Rio Grande do Sul

ELEIÇÕES 2024

Vai ter mulher preta na Prefeitura de Porto Alegre!

Resposta a Manuela d'Ávila sobre a indicação dos nomes para concorrer à prefeitura da Capital

Brasil de Fato RS | Porto Alegre |
Pré-candidata a prefeita, Luciana Genro, presidente do PSOL Porto Alegre reeleito, Roberto Robaina, e pré-candidata a vice, Tamyres Filgueira - Foto: Bruna Porciúncula

Manuela, talvez por estar vivendo nos EUA, não conheça o processo de construção da renovação da esquerda e da afirmação da luta das mulheres negras, feministas, anticapitalistas e antirracistas em Porto Alegre. O PSOL, meu partido, partido de Marielle, está apostando nisso. Por isso, fui escolhida para compor a chapa com Luciana Genro, fundadora do partido. Por isso, a vereadora Karen Santos, a mais votada para a Câmara de Vereadores da Capital, apoiou minha indicação.

:: PSOL confirma pré-candidaturas de Luciana Genro e Tamyres Filgueira à prefeitura de Porto Alegre ::

Obtive 80% dos votos no congresso do PSOL de Porto Alegre, que reuniu cerca de 1,3 mil militantes. É um reconhecimento à minha trajetória. Estive à frente das principais lutas dos movimentos sociais nos últimos anos. Desde jovem, nas lutas de 2013 por transporte público. Também fui eleita a cipeira mais votada na Carris. À frente do Neabi da Ufrgs, fizemos, em plena pandemia, campanha contra a fome em apoio aos quilombos, aldeias indígenas e bairros periféricos. No movimento negro, na Assufrgs, estivemos junto a lideranças da Ufrgs conquistando a paridade e a destituição do reitor imposto por Bolsonaro.

Mas já estou acostumada, é sempre assim: quando uma mulher negra vem ocupar espaços de poder, vem uma avalanche de críticas infundadas. Mesmo no PSOL, enfrento críticas machistas de setores minoritários descontentes.

Manuela, aprendi com meu povo, comigo é papo reto. Se você diz que não está criticando Luciana e nem Maria do Rosário, você está criticando meu nome? Você acredita que para ser vice-prefeita de Porto Alegre tenho de ser parlamentar? Não posso ser uma liderança social? O que o Brasil precisa é mudar a correlação de forças sociais, para enfrentar os ataques da ultra direita à maioria da população.

Agradeço ao partido pela coragem de enfrentar esse desafio. Sim, sou uma mulher negra que veio da periferia e sigo trabalhando. Tenho uma família que passou tremendas dificuldades econômicas, mas não desisti nunca! Sei reconhecer quando se aposta e se apoia uma luta. Karen, quando se elegeu a vereadora mais votada, também foi uma maravilhosa surpresa. O PSOL acredita que continuará produzindo surpresas positivas.

Falar que o PSOL esqueceu das lideranças negras, me ofende. Dizer que o PSOL não quer unir a esquerda é afirmação de quem não está acompanhando de perto a política da cidade. É para isso que estamos trabalhando. E Luciana já me disse diversas vezes que abre mão tranquilamente da sua candidatura e se sente representada por mim na unidade, mas isso se o programa for construído e se mostrar um programa e uma campanha com a cara do PSOL e da mudança.

Estou, como sempre, pronta pra luta. Espero contar com o apoio de todos aqueles que estão no dia a dia do povo, vendo de perto as dificuldades e preocupados em debater propostas para resolver os problemas reais da cidade.

* Pré-candidata a vice-prefeita de Porto Alegre pelo PSOL

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato. 


Edição: Marcelo Ferreira