Rio Grande do Sul

SAÚDE PÚBLICA

Prefeitura de São Leopoldo inaugura primeiro ambulatório voltado para a população LGBT+

O objetivo é ampliar o acesso da população LGBT+ aos diferentes pontos de atenção à saúde e da rede intersetorial

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Participaram do ato a Miss Universo Trans Luanna Isabelly, que foi escolhida simbolicamente madrinha do ambulatório; e, as vereadoras Ana Affonso e Jussara Lanfermann - Foto: Thales Ferreira

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro, São Leopoldo inaugurou o primeiro ambulatório LGBT+ do município, que funcionará na Unidade Básica da Saúde (UBS) Campina.

O espaço abrange atividades de educação em saúde e educação permanente, além do cuidado integral direcionado para as necessidades do grupo. O objetivo é ampliar o acesso da população LGBT+ aos diferentes pontos de atenção à saúde e da rede intersetorial, garantindo o respeito às pessoas e o acolhimento com qualidade e resolução de suas demandas.

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“Desde que entramos na prefeitura, trabalhamos pela inclusão social e distribuição de renda. Hoje estamos protegendo a população LGBT+ por ser uma das principais vítimas do ódio e preconceito. Estamos construindo políticas permanentes que servem de inspiração para toda região”, destacou o prefeito Ary Vanazzi na solenidade de entrega, realizada em frente a unidade.

O novo espaço é composto por profissionais da Psiquiatria, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, com apoio da equipe da UBS Campina. O atendimento ocorre das 13h às 19h.

Já a secretária da Saúde, Andréia Nunes, abordou sobre o papel de um espaço como este no combate à discriminação e a busca de igualdade no SUS. 

“A gente sabe quantas vidas o preconceito custa. Essa inauguração quer dizer que pensamos a cidade como um todo. É a garantia dos direitos de quem precisa ter os seus direitos garantidos. Em especial, o acesso ao SUS. Trata-se de uma mudança de mentalidade. Começando pelo uso do nome social, uma das primeiras medidas que tomei logo quando comecei como secretária. É um novo ordenamento de políticas. Estamos reeducando a sociedade para lidar com as diferenças, com as especificidades, trazendo a pauta para o debate. Que cada vez mais possamos firmar políticas em busca da equidade no atendimento”, frisou.

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A ideia foi reforçada pela secretária de Direitos Humanos, Nadir Maria de Jesus. “É um momento de reparação histórica de todas as comunidades que ao longo dos anos sofreram discriminação. Foi um projeto construído a várias mãos, pensado desde 2021 quando estava na Câmara de Vereadores, e que temos orgulho de fazer parte”, ressaltou.

Respeito foi a palavra mais repetida no ato. Militante histórico da bandeira LGBTQIAP+, o ouvidor da Prefeitura Daniel Passaglia tratou a implantação do serviço como um passo histórico. “O ambulatório é um direito nosso, uma conquista nossa. Simboliza nossa emancipação, nosso reconhecimento e a garantia de nossos direitos”, destacou o ouvidor, que também é ativista. 

Como funciona

O projeto piloto da Campina servirá como o início de um mapeamento da população e suas principais demandas. “Para quem chegar na recepção e solicitar o serviço, haverá um acolhimento direcionado. O ingresso no serviço será por demanda espontânea. Além disso, vamos incentivar ações intersetoriais e que levem em conta diferentes ciclos de vida, pertencimento racial e de classe social”, destacou a psicóloga Alessandra Miron, que foi apresentada no ato juntamente com o assistente social Emerson Fontineli. Ambos já iniciaram a atuação na UBS Campina.

Serão ofertados atendimento individual e em grupo, domiciliar, atividades, coletivas, apoio matricial, articulação das redes de cuidado, cuidado compartilhado com serviços especializados da rede e encaminhamento para consultas, construção de projetos terapêuticos e intervenções no território.


Edição: Katia Marko