Rio Grande do Sul

Vida das Mulheres

Deputado protocola projeto para criar política em favor de órfãos e órfãs de feminicídios no RS

Jeferson Fernandes (PT) defende proteção integral de crianças e adolescentes em situação de violência doméstica

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Em 2022, 219 pessoas perderam as mães por conta do feminicídio no RS - Foto: Reprodução/TV Brasil

Em fevereiro deste ano, uma mulher grávida foi morta a facadas pelo seu companheiro, em Uruguaiana, deixando quatro órfãos. Em 2022, o Rio Grande do Sul, registrou 106 casos de feminicídios, resultando em 219 pessoas que perderam suas mães. Pensando nisso o deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) protocolou, nesta terça-feira (14), o Projeto de Lei 95/2023, que visa instituir a Política Estadual de Proteção e Atenção Integral aos Órfãos do Feminícidio no RS. 

“Infelizmente, vivemos num estado e num país onde mulheres ainda são mortas por serem mulheres. Ao mesmo tempo em que temos de atuar fortemente na prevenção e na criminalização do feminicídio, é necessário acolher às crianças e adolescentes que são vítimas indiretas desse crime”, afirma do deputado estadual. 

O parlamentar lembra que a iniciativa foi originalmente lançada pelo ex-deputado Fernando Marroni (PT), em 2021. A atual versão traz alterações, visando garantir que filhos e filhas de mulheres assassinadas em contexto de violência doméstica e familiar ou de flagrante menosprezo e discriminação à condição de mulher tenham assistência multisetorial por parte do Estado, pontua o parlamentar.

O objetivo é assegurar a proteção integral e os direitos humanos das crianças e dos adolescentes de viverem sem violência, preservando sua saúde física e mental, seu pleno desenvolvimento e seus direitos específicos na condição de vítimas ou testemunhas de violência no âmbito de relações domésticas, familiares e sociais, resguardando-os de toda forma de negligência, discriminação, abuso e opressão.

“A proposta reforça a responsabilidade do Poder Público para com os filhos e filhas de mulheres com as quais o Estado já falhou em sua tarefa de proteger”, aponta o deputado. 

Contra a revitimização pela ausência do Estado

“Em 2020, fomos o quarto estado brasileiro que mais matou mulheres em nosso país, conforme apontamos em nosso último relatório. Em 2021, 129 crianças/adolescentes ficaram órfãs de mãe e 15 crianças/adolescentes órfãs de mãe e pai. Esse número não para de crescer, na medida em que os feminicídios vêm tendo crescimento recorde no último período”, expõe Jeferson. 

O parlamentar recorda que através da Força–Tarefa Contra os Feminicídios, chegou a apresentar dois relatórios apontando a necessidade da reestruturação da Rede Lilás e a reabertura dos equipamentos públicos destinados a atender mulheres e crianças vítimas da violência intrafamiliar, como forma de enfrentar o crime. 

Jeferson acredita que a iniciativa representa uma nova chance para que essas crianças não sejam revitimizadas pela ausência do Estado. “São crianças e adolescentes que são traumatizados pela morte da mãe, muitas vezes pelo fato de o pai ou parente próximo ter cometido o crime, e pela perda da estrutura familiar. Dar-lhes suporte adequado e multidisciplinar pode fazer a diferença no desenvolvimento dessas pessoas”, aponta.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Marcelo Ferreira