Rio Grande do Sul

RISCO DE DESABAMENTO

Após denúncia do Simpa, prefeitura de Porto Alegre diz que interditará salas do Postão do IAPI

Sindicato afirma que problemas estruturais são relatados desde 2015 e que há falta vontade política para resolver

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Vistoria do sindicato encontrou fendas visíveis e paredes sob risco de desabamento - Foto: Divulgação/Simpa

Após vistoria realizada na manhã de terça-feira (4) pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) no Centro de Saúde IAPI, fruto de denúncia recebida pela entidade sobre más condições estruturais do prédio, a prefeitura da capital gaúcha anunciou a interdição de algumas áreas para reformas. O posto de saúde localizado na Zona Norte de Porto Alegre apresenta fendas visíveis, com algumas paredes sob risco de desabamento. Mesmo assim, salienta o sindicato, havia público em espera no local de maior perigo.

Apesar do anúncio da interdição parcial do prédio feito pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ter ocorrido pouco tempo depois da vistoria do sindicato, a iniciativa não foi mediada pelo sindicato. Conforme explica o diretor do Simpa, João Ezequiel da Silva, foi solicitada uma reunião emergencial para tratar do assunto, ainda sem retorno.

“Tentaram impedir a nossa entrada no posto, disseram que teria que ter autorização, mas quando vieram nos interpelar já estava no final a visita”, conta o diretor. Ele chama a atenção para o fato da nota da SMS sair logo depois da vistoria, sendo que o problema existe há anos. Ainda assim, entende que foi uma forma de pressionar.

As más condições foram encontradas nas áreas 10 e 11, no primeiro andar, que abrigam a Clínica da Família IAPI, e 18 e 19, no segundo andar, do Ambulatório de Especialidades. Conforme o sindicato, desde 2015 são relatados problemas com a estrutura física do prédio. Preocupado com a gravidade da situação, João Ezequiel reforça que “a situação é muito grave e não adianta esperar a tragédia para agir”.

“É assustador ver pessoalmente o estado do prédio, nos primeiro e segundo andares, imagina há uma espécie de marquise sem nenhuma coluna segurando ela, e ali ficam as cadeiras dos pacientes aguardando serem atendidos. Neste local tinham mais de 50 pessoas sentadas nesse local”, conta. “Há colunas que deveriam estar juntas e estão se afastando, o prédio está se separando. Tem locais que o piso já está inclinado para o lado da rua”, complementa.


Situação é grave, afirma o diretor do Simpa João Ezequiel / Foto: Divulgação/Simpa

Prefeitura garante que serviço não será afetado

O comunicado da SMS afirma que o local passará por requalificação, com foco na segurança de trabalhadores e pacientes. Os 50 profissionais que atuam nas áreas 10, 11, 18 e 19 devem ser realocados no próximo sábado (8), pare evitar restrição dos serviços. Ambos os departamentos prestam mais de 3,5 mil atendimentos por semana, diz a secretaria.

O secretário-adjunto da SMS, Cesar Sulzbach, explica que inicialmente haverá reforço de contenção das estruturas, com a elaboração de um laudo mais detalhado. “Essa é uma atitude preventiva focada diretamente na segurança dos nossos servidores e pacientes que são atendidos diariamente. Mesmo com interdição parcial de 42 salas, os serviços seguem normalmente”, reforça. Junto à equipe de engenharia da secretaria, a gestão estuda promover melhorias nos respectivos espaços.

João Ezequiel afirma que o sindicato segue aguardando o retorno sobre a reunião e está atento ao prazo de desocupação dos espaços anunciado pela SMS. Para ele, existe uma falta de vontade da gestão política com relação aos equipamento de saúde da cidade, que iniciou ainda no governo Marchezan (PSDB) e segue no governo Melo (MDB).

Estruturas "subutilizadas e abandonadas"

Construído na década de 1970, o Postão do IAPI, como é chamado, já foi uma das maiores unidades de saúde da América Latina. O Simpa avalia que “em uma região de grande demanda por atendimento, lamentavelmente, a estrutura é subutilizada e muitas áreas estão abandonadas”.

João Ezequiel destaca, por exemplo, que o espaço abrigava o Banco de Olhos, que desde a saída do serviço está sem utilidade e pode abrigar os trabalhadores realocados. Ele aponta ainda que o prédio também sediava agência do INSS, que abandonou o local devido às más condições estruturais.

No Centro de Saúde são realizados atendimentos na hora ou agendados, seja para consultas de rotina, para tratamento de novas doenças ou para problemas relacionados a doenças antigas. Os profissionais fazem encaminhamento para outros serviços, como realização de exames e consultas com outros especialistas.

O IAPI conta com farmácia distrital, vacinação para Covid-19 e gripe (Influenza), Centro de Especialidades Odontológicas, Equipe Especializada em Saúde Mental da Criança e do Adolescente, Equipe Especializada em Saúde Mental do Adulto, curativos especiais, ostomias, dispensação de fraldas, bloco cirúrgico, Serviço de Assistência Especializada (SAE) e Farmácia SAE, Centro de Reabilitação pós-Covid e Núcleo de Imunizações da Zona Norte.


Edição: Katia Marko