Rio Grande do Sul

Muralismo e graffiti

Galeria a céu aberto: projeto vai colorir os muros da Ocupação Justo em São Leopoldo

Iniciativa começou no último sábado (3) com a participação de crianças, adolescentes e adultos moradores do local

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Projeto que envolve artistas e famílias vai pintar cinco muros no território - Foto: Divulgação

A Ocupação Justo, em São Leopoldo, na região Metropolitana de Porto Alegre, vai se tornar uma galeria a céu aberto. Neste sábado (3), foi dada a largada a um projeto que vai pintar cinco muros no território, contando com a participação de crianças, adolescentes e adultos moradores do local.

Idealizado pelo coletivo Arte Trabalhadora em parceria com a Tenda do Encontro, o projeto “O graffiti na parede já defende algum direito” foi contemplado pelo edital de apoio a coletivos locais pelo direito à cidade lançado pelo Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU). Novas pinturas estão previstas para ocorrer nos dias 17 de junho, 1º e 15/ de julho e 5 de agosto.

:: Amaro Abreu é o único brasileiro entre os 48 artistas visuais que participaram da Bienal de Arte de Rua de Moscou ::

Os murais têm o compromisso de divulgar a Plataforma Nacional pelo Direito à Cidade, do FNRU, e a Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, abordando temas como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, educação de qualidade e igualdade de gênero. As pinturas serão conduzidas pelo graffiteiro e arte educador, Guilherme da Silva.

O projeto começou a ser pensado em 2021, quando Da Silva pintou outros espaços nas ocupações em parceria com o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM). Em 2022, teve os primeiros esboços, através de oficinas ministradas no programa Mais Educa. Agora, através do recuarso deste edital, está iniciando uma caminhada que pretende expandir futuramente, inclusive com a participação de outros artistas.

União que faz a diferença

A Tenda do Encontro da Ocupação Justo, parceira do projeto, é uma rede comunitária coordenada pela Comunidade Missionária de Cristo Ressuscitado e moradores/as da ocupação. É um espaço de acolhida, acompanhamento e formação das famílias da Ocupação Justo no conhecimento e luta pelos seus direitos, atendendo especialmente as crianças, adolescentes e mulheres.


Projeto doi idealizado pelo coletivo Arte Trabalhadora em parceria com a Tenda do Encontro da Ocupação Justo / Foto: Divulgação

Atualmente, as atividades se desenvolvem em parceria com diferentes Secretarias do Município, com a Rede Solidária São Leo, a Unisinos, MNLM, Pastoral da Criança e outras instituições e voluntários/as.

Atuando desde 2019 na região do Vale dos Sinos (RS), o coletivo Arte Trabalhadora propõe-se a estar junto aos movimentos sociais populares, contribuindo na arte e comunicação. Um dos resultados esperados deste projeto também é fortalecer a unidade entre os movimentos sociais populares locais e divulgar para todo o município de São Leopoldo a potência das ações que ocorrem nos territórios ocupados.

Para Da Silva, as pinturas proporcionam aprendizados sobre as técnicas do muralismo e graffiti, bem como a valorização da cultura periférica e incentivo ao trabalho cooperativo. “Acreditamos que através da arte popular, toda uma comunidade pode ser sensibilizada para questões sociais importantes, que dizem respeito à garantia de direitos básicos de todos seres humanos”, afirma ele.

Iniciativas como esta já estão ocorrendo em diferentes periferias do mundo, modificando as paisagens e expressando as estéticas descentralizadas.


Edição: Marcelo Ferreira