Rio Grande do Sul

NOVEMBRO NEGRO

Petronilha Gonçalves e Silva recebe medalha da 56ª Legislatura da Assembleia Legislativa

A homenagem foi prestada a partir de uma proposição do mandato do deputado estadual Matheus Gomes (PSOL)

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A professora Petronilha foi homenageada por sua atuação na construção das bases da educação antirracista no Brasil - Foto: Celso Bender / ALRS

Na noite da quarta-feira (1) a Prof. Drª Petronilha Gonçalves e Silva foi homenageada com a medalha da 56ª Legislatura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A homenagem foi prestada a partir de uma proposição do mandato do deputado estadual Matheus Gomes (PSOL). A cerimônia aconteceu no Espaço da Convergência da AL-RS.

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A professora foi homenageada por sua atuação na construção das bases da educação antirracista no Brasil. Petronilha nasceu em 1940, na antiga Colônia Africana em Porto Alegre, onde hoje é o bairro Rio Branco. Formou-se em Letras pela Ufrgs, com licenciatura em Português e Francês, e como este percurso se aproxima da história da educação no estado gaúcho. Sua carreira iniciou ainda na década de 1960 nas salas de aula da rede pública de Porto Alegre, também lecionou na Ufrgs, PUCRS e na UFSCar.

Um legado na luta antirracista

Esta trajetória levou a sua indicação, pelo movimento negro, no Conselho Nacional de Educação, em 2002, onde atuou como relatora na comissão que elaborou o parecer que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (Lei nº 10639/2003). Essas diretrizes são as primeiras políticas públicas a garantir a implementação do ensino das questões raciais dentro das escolas. Já em 2006, a professora participou do processo de implementação das cotas na Universidade Federal de São Carlos, onde lecionava.

O movimento que obteve grande êxito é um marco no país, pois aconteceu seis anos antes da aprovação da Lei de Cotas, que só aconteceria em 2012. O legado de Petronilha é nacionalmente reconhecido por conta de suas contribuições não apenas para a educação, mas para a formação de uma sociedade antirracista.

Para o deputado Matheus Gomes, Petronilha personifica a luta de muitas gerações, especialmente de mulheres negras, em defesa de uma educação para as relações étnico raciais, que inclui a consolidação de legislações como as ações afirmativas no ensino superior, a Lei 11645/08 e a Lei 10639/03, da qual ela foi uma das responsáveis diretas. "Conceder homenagens para nós só tem sentido se estiverem acompanhadas de um significado coletivo, que reflita processos de luta para a democratização da nossa sociedade, especialmente para a comunidade negra que constitui a maioria desse país”, afirma.

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Petronilha agradeceu a homenagem lembrando algumas palavras ditas por sua mãe. "Reconhecimento é bom e eu gosto, se tiverem que fazer algo por mim que façam em vida", comentou. A homenageada também reforçou a construção coletiva que faz parte de sua trajetória compartilhando um provérbio africano. “Eu sou porque vocês são. Eu sou porque nós somos.”

A entrega da medalha para Petrolina aconteceu justamente no primeiro dia do Novembro Negro, em referência ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Neste mês a Bancada Negra da AL-RS pretende articular uma série de atividades que reflitam politicamente sobre o papel das pessoas negras na sociedade como agentes políticos de relevância. Em breve a programação detalhada será divulgada.

Dia da Consciência Negra

Em 20 de novembro de 1695 morreu Zumbi dos Palmares, um símbolo da resistência negra no Brasil. Em 1971, a data foi apropriada como uma forma de homenagear o líder do Quilombo dos Palmares e trazer visibilidade para o passado, o presente e o futuro da população negra no país.


Edição: Katia Marko