Rio Grande do Sul

Assédio judicial?

Diretores de unidade da UFRGS se manifestam em solidariedade ao professor Felipe José Comunello

Professor é apontado pela administração da UFRGS como liderança da ocupação da Colônia de Férias; diretores negam

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Estudantes da UFRGS Litoral Norte ocupam antiga Colônia de Férias da Instituição reivindicando que local se torne moradia estudantil - Reprodução

Diretores de unidades da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) emitiram documento em que prestam solidariedade ao professor Felipe José Comunello. Ele está sendo apontado pela administração da Universidade como se fosse uma liderança do movimento de estudantes que está ocupando o prédio da antiga Colônia de Férias da UFRGS, localizada em Tramandaí (RS).

Além do professor, também foi nomeada pela administração da UFRGS como uma liderança a estudante Juliana Guerra. Ela chegou a ser, inclusive, chamada de "presidente" do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Ambos os acusados negam totalmente as acusações. Juliana, inclusive, ressaltou à reportagem do Brasil de Fato RS que o cargo de "presidente" nem existe na atual organização do DCE da UFRGS. Ela alega sequer estar inscrita na nominata da chapa que ganhou a eleição.

No mesmo sentido, o professor Comunello também refuta a tese de que teria qualquer tipo de liderança sobre o movimento. À reportagem do Brasil de Fato RS, todos os entrevistados sobre o tema foram unânimes em reforçar que o movimento de ocupação da Colônia de Férias se deu devido a um problema estrutural de moradia dos estudantes da região e que a ação aconteceu sem lideranças, com as decisões sendo tomadas em coletivo, em assembleias e reuniões.

Na tarde da segunda-feira (13), quando o Brasil de Fato RS cobria a reunião dos estudantes com a reitoria, foi tentado o contato com a Assessoria de Comunicação da reitoria da UFRGS e com a Pró-reitoria de Inovação e Relações Institucionais da UFRGS (Proir) para saber desses órgãos o motivo dos dois serem apontados como lideranças do movimento. Até a publicação desta matéria, ainda não havia sido dada resposta.

Intimidação ou ameaça?

Na manifestação dos professores diretores de unidades da UFRGS, os subscritos afirmam que Felipe José Comunello está sendo alvo de "atos intimidatórios". Na carta, os 30 professores diretores e mais 25 professores reforçam que, durante a ocupação, o professor Comunello, que é Diretor do Campus Litoral Norte, não estava presente em Tramandaí e que estava participando de reunião do Conselho Superior da Universidade (Consun).

"Neste sentido, damos testemunho, que o referido Felipe José Comunello, antes do início das votações no Consun, portanto após às 10h da manhã, manifestou-se de público que tinha sido informado da ocorrência de uma manifestação de estudantes do DCE na antiga Colônia de Férias do Campus Litoral", afirma o documento.

Ainda na mesma carta, os professores afirmam que repudiam "qualquer ação judicial, denúncias na Polícia Federal e quaisquer medidas intimidatórias ou violentas contra Diretores no exercício legítimo de suas prerrogativas e direitos do cargo".

O documento pode ser conferido na íntegra aqui neste link.

Ainda na mesma tarde, os membros do Conselho da Unidade do Campus Litoral Norte UFRGS também se manifestaram em solidariedade ao diretor Comunello e à estudante Juliana Guerra.

"Primeiramente cabe ao Diretor, ao cumprir o seu papel institucional, atuar para promover o diálogo e as negociações, evitar qualquer violência e propiciar o atendimento das necessidades da comunidade acadêmica, assim como mediar os conflitos existentes. Em segundo lugar, compreende-se que a manifestação dos estudantes é autônoma e legítima", diz o documento.


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Edição: Marcelo Ferreira