Rio Grande do Sul

Jornadas de Junho

Seminário em Porto Alegre vai debater visões e impasses dos protestos de 2013 após uma década

Dois dias de debate acontecerão no Memorial Luiz Carlos Prestes, com entrada franca mediante inscrição

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“As manifestações de junho de 2013 marcaram o início de um impasse político no Brasil", afirma organizador do evento, o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) - Divulgação

A partir deste sexta-feira (30) tem início o seminário "Junho de 2013, dez anos depois: visões sobre o início de um impasse", a ser realizado no Memorial Luiz Carlos Prestes, em Porto Alegre. Promovido pelo mandato do deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) e a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF), o evento busca debater o movimento emblemático para o cenário político brasileiro no âmbito da memória, dos impactos sociais e dos aspectos urbanos envolvidos no tema do acesso à cidade e os desafios enfrentados após uma década.

“As manifestações de junho de 2013 marcaram o início de um impasse político no Brasil. Tanto uma crise do modelo de desenvolvimento econômico, social, cultural, em curso na década anterior, quanto a falência de um modo de regulação de conflitos que não incluía o elemento da participação popular como o fator decisório central”, expõe o deputado Matheus Gomes.

Conforme destaca o parlamentar, houve um retorno da luta de classes com todas as suas contradições. “De um lado, avanços políticos que a classe trabalhadora desenvolveu num primeiro momento com o aumento do seu grau de mobilização, e uma reação conservadora impiedosa por parte da burguesia que mobilizou a classe média e, inclusive, penetrou com as suas ideologias mais reacionárias, como é o caso do bolsonarismo, no interior da própria classe trabalhadora.”

Gomes entende que o impasse foi aberto e ainda não teve um desfecho final. "Certamente ainda a gente vive os efeitos de junho de 2013. Por isso que não nos cabe defendê-lo, nem rechaçá-lo, mas compreendê-lo. O seminário está a serviço disso", pontua. Segindo ele, estão convidados "à construir a reflexão" militantes, observadores da política, jornalistas, intelectuais, "pessoas interessadas em incidir sobre a realidade política do nosso país de peito aberto".

Debatedores

Para debater sobre o tema, o evento terá três mesas temáticas diferentes, que contará com as seguintes presenças: 

Vladimir Safatle – professor da USP, filósofo e psicanalista
Roberto Andrés – urbanista, professor da UFMG, autor de “A razão dos Centavos” (Zahar,
2023)
Carolina Freitas – mestra em planejamento urbano (USP), organizadora de “Junho de 2013 e os dez anos que abalaram o Brasil” (Usina, 2023)
Fernanda Melchionna – bibliotecária e deputada federal
Manuela d’Ávila – escritora e jornalista
Clarice Misoczky e Paula Motta - Instituto dos Arquitetos do Brasil/RS
Vera Guasso – sindicalista e militante do PSOL
Karen Santos – Vereadora de Porto Alegre e militante do Coletivo Alicerce
Luís Gustavo Ruwer – Mestrando em Sociologia, Federação Anarquista Gaúcha
Natália Szermeta – Presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (PSOL), advogada e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

A entrada é franca, mediante inscrição preenchendo formulário.

Programação

Sexta-feira (30)

18h - Abertura oficial
18h30 – Para além dos "centavos": as Jornadas de Junho e as revoltas pelo direito à cidade*
Roberto Andrés – urbanista, professor da UFMG, autor de “A razão dos Centavos” (Zahar, 2023)
Carolina Freitas – mestra em planejamento urbano (USP), organizadora de “Junho de 2013 e os dez anos que abalaram o Brasil” (Usina, 2023)
Fernanda Melchionna – bibliotecária e deputada federal
Manuela d’Ávila – escritora e jornalista

Sábado (1º)

14h – "Porto Alegre vai parar": a questão urbana e as lutas sociais na capital gaúcha
Clarice Misoczky e Paula Motta - Instituto dos Arquitetos do Brasil/RS
Vera Guasso – sindicalista e militante do PSOL
Karen Santos - Vereadora de Porto Alegre e militante do Coletivo Alicerce
Luís Gustavo Ruwer - Mestrando em Sociologia, Federação Anarquista Gaúcha

16h – Entre a revolta popular e a reação conservadora: os desafios da esquerda socialista pós-Junho de 2013
Vladimir Safatle – professor da USP, filósofo e psicanalista
Natália Szermeta - Presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (PSOL), advogada e militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Matheus Gomes – Historiador e deputado estadual


Edição: Marcelo Ferreira