Rio Grande do Sul

SAÚDE

Doação de órgãos pauta aula magna dos cursos de saúde da Unisinos na próxima terça-feira (11)

Palestra será ministrada pelo coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina, Joel de Andrade

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A lista de espera por um transplante de órgão no país passa de 50 mil, sendo 2500 do Rio Grande do Sul e 1.062 pacientes em SC - Foto: Divulgação/Prêmio Espírito Público

O processo de doação e transplante de órgãos e tecidos: o exemplo de Santa Catarina é tema da aula magna dos cursos da saúde da Unisinos. A atividade ocorre no dia 11 de abril, às 19h, o auditório da biblioteca no Campus da Unisinos em São Leopoldo. A aula será ministrada pelo médico intensivista e coordenador da Central de Transplantes de Santa Catarina, Joel de Andrade. É uma parceria entre o projeto Cultura Doadora, da Fundação Ecarta, e a universidade. 

“O objetivo é levar a temática para os cursos da área da saúde e saber os aspectos que diferenciam os resultados positivos de Santa Catarina com os demais”, registra o professor e presidente da Fundação Ecarta, Marcos Fuhr.

O estado vizinho lidera em doações de órgãos há vários anos, realiza o maior número de transplantes e tem a menor negativa familiar em pacientes com morte encefálica, quadro que permite a doação de múltiplos órgãos. 

“Pelo 14º ano, em 18, conseguimos a liderança isolada da doação de órgãos no país. Nos outros quatros anos fomos o segundo melhor estado brasileiro. Do ponto de vista dos transplantes, nosso resultado foi excelente”, registra o coordenador. 

Famílias de Santa Catarina estão entre as que mais autorizam doações de órgãos no país. Enquanto no país, a taxa de negativa familiar foi de 47% em 2022, a mais alta dos últimos dez anos, Santa Catarina e Paraná têm apenas 28% de taxa de rejeição. De um total de 728 potenciais doadores notificados no ano passado em SC, apenas 141 famílias recusaram a doação. 

Como consequência, o estado foi o único que efetivou mais de 40% dos seus potenciais doadores. Das 728 notificações, 329 foram doadores efetivos, que representa 35 a mais do que em 2021. Além disso, um total de 1.521 pacientes foram transplantados, superando a melhor marca até então de 1.507, antes da pandemia em 2019.

Santa Catarina apresentou o melhor resultado de doadores efetivos com 44,8 por milhão de população (pmp), indicador universalmente utilizado para avaliar e comparar resultados entre os estados. Na sequência está o Paraná (40,6 pmp), Ceará (26,7 pmp), São Paulo (20,9 pmp) e Rio de Janeiro (20,0 pmp). A taxa de doadores efetivos nacional foi de 16,5 pmp.

A taxa de notificações de potenciais doadores também apresenta uma curva ascendente no estado, o que representa um aumento significativo desse índice. Santa Catarina e outros quatro estados (DF, PR, RO e SE) atingiram a marca de notificações de 90 pmp, enquanto a taxa nacional foi de 61,9 pmp. 

A escuta das famílias 

Os resultados alcançados no território catarinense são fruto de um constante e intenso trabalho desempenhado pela SC Transplantes. Ao longo das últimas duas décadas, a entidade coordenou o treinamento das equipes profissionais visando aprimorar habilidades na busca da conscientização das famílias para autorização da doação.

Em meio a uma notícia triste e muita emoção, a família é acolhida pelo profissional de saúde e orientada sobre a possibilidade e importância da doação de órgãos do paciente confirmado com morte encefálica. 

Para isso, as equipes das Comissões de Transplantes são constantemente capacitadas para agir nesses momentos difíceis e delicados. 

De acordo com Andrade, a atuação das equipes profissionais pelo estado foram fundamentais para os ótimos resultados alcançados até hoje. “Os números mostram a maturidade de um sistema que se desenvolveu há quase duas décadas e que tem tido a iniciativa de melhorar a cada ano com um resultado que mostra, por um lado, a eficiência do sistema, por outro, a solidariedade do povo catarinense. Dessa forma as pessoas que precisam de transplantes têm tido suas demandas atendidas”, explica. 

A lista de espera por um transplante de órgão no país passa de 50 mil, sendo 2500 do Rio Grande do Sul e 1.062 pacientes em SC. 


No mesmo dia da aula, às 14h, a Fundação Ecarta realiza uma reunião em sua sede com o médico Joel Andrade para um diálogo com parceiros e convidados do projeto Cultura Doadora / Foto: Divulgação

Trajetória nos transplantes

Médico intensivista atuando há 20 anos no sistema de transplantes, Joel de Andrade vem ao estado à convite da Fundação Ecarta. É coordenador Estadual de Transplantes na Secretaria de Estado da Saúde desde 2005. É  membro da Câmara Técnica de Morte Encefálica do Conselho Federal de Medicina desde 2011.

É graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina (1989), mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000) e doutor em Administração do Instituto COPPEAD da Universidade Federal do Rio de Janeiro em março de 2021. Atualmente é médico do corpo clínico do Hospital Universitário Professor Ernani Polydoro de São Thiago (UFSC), onde atua na Unidade de Terapia Intensiva, desde 1994. 

Em 2008 realizou um "Máster Internacional en Donación y Trasplante de Órganos, Tejidos e Células na ONT da Espanha. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Medicina de Urgência, Medicina Intensiva e Coordenação de Transplantes, atuando principalmente nos temas morte encefálica, comunicação de notícias em situações críticas e coordenação de transplantes.  

No mesmo dia da aula, às 14h, a Fundação Ecarta realiza uma reunião em sua sede (Avenida João Pessoa, 943, Porto Alegre) com o médico Joel Andrade para um diálogo com parceiros e convidados do projeto Cultura Doadora implementado há 10 anos. 


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Katia Marko