Rio Grande do Sul

SERVIÇO PÚBLICO

Associação defende afastamento de bolsonaristas nomeados para o Ceitec

Para funcionários e ex-funcionários não será possível conviver com quem queria acabar com a empresa

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Ceitec foi criado em 2008, durante o segundo governo Lula (PT) - Reprodução / Ceitecsa

A Associação dos Colaboradores do Ceitec (ACCEITEC) manifestou-se enfaticamente contra a permanência de dirigentes nomeados pelo governo Bolsonaro para cargos no Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, com sede em Porto Alegre. Para a associação é “impossível pensar em reconstruir a empresa se as pessoas que foram as grandes responsáveis pelas perdas causadas pelo processo de liquidação continuarem dentro da mesma trincheira”.

Em nota, a associação reafirma seu apoio à ministra Luciana Santos, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e ao novo gestor da Ceitec, Augusto Gadelha. Contudo, não aceita que seus associados tenham que conviver com as pessoas que tudo fizeram em favor da liquidação.

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Inaugurado em 2008 no segundo mandato do presidente Lula, o Ceitec atua no segmento de semicondutores. É tido como o mais avançado núcleo de microeletrônica da América Latina, desenvolvendo e fabricando chips, etiquetas eletrônicas e sensores.

“Defenderam a bandeira da liquidação”

A indignação de funcionários e ex-funcionários se deve ao fato de que o centro seria simplesmente liquidado caso Bolsonaro tivesse obtido a reeleição. Notam que o processo que levaria ao fim do Ceitec começou com o empresário Salim Mattar e prosseguiu com Martha Seiller, ambos ex-chefes da Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) no período anterior.

Na mesma nota, a ACCEITEC critica a conduta do liquidante do Ceitec, o oficial da marinha, Abílio de Eustáquio Andrade Neto. Observa que essa equipe de liquidação assumiu os riscos e defendeu a bandeira da liquidação, "demitindo sem critério pessoas concursadas altamente qualificadas, chegando ao ponto de terem de recorrer à contratação de empresas terceirizadas além da contratação de treinamentos em sistemas e ferramentas para atender alguns setores que foram atingidos pela desorganização das demissões”.

Na visão da ACEITEC, além de Andrade Neto, a equipe de liquidação criou “atritos, injustiças e perseguições”. O time do liquidante era integrado por Eduardo Augusto Zenzen, Eric Ericson Fabris, Frederico Turra, Fernando Botto Lamoglia, Erich Ribeiro Petersen, Vanda Lúcia Batista e Anirene Indalecio da Silva.

Confira a nota na íntegra:

ACCEITEC Associação dos Colaboradores e Ex-colaboradores do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. Porto Alegre, 25 de fevereiro de 2023.

Considerando que em 2019 a CEITEC-SA entrou em um processo de liquidação eivado de irregularidades iniciado pelo Sr. Salim Mattar e posteriormente continuado pela Sra. Martha Seillier, que ocuparam os cargos de Secretários do PPI do ME;

Considerando que o militar oficial da marinha, o Sr. Abílio de Eustáquio Andrade Neto, aceitou o convite para assumir o cargo de liquidante da CEITEC, mesmo com as inúmeras irregularidades apontadas;

Considerando que o liquidante utilizou a estrutura de cargos e salários da CEITEC-SA e montou equipe de liquidação formada por pessoas que anteriormente assumiam cargos de superintendentes (Eduardo Augusto Zenzen – Superintendente de Fábrica; Eric Ericson Fabris – Superintendente de Produto; Frederico Turra – Superintendente Administrativo; Fernando Botto Lamoglia – Superintendente Jurídico) e além deles nomeou como seus auxiliares: Erich Ribeiro Petersen, Vanda Lúcia Batista e Anirene Indalecio da Silva;

Considerando que essa equipe de liquidação assumiu os riscos e defendeu a bandeira da liquidação da CEITEC-SA, demitindo sem critério pessoas concursadas altamente qualificadas, chegando ao ponto de terem de recorrer à contratação de empresas terceirizadas além da contratação de treinamentos em sistemas e ferramentas para atender alguns setores que foram atingidos pela desorganização das demissões;

Considerando que houve e ainda há muitos atritos, muitas perseguições, muitos abusos, muitas injustiças praticadas pela equipe de liquidação formada pelos senhores: Abílio de Eustáquio Andrade Neto, Eduardo Augusto Zenzen, Eric Ericson Fabris, Frederico Turra, Fernando Botto Lamoglia, Erich Ribeiro Petersen, Vanda Lúcia Batista e Anirene Indalecio da Silva;

Considerando que algumas pessoas fizeram e fazem o que for necessário para se manter em cargos de chefia, pouco se importando para atender a missão da empresa ou as necessidades do país, e aceitam qualquer missão que lhe são ofertadas (liquidação ou reversão de liquidação);

A ACCEITEC vem a público se posicionar firmemente contra a permanência dessas pessoas dentro dos quadros da CEITEC-SA. A Associação dos Colaboradores da CEITEC-SA acredita ser impossível pensar em reconstruir a empresa se as pessoas que foram as grandes responsáveis pelas perdas causadas pelo processo de liquidação continuarem dentro da mesma trincheira.

A ACCEITEC reafirma seu apoio à ministra do MCTI e ao novo gestor da CEITEC-SA Professor Augusto Gadelha, mas não aceitará, de nenhuma maneira, que seus associados sejam submetidos a conviver com as pessoas que fizeram de tudo para alcançar os objetivos da liquidação.

A CEITEC-SA precisa de pessoas proativas e comprometidas com a missão da empresa e sua recuperação técnica, produtiva e da sua imagem que ficou denegrida ao longo desse processo de liquidação. Já está mais do que provado que essas pessoas que aceitaram o risco de participar da Equipe de Liquidação não estão preocupadas com o desenvolvimento científico tecnológico Brasileiro, mas tão somente em permanecer em posição de vantagem e apoiar qualquer proposta, seja de liquidação ou publicização das atividades ou a continuidade da empresa, desde que permaneçam em seus cargos de chefia, e não é disso que o Brasil precisa.

ACCEITEC – Associação dos colaboradores da CEITEC-SA


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Edição: Marcelo Ferreira