Rio Grande do Sul

RECONHECIMENTO

Jurema Finamour: a jornalista silenciada, de Christa Berger, recebe o Prêmio Açorianos de Literatura

Os vencedores foram anunciados na noite desta terça-feira (2), em cerimônia no Teatro Renascença

Brasil de Fato | Porto Alegre |
“Jurema Finamour de silenciada, apagada e esquecida passa a ser bem falada”, ressalta Christa Berger - Foto: Marco Nedeff

A entrega do Prêmio Açorianos de Literatura 2023, na noite desta terça-feira (2), trouxe gratas surpresas. Entre elas, o prêmio na Categoria Especial para a biografia “Jurema Finamour: a jornalista silenciada”, de Christa Berger, pela Editora Libretos. Há um ano, no dia 1 de abril de 2023, o Brasil de Fato RS lançou a entrevista “Comunista e feminista, Jurema Finamour 'foi mulher à frente do seu tempo', diz biógrafa”, com a escritora.

:: Comunista e feminista, Jurema Finamour 'foi mulher à frente do seu tempo', diz biógrafa ::

“Estou muito contente por ter recebido o Prêmio Açorianos de Literatura na categoria livro especial. O prêmio tem longa história e vem cumprindo a nobre função de dar visibilidade à produção literária do RS. A cerimônia de entrega foi emocionante. Desde o início com leitura de poemas de Drummond e Mario Quintana”, destaca Christa.

Segundo ela, o prêmio foi dedicado à Jurema Finamour. “Ela, que há 60 anos, nesses dias buscava refúgio em casa de amigos, pois a polícia a buscava, e que escreveu tantos livros. Teve uma vida intelectual ativa nos anos 1940 e 1950, foi apagada da história que preserva uma memória sexista. Escrita pelos homens, mulheres com idêntica produção e importância histórica não mereceram registro.”

A escritora dedicou-se, ao longo de quatro anos, na pesquisa e na escrita do livro. A obra apresenta Jurema ao público: jornalista, romancista, escritora, viajante, feminista, cozinheira de mão cheia. Uma figura que viajou pelo mundo, tendo realizado os primeiros livros-reportagem no Brasil sobre a União Soviética, a China, a Coreia e Cuba.

Christa acredita que seu livro, agora reforçado pelo prêmio, contribui para completar a história recente do Brasil. “Jurema Finamour de silenciada, apagada e esquecida passa a ser bem falada.”

Liberdade foi escolhido o livro do ano

O Livro do Ano foi “Liberdade”, do Coletivo As Dramaturgas, que também venceu na categoria Dramaturgia. Seis escritores receberam homenagem especial: Rafael Guimaraens, Maria Eunice Moreira, José Hildebrando Dacanal, Zaffari/Luiz Coronel, Luciano Alabarse e Arthur de Faria. Também foram premiadas obras em nove categorias literárias. 

Os troféus Açorianos de Literatura, criados pelo artista plástico Xico Stockinger, ficaram nas mãos dos autores das melhores obras:

Categoria Infantil - Diário das coisas impossíveis, de Paula Schiavon, Editora Livros da Matriz

Categoria Infantojuvenil - A curiosa loja dos objetos incompletos, de Claudia Sepé, Editora Boaventura

Categoria Dramaturgia - Liberdade, do Coletivo As Dramaturgas, Editora Concha

Categoria Crônica - Wolfsegg, Rio Grande do Sul, de Luiz Maurício Azevedo, Editora Figura de Linguagem

Categoria Conto - Língua da medusa, de Gabriela Leal, Editora Zouk

Categoria Ensaio de Literatura e Humanidades - Um itinerário íntimo pela psicanálise lacaniana, de Luciano Mattuella, Editora Zouk

Categoria Especial - Jurema Finamour: a jornalista silenciada, de Christa Berger, Editora Libretos

Categoria Narrativa Longa - A mulher que atravessa a ponte, de Ana Cardoso, Editora Zouk

Categoria Poesia - As montanhas seguem lá, de Giulia Barão, Editora Urutau


Edição: Marcelo Ferreira