Rio Grande do Sul

EFEITO PANDEMIA

Sequelas da covid, migração para o SUS, falta de cuidados: O que explica emergências lotadas?

Gestor da prefeitura diz que população precisa criar a rotina de cuidar da saúde para diminuir o risco de crise

Sul 21 |
Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul opera nesta quarta (27) com 277% da sua capacidade - Foto: Caroline Ferraz/Sul21

O dashboard da Prefeitura de Porto Alegre que monitora a lotação das emergências hospitalares e pronto atendimentos mostra a ocupação média de leitos pouco abaixo de 150% nesta quinta-feira (27), um dos últimos dias do ano de 2023. Embora o dado possa assustar quem não está acostumado com o dia-a-dia do entra e sai numa emergência, a situação não chega a preocupar Paulo Bobek, coordenador de emergências da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Às 18h, por exemplo, o Hospital das Clínicas apresentava 189% de ocupação na emergência adulto; o Instituto de Cardiologia, 178%; a Santa Casa, 157%, e o Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro, 187% de ocupação na emergência. As taxas mais altas estão no Hospital da Restinga, com 205%; no Pronto Atendimento da Bom Jesus, com 214%; e no Pronto Atendimento da Cruzeiro do Sul, com 277%.

De todos, apenas o PA da Cruzeiro do Sul ultrapassa, no momento, os 250%, número que acende o alerta nos gestores da saúde da Capital. Os motivos para a alta ocupação das emergências neste final de ano são variados. Bobek lembra que as sequelas da covid-19 são uma questão, aliada com a parcela da população que perdeu renda durante a pandemia e cancelou plano privado de saúde, migrando então para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Acima de tudo, ele ressalta que as cidades da região metropolitana não estão dando conta dos atendimentos de média complexidade. Na Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar, na zona norte, 25% dos pacientes não são de Porto Alegre. A crise do Instituto de Cardiologia, pondera Bobek, também influencia no cenário, ainda mais considerando que a mesma mantenedora privada controla hospitais em Cachoeirinha e Alvorada, que também passam por dificuldades de atendimento.

O coordenador de emergências da Prefeitura destaca ainda um outro elemento que considera importante: a falta de hábito das pessoas em se cuidarem ao longo do ano com acompanhamento das equipes da Atenção Primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). É esse vínculo, com orientação no estilo de vida, como tabagismo e obesidade, que pode evitar o surgimento da crise que demanda a ida pra emergência.

“Os serviços têm vocações diferentes e as pessoas não têm paciência pra esse planejamento. As pessoas precisam ter cuidado ao longo da vida, fazer a gestão da saúde junto com as equipes da Atenção Primária. É diferente do trabalho da SAMU, que faz a intervenção na situação imediata”, explica Paulo Bobek.

Na rotina das emergências monitoradas, ele comenta que os dados oscilam ao longo do dia e apenas uma pequena parcela dos pacientes ficam para serem internados. O coordenador de emergências da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirma que nestes casos, se ainda houver dificuldade de leito, a Prefeitura tem condições de agir para providenciar a remoção do paciente para outro local.

Com as festas de final de ano, Bobek diz que a Prefeitura preparou uma operação na Orla do Guaíba, nas proximidades da Usina do Gasômetro, onde haverá a celebração de réveillon. Cinco ambulâncias e um posto de atendimento estarão no local na noite de domingo (31) para atender intercorrências típicas de festas.

Na zona Sul, a previsão de público devido à boa balneabilidade da praia do Lami fez o governo municipal decidir por abrir a Unidade de Saúde do bairro no sábado (30) e domingo (31), das 10h às 19h.   

Edição: Sul 21