes que chegam à Alep em 2023 são, na verdade, velhos conhecidos da política paranaense. As oligarquias do estado mudaram alguns nomes, mas mantiveram seus sobrenomes.

Das famílias já conhecidas, Flávia Francischini (União) foi eleita para seu primeiro mandato como deputada estadual. Vinda da Câmara de Curitiba, ela é esposa do ex-deputado Fernando Francischini, que foi cassado em meados de 2022 por divulgação de fake news e está inelegível por oito anos.

De família conhecida na região Oeste do Paraná, Matheus Vermelho (PP) também foi eleito para seu primeiro mandato. Ele é filho do deputado federal Vermelho (PL), que, entre seus projetos controversos, tem a proposta de abrir uma estrada no Parque Nacional do Iguaçu, ignorando os danos ambientais que podem ser causados à unidade de conservação.

Edição: Frédi Vasconcelos