As fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana de Porto Alegre e levaram à cheia histórica do Guaíba causaram diversos prejuízos à população. Soma-se a isso os problemas vividos desde o início de setembro em outras localidades do estado, como no Vale do Taquari, onde cidades foram arrasadas e lutam para se reconstruírem.
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Comunidades periféricas e em vulnerabilidade social estão entre as mais atingidas e pedem ajuda. O Brasil de Fato RS reuniu algumas iniciativas de solidariedade lançadas para amenizar os problemas vividos por aqueles que mais precisam.
Famílias pedem socorro no Morro da Cruz
No Morro da Cruz, periferia da zona Leste da capital gaúcha, há muitas pessoas desabrigadas por conta das chuvas. “É uma situação terrível”, afirma a presidenta do Coletivo Morro da Cruz, Lucia Scalco.
“Estamos toda hora sendo acessadas por pessoas pedindo lona, casas alagadas, sem telhas. Então resolvemos fazer algo emergencial. Negociamos com a madeireira lonas a R$ 50. Quem puder dar uma lona para uma família ajuda muito. Só a solidariedade ajuda nesse momento”, diz.
Moradora do Morro da Cruz há 10 anos, Valderez Falcão da Silva teve todas as telhas de sua casa destruídas com o temporal. "E já tinha gastado para colocar e agora não posso colocar de novo porque o salário que ganho é muito pouco o meu marido está encostado, ele fez uma cirurgia então recebe uma mixaria do INSS, dai não tem como", relata. Ela foi uma das beneficiadas com as lonas.
Para contribuir, faça um Pix para (CNPJ) 06037267/0001-30, em nome da Madeireira São José.
O coletivo também está recebendo doação de alimentos. De acordo com a entidade, há famílias que só tem farinha e arroz para comer. “Devido as chuvas as famílias não estão conseguindo sair de dentro de casa e as diaristas não estão indo trabalhar. Estamos pedindo para ver quem pode ajudar com cesta básica, alimentos”, apela Lucia.
Doações de alimentos podem ser deixadas na sede do Coletivo Morro da Cruz, rua Vidal de Negreiros, 1652 – Vila São José. Falar com a vice-presidenta da organização, Nira Pereira.
Centro de reciclagem alagado
As unidades de triagem de Porto Alegre também estão enfrentando dificuldades para operar. Além de muitas famílias estarem de baixo d’água e não conseguirem ir trabalhar, houve alagamentos nas cooperativas de reciclagem.
“Esses espaços estão na maioria alagados impossibilitando que as pessoas trabalhem. Muitas pessoas foram afetadas, teve gente que ontem precisou dormir na casa de parentes porque tinha entrado água. Então está bem complicado”, relata a assistente social e assessoria técnica Simone Pinheiro.
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De acordo com ela, o caso mais grave é na Cooperativa Mãos Unidas Aterro Norte. Situada na av. Severo Dullius, a unidade fica na continuação da pista que abriram para o aumento da área do aeroporto, com a remoção da Vila Dique.
Coordenador da cooperativa, Josué da Roza Moreira conta que o local está alagado há um mês. “Até então entrava caminhão e a gente conseguia trabalhar. Com a chuva de ontem não tem mais condições, a água entrou no prédio. Já falamos com todas as secretarias possíveis. Até agora não obtivemos retorno por causa do caos”, desabafa.
Simone conta que a unidade fica onde era o antigo aterro sanitário da cidade. “Imagina a quantidade de detritos que tem, com solo completamente contaminado. Fizeram uma unidade de triagem ali, construíram um galpão. Já era baixo o terreno e com a construção da rua ficou mais baixa ainda. Agora ficou completamente alagado. E não é só água, tem chorume ali”, relata.
Para a assistente social, é preciso ser feita uma drenagem dessa água. Contudo, ela chama a atenção que esse custo vai acabar caindo sobre a unidade, “uma cooperativa de catadores que tem recursos pífios repassados pelo DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana)”, ressalta. No momento 15 pessoas trabalham na cooperativa.
De acordo com Josué, diferente do que acontece em outras partes da cidade onde a água vai escoar, no local vai continuar alagado. “Aqui não tem para onde a água ir, a avenida foi construída ali e colocaram uma argila que não filtra a água. A solução é que eu vou ter que bombear essa água para cima da avenida. Estamos há dois dias sem receber carga, não entra caminhão para a gente comercializar o nosso material. Com isso não vamos ter a nossa renda e com risco de pegar doença”, afirma.
Doações podem ser levadas aos trabalhadores da Mãos Unidas Aterro da Norte na sede da cooperativa, rua Sérgio J. Dieterich s/n°, Bairro Sarandi. “Qualquer ajuda será bem vinda porque teve pessoas ali que tiveram as casas também afetadas pelo alagamento. Então se tiver alguma coisa de mantimentos, cobertores, sempre é bem-vindo”, afirma Simone.
Aldeia Cantagalo ilhada
Situação crítica também é vivida pela comunidade indígena Mbya Guarani da Aldeia Cantagalo, em Viamão. Conforme relata Jaime Vherá da Silva, as chuvas dos últimos dias impede que os moradores saiam para vender seus artesanatos.
“Há uma semana estamos passando dificuldades com essa chuva”, conta. Ainda, segundo ele, “também prejudica muito a questão das crianças não irem para a escola e, consequentemente, da alimentação. Alguns professores não estão vindo, a estrada está muito ruim, muita chuva, muito estrago. Estamos preocupados com isso”, desabafa.
Para apoiar os indígenas da Aldeia do Cantagalo, basta fazer um Pix para (telefone) 51997156085, em nome de Jaime Valdir da Silva. “Muita gente precisa de apoio, desse olhar. De repente se chove mais ou se dá essa ventania a situação piora”, diz ele.
Brigada no Vale do Taquari
Montada no município de Arroio do Meio, há aproximadamente 20 dias a cozinha solidária organizada pelo Conselho Estadual de Segurança Alimentar do Rio Grande do Sul (Consea-RS), Igreja Católica, voluntários locais e movimentos sociais como o MTST e o MAB tem feito o grandioso esforço de alimentar o povo atingido pelas enchentes no Vale do Taquari.
A Brigada de Solidariedade aos Atingidos pela Enchente já serviu mais de 20 mil refeições. E esse trabalho tem se espraiado, garantindo desde a semana passada a janta dos alojamentos de Arroio do Meio, que necessitam agora também de café da manhã e café da tarde.
Mais que saciar a fome de comida, o grupo está contribuindo com a escuta qualificada dos problemas da população atingida na região. Além de auxiliar na construção das pautas e na organização do povo para a garantia dos seus direitos.
Todo esse esforço é voluntário e financiado por doações e contribuições que têm chegado de todo o Brasil. Quem quiser contribuir com qualquer valor possível para a manutenção da Brigada de Solidariedade do Vale do Taquari, pode fazer um Pix para (CNPJ) 73316457/0001-83.
Edição: Katia Marko