Rio Grande do Sul

FEIRA INTERNACIONAL

29ª Feicoop: celebração da Economia Solidária acontece neste final de semana

Evento tem início nesta sexta-feira (7) e segue até domingo (9) na cidade de Santa Maria, região Central do RS

Brasil de Fato | Porto Alegre |
As atividades que se estendem ao longo dos três dias do evento serão realizadas nos pavilhões do Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter
As atividades que se estendem ao longo dos três dias do evento serão realizadas nos pavilhões do Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter - Foto: Arquivo Feicoop

Os olhares do mundo se voltam a partir desta sexta-feira (7) até domingo (9) para a cidade de Santa Maria, na região Central do Rio Grande do Sul. É o período de realização da Feira Internacional de Cooperativismo e Economia Solidária (Feicoop), evento que chega a sua 29ª edição com passos firmes no horizonte da utopia, reafirmando os ideias do Fórum Social Mundial: um outro mundo é possível e uma outra economia já acontece.

As atividades que se estendem ao longo dos três dias do evento serão realizadas nos pavilhões do Centro de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, no espaço do Parque da Medianeira e imediações, irradiando através de eventos paralelos também para outros pontos da cidade.

A reportagem do Brasil de Fato RS conversou com o coordenador da comissão organizadora, José Carlos Peranconi, e com o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobon (PSDB), na véspera da abertura. Em pauta está a a expectativa para o evento e a condução dos últimos trabalhos antes da chegada das primeiras caravanas que vêm de outras regiões do RS, de outros estados e até mesmo do exterior.

“Nós estamos numa correria gostosa, onde a Feicoop já está acontecendo nestes dias que antecedem a abertura, todo mundo se movimentando, terminando a montagem das estruturas, fazendo os últimos ajustes, a programação central e a programação cultural já estão no site (ver links no final do texto)", aponta José Carlos.

"Faz parte do coração de Santa Maria"

“Estamos muito motivados para essa grande festa da Economia Solidária, o Brasil todo está mobilizado para vir para Santa Maria e nós estamos mobilizados para receber bem a todos da melhor forma possível. Estamos motivados e ansiosos”, acrescentou o coordenador, expressando gratidão a todos e todas que estão trabalhando voluntariamente para fazer a Feicoop acontecer.

“Temos certeza que com esse grande esforço coletivo de pessoas e organizações, nossa feira, nossa cidade e nosso estado vão dar a grande resposta que a Economia Solidária merece”, concluiu.

Pozzobon por sua vez demonstra satisfação pela cidade de Santa Maria ser reconhecida como a Capital Internacional da Economia Solidária neste período. “A nossa Feicoop faz parte do coração de Santa Maria, que por sua vez está no coração do Rio Grande, é para nós um evento extremamente importante.”

O prefeito mostrou-se alegre com a repercussão que o evento tem tomado e com a boa perspectiva de público que se projeta. Porém destacou que há aspectos mais importantes do que os números e mesmo o potencial de comercialização. “Este evento representa um momento de solidariedade, um momento de amor, de confraternização, é um momento onde se pega o trabalho e se transforma em amor, esse é o significado mais importante: solidariedade, trabalho e amor.”

Ele parabenizou e agradeceu a todos os envolvidos e garantiu aos visitantes que vem chegando de forma individual ou através das caravanas que Santa Maria está pronta para acolhê-los de forma muito calorosa.

Um espaço para sonhar um mundo melhor e trabalhar para alcançá-lo

A santamariense Sandra Squinzani Lopes, que ajuda a coordenar os projetos de economia solidária do Isntituto Cultural Padre Josimo – entidade que há muitos anos participa dos espaços e contribui com as ações de divulgação da Feicoop – afirma que o evento tem um simbolismo especial.

“É um grande momento de celebração da resistência, ainda mais após quatro anos de um governo que sucateou as políticas públicas e espalhou o ódio e a desinformação pelo país, os grupos de economia solidária e os movimentos sociais que representam a centralidade da Feicoop sofreram muito neste período e agora estamos nos reorganizando e nos fortalecendo, em espaços como este, para manter a luta e avançar na construção de um Brasil com justiça social, soberania alimentar e solidariedade”, diz.

O artesão bambuzeiro Pedro Marquezini, que há cinco anos participa da Feicoop, também enaltece o evento e sua força simbólica. “Representa um lugar ímpar de interação e diálogo com diversos atores engajados em temáticas afins, como o cooperativismo, o associativismo, a própria sociedade civil, as instituições, as organizações e as forças políticas.”

Para ele, além da grande circulação de pessoas e consequente resultado em vendas, que é já é uma marca do evento, é preciso ressaltar “o intercâmbio cultural entre municípios, estados e países, essa é uma característica que fica evidenciada na Feira, tornando esse espaço um verdadeiro patrimônio da Economia Solidária no país”.

Salete Carolo, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e organizadora do espaço já tradicional chamado “Túnel da Reforma Agrária”, aponta que a Feicoop é um espaço ideal para apresentar para a sociedade a visão do movimento, através da centralidade da produção de alimentos saudáveis. “O que nós trazemos para a Feicoop em termos de produção e de simbolismo é resultado de uma política de Estado que é a reforma agrária, é resultado da função social da terra, das relações políticas, socias e humanas que se estabelecem entre os seres e a natureza”.

Para a dirigente sem-terra, ali também se pode expressar e defender “um projeto de agricultura camponesa que tem suas bases na diversidade de produção, na agroecologia e sobretudo nas relações sociais de produção com base na coletividade e na cooperação, a partir da agricultura que nós sonhamos, vivenciamos e organizamos”. 

Rosiéle Ludke, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e integrante do grupo “Flor(e)Ser”, que todas as semanas vem do município de Paraíso do Sul até o espaço do Feirão Colonial (atividade semanal que deu origem à Feicoop) no projeto Esperança/Cooesperança, aponta que o evento representa  “um momento de encontro, de reencontro, de retomada, de confraternização, de abraço, de rever as pessoas que pensam e sonham um mundo diferente, solidário, com paz e igualdade, com justiça social, onde se pratique uma economia diferente, com preço justo, com a vida sendo colocada no centro”.

Segundo a agroecóloga, “é neste espaço de feira que a gente se reabastece dessa energia, dessa construção, dessa utopia que a cada passo que a gente dá ficamos mais próximos e próximas de alcançar uma sociedade do bem viver, com essa ética planetária da sociedade do bem viver que aprendemos e viemos reafirmando desde a realização do primeiro Fórum Social Mundial”.

Ela reforça o convite para que todos e todas que possam se deslocar até Santa Maria nos dias do evento que o façam para viver dias especiais de construção e conhecimento.

Confira a programação completa da Feicoop no site (https://cooesperanca.wixsite.com/novosite) e também pelos links: Atividades formativas e Mostra de cultura, arte e diversidade


Edição: Marcelo Ferreira