Rio Grande do Sul

CINEMA

Festival de Gramado premia curtas marcados pela diversidade

O vencedor da principal categoria do 20º Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema, melhor filme, foi Concha de Água Doce

Brasil de Fato | Gramado |
Foto coletiva dos realizadores premiados na Mostra Assembleia Legislativa - Foto: Edison Vara/AgênciaPressphoto

Em uma cerimônia iniciada com muitas reverências ao cinema negro gaúcho e troféus homenageando seus representantes, a premiação da Mostra Gaúcha de Curtas no Festival de Cinema de Gramado ocorreu na noite deste domingo (13), com transmissão ao vivo do Palácio dos Festivais pela TVE e TV Assembleia.

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O vencedor da principal categoria do 20º Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema, melhor filme, foi Concha de Água Doce, de Lau Azevedo e João Pires, sobre transição de gênero e aceitação familiar. O título também levou a distinção de melhor ator.

Outro preferido do júri foi O Tempo, da realizadora Ellen Correa, que ganhou roteiro e melhor trilha sonora. Igualmente, com dois prêmios, Colapso foi destacado pelas atuações femininas e pela direção de arte.

Os jurados ainda concederam Menção Honrosa a Rasgão, de Victor Di Marco e Márcio Picoli, por aliar a narrativa cinematográfica aos recursos de acessibilidade de uma forma inventiva, inovadora e criativa, contribuindo para a expansão da linguagem cinematográfica e apontando novos caminhos que podem ser utilizados nas mais diversas temáticas.

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E o prêmio da crítica - concedido por jornalistas da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS) – laureou Centenário da Minha Bisa, de Cristyelen Ambrozio, sob a justificativa de “partir de um lugar íntimo conjugando identidade e memória de maneira sensível quanto no conteúdo”. A cerimônia pode ser assistida no YouTube.

O troféu de melhor direção foi para Fernanda Reis e Gabriel Faccini, por Sabão Líquido, que é o único representante gaúcho na mostra de curtas brasileiros, já com exibição na noite desta segunda-feira (14), na sessão das 17h30min. Faccini destacou que seu filme fala sobre um assunto bastante sério, solidão e condições de trabalho violentas, reconhecidamente histórias no Rio Grande do Sul e no Brasil.

A obra mostra um homem que fala espanhol ser transportado ilegalmente para o interior do Rio Grande do Sul para trabalhar na falsificação de sabão líquido em uma espécie de trailer no meio do mato. Depois de dias em uma área rural erma, ele leva um grande susto e foge, quando descobre o resultado das eleições nacionais do Brasil em 2018.

Saiba mais sobre a programação no site do evento

Homenagens mais do que justas


Vera Lopes é a premiada da primeira edição do Troféu Sirmar Antunes, entregue pela Assembleia Legislativa do RS / Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

A noite de celebração começou com a entrega das homenagens do festival em âmbito estadual. A primeira edição do Troféu Sirmar Antunes, entregue pela Assembleia Legislativa do RS, foi para Vera Lopes. Atriz e autora de relevante atuação no teatro, cinema e cenário cultural do Rio Grande do Sul e do Brasil, que tem entre seus trabalhos produções como o curta-metragem O dia em que Dorival encarou a Guarda e os longas-metragens Netto Perde sua Alma e O Caso do Homem Errado. 

Vera lembrou a parceria de longa data com Sirmar Antunes na atuação e frisou a importância da criação do prêmio com seu nome, que é uma distinção de trajetória, e também agradeceu a todas as pessoas que fazem o festival.

O Prêmio Sedac/Iecine O Futuro Nos Une reconheceu três talentos do audiovisual que se destacaram no desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica: Valéria Barcellos, Glênio Póvoas e Jorge Henrique “Boca”. 

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Artista, cantora, atriz de teatro, televisão e cinema, Valéria abriu espaço para outras mulheres, principalmente por sua contribuição na visibilidade de mulheres trans. Ela ressaltou o fato da dificuldade de haver homenagens em vida e também por estar viva para recebê-la: “Poder ver meu nome ali na tela e nesta placa, e saber que ele não está numa lápide como tantas que eu represento”.


Valéria Barcellos é homenageada com o Prêmio Sedac/Iecine O Futuro Nos Une / Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto

Também premiado, Glênio Póvoas é reconhecido por sua dedicação e valorização à memória do cinema gaúcho. O terceiro homenageado, Jorge Henrique “Boca”, foi escolhido por sua dedicação através de gerações e por entregar excelência em imagens.   

Outra homenagem entregue na noite de domingo foi o Troféu Leonardo Machado, que destaca uma atriz ou ator que tenha prestado importante contribuição ao desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica local e brasileira. Nesta edição quem recebeu foi Clemente Viscaíno. 

Políticas públicas para o audiovisual


Representando a Assembleia Legislativa, a deputada Sofia Cavedon entregou o principal prêmio da noite / Foto: EdisonVara/AgênciaPressphoto

Presente na cerimônia da noite deste domingo (13), representando a Assembleia e entregando o principal prêmio da noite, a deputada Sofia Cavedon (PT-RS) preside atualmente a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia do Parlamento gaúcho. Ela esteve na abertura com a presença da ministra Margareth Menezes e acompanhou a exibição dos curtas do estado durante o fim de semana.

Nesta segunda-feira (14), às 14h, na Câmara de Vereadores de Gramado, a parlamentar será a anfitriã da audiência pública com o tema “O novo tempo para o audiovisual do RS e do Brasil, financiamento, perspectivas e desafios”.

Confira a lista dos curtas vencedores do 20º Prêmio Assembleia Legislativa

· Melhor Filme - “Concha de Água Doce”, de Lau Azevedo e João Pires

· Melhor Direção - Fernanda Reis e Gabriel Faccini, por “Sabão Líquido” 

· Melhor Ator - Aren Gallo, por “Concha de Água Doce”

· Melhor Atriz - Denizeli Cardoso e Gabriela Greco (esta última que também está no elenco de um longa gaúcho selecionado para a competição, *O Acidente”), por “Colapso”

· Melhor Roteiro - Ellen Correa, por “O Tempo” 

· Melhor Fotografia - Mari Moraga, por “Fiar o Vento”

· Melhor Montagem - André Berzagui, por “Messi” 

· Melhor Direção de Arte - Vanessa Rodrigues e Richard Tavares, por “Colapso” 

· Melhor Trilha Sonora - Gabriel Araújo, Nina Fola e Malyck Badu, por “O Tempo” 

· Melhor Desenho de Som - Ana Ambrosano e Mari do Prado, por “Carcinização”

· Melhor Produção Executiva - Pam Hauber e Edu Rabin, por “Nau” 

· Melhor Filme pelo Júri da Crítica (ACCIRS) - "Centenário da Minha Bisa", de Cristyelen Ambrozio


Edição: Katia Marko