Rio Grande do Sul

ENERGIA

Apagão em Porto Alegre tem relação direta com venda da CEEE-D

Em 2021 reportagem do Brasil de Fato RS alertava que debandada de técnicos na ex-CEEE iria provocar um verão de apagões

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Técnicos da Equatorial chegando no aeroporto - Reprodução de vídeo

Mais de 48 horas depois do temporal na noite de terça-feira (16) que causou grande destruição em Porto Alegre e deixou a população sem água e sem luz, a Equatorial CEEE divulgou um vídeo motivacional anunciando a chegada de reforços técnicos de outras empresas do grupo sediadas no Norte e Centro do país. Ao mesmo tempo a empresa divulgava nota dizendo que no sábado (20) a situação retornaria ao normal.  

:: Porto Alegre decreta situação de emergência após temporal de terça-feira (16) ::

Os deputados estaduais Matheus Gomes (PSOL) e Laura Sito (PT) utilizaram o X (antigo twitter) para criticar a situação apresentando-a como prova dos malefícios da privatização da CEEE-D. O jornalista Juremir Machado também ironizou no X: contou que perguntou a um dos trabalhadores da Equatorial a que horas a luz voltaria ao seu bairro, o Bom Fim, e a resposta foi “não sei". Ele voltou a perguntar “não sabe a que horas volta a luz?" E o rapaz respondeu: "não sei onde é o Bom Fim”.

Esta situação foi prevista em matéria divulgada pelo Brasil de Fato RS, ainda em 2021. Os gaúchos precisam se preparar para uma ameaça que vai chegar com o verão: os apagões. “Existe uma possibilidade de 90% (de quedas de energia). Se tivermos aquele calorão esperado e pessoal sem treinamento adequado, vários municípios correm um sério risco.” Quem avisou foi a ex-presidenta do Sindicato dos Eletricitários (Senergisul), Ana Maria Spadari. O gatilho dos blecautes previstos seria o abandono da companhia por quase mil funcionários, entre eles muitos técnicos.

:: Debandada de técnicos na ex-CEEE pode provocar um verão de apagões ::

Seria consequência das decisões tomadas pelo Grupo Equatorial Energia, que comprou a antiga CEEE-Distribuidora no simbólico dia 31 de março de 2021. Controlada pelo bilionário Jorge Paulo Lemann, segundo homem mais rico do país com um patrimônio estimado em R$ 94 bilhões, segundo o Top Ten da revista Forbes, a empresa possui largo currículo de apagões no Norte do país, entre os quais um de quatro dias em Teresina, no Piauí, e também no Pará e em Alagoas. Conforme o site da ANEEL, no ranking de empresas distribuidoras de energia, classificadas por indicadores técnicos, a Equatorial CEEE é a pior do país, seguida pela Equatorial de Goiás e Equatorial do Maranhão.

Veja aqui a matéria na íntegra.

Abaixo-assinado pela reestatização da CEEE

A Associação das Pessoas Atingidas pelas Mudanças Climáticas (AMAC) lançou um abaixo-assinado reivindicando a reestatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). "O povo gaúcho é um povo aguerrido e não irá aceitar tamanho descaso. Também chega a hora de batermos de frente contra o entreguismo realizado por governos neoliberais que cada vez mais lavam às mãos para a responsabilidade que o poder público deve ter", justifica o texto.

O abaixo-assinado pode ser acessado aqui.

Protestos em 25 comunidades da Capital

Conforme o comandante do Policiamento da Capital da Brigada Militar, coronel Luciano Moritz, em cerca de 25 pontos da cidade houve protestos populares contra a falta de energia elétrica na quinta-feira (18). Embora a BM não tenha informado os locais, alguns deles foram localizados pelos repórteres das rádios locais: Santana, Cristal, Restinga, Cruzeiro, AJ Renner. No Barro Vermelho, na Restinga, as pessoas colocaram fogo em troncos de árvores caídas e móveis destruídos pelo vendaval para parar o trânsito e chamar a atenção da população e das autoridades.

Também está sendo convocada uma manifestação das comunidades atingidas nesta sexta-feira (19), a partir das 17h, na frente da Prefeitura de Porto Alegre. A população pretende conversar diretamente com o prefeito Sebastião Melo.


Protesto foi convocada para a frente da Prefeitura de Porto Alegre / Divulgação


Edição: Katia Marko